Desobvializei

Fui convidada para assistir a um festival de música, aquele que estava doida para ir, afinal era tudo novo e todos ao meu redor só falavam sobre.

Ingressos nas mãos, tudo certo. O espetáculo vai começar, dois dias de: senta na plateia que o primeiro sinal tocou, só que aqui, os celulares não desligam, as câmeras são bem vindas e acredite, até o ruim e velho cigarro pode ser aceso sem censura. Segundo sinal, se acomode, e relaxe porque o terceiro sinal vai tocar em três minutos. peeeeeeeeennn.

As cortinas se abrem, o espetáculo começou.

Uhulll, Lolapaloozaaa2017 eu vou, eu vim, eu fui!

Abre aspas para um contexto histórico “MERDA!”

No teatro antigo, merda era utilizada na linguagem entre artistas de teatro para desejar boa-sorte antes da entrada em cena. A expressão nasceu da língua francesa, merde, no século XIX pelo fato de o público ter acesso à casa teatral por meio de carruagens a cavalos que, muitas vezes, amontoavam fezes em suas entradas; com ironia, a expressão correlacionava o fato de haver “muita merda” na entrada do teatro ao desejo de se ter também “muita sorte” em cena.

Elementos fundamentais para uma boa trama, cenas fortes e marcantes:

Luz/holofotes/ iluminador — contra-regra — plateia — entusiasmo por meio de quem assiste e vive, personagens, cenografia, na coxia.

Tente ler a frase abaixo sem pausar:(a viagem irá te ajudar a sentir o desespero causado pela pressa.)

É inusitado refletir o quanto vira uma questão de honra e prioridade parar tudo o que esta fazendo para entender um festival com mais de 190 artistas funcionando em dois dias e que musicas estilos e roupas devem ser consideradas adequadas e ok afinal “Adapte-se ou morra!”

ex: você quer estar ali, você não pode perder o “melhor show” ‘e uma decisão, e abdicar e não estar por dentro de tudo e uma dor. Mas espere! lide com a sua ansiedade, você não vai morrer agora!

#Fomo — tradução: medo de estar perdendo algo

Na geração do óbvio, o convite ao desafio foi feito. #challengeaccepted.

A gente se esforça e se joga pra viver com tudo esse espetáculo musical.

#Desobvialize

Entre expectativas e realidade, seguem as cenas que marcaram o festival:

O show que decepciona; o vocalista que não dá discurso, aquele show que você não tinha nenhuma expectativa e é surpreendente ; a chuva que te pega de surpresa; desencontros; brigas, conseguir reunir a galera e assistir ao show; a chuva se transforma numa coisa boa e vem para lavar a alma; gole da cerveja gelada; um beijo apaixonado; depois daquela fila conseguir fazer seu xixi…

Antes qua as cortinas se fechem, precisamos abandonar o nosso egocentrismo, e constatar que o cantor só esta lá por causa do fã, a blogueira está lá por causa dos seguidores, o jovem só esta lá, porque teve um adulto que o apoia e o banca, que eu só estou aqui, porque você me lê.

Por trás de cada tela, existe uma audiência. Aprendi isso com o meu tamagotchi, quem sabe sente, tipo: regue sua plantinha se não quiser que ela morra.

Crítica teatral: repetimos os padrões dentro dos nossos próprios grupos. Mas somos todos diferentes, e ao mesmo tempo iguais, a gente tem as mesmas necessidades no final das contas, sabe? Somos estranhos, esquisitos. O que é estranho pra você, pode não ser pra mim. E ta tudo bem ser assim. afinal…

aplausos, clap, clap, clap, (todos de pé).