Hellblade: Senua's Sacrifice e seus distúrbios de psicose

Bruno Dias
Estranhos
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4 min readAug 9, 2017

Se você nunca ouviu falar desse jogo, que no momento está sendo a sensação / controvérsia do momento, reserve um curto período de tempo pra ler este texto. Vai valer a pena.

Hellblade: Senua's Sacrifice é um jogo que foi lançado dia 08/08/2017 pela Steam e para PS4 pela Ninja Theory, a mesma desenvolvedora de DmC: Devil May Cry, Heavenly Sword e Enslaved. Nele, seguimos a história de Senua, uma guerreira celta que viaja até o reino de Hel (o submundo, ou lar dos mortos, da mitologia nórdica) após uma invasão Viking para re-encontrar a alma de seu amado, que foi morto na invasão. O grande lance aqui é que Senua desenvolveu psicose severa por trauma e ouve constantemente vozes que a atormentam o tempo inteiro durante a sua jornada por Hel, que é a manifestação da psicose e de uma mente deturpada na sua realidade.

Impressionantes gráficos de altíssima qualidade ajudam a imersão nessa experiência única.

O jogo, apesar de curto (são apenas 8h de gameplay, de acordo com as notícias), tem uma narrativa bem imersiva e transporta o jogador pra dentro da mente de uma pessoa com um trauma severo e um tópico bastante delicado, sem entrar em estereótipos. Ele não dispõe de um HUD e não tem tutorial, logo você controla a personagem e aprende os controles conforme for jogando, o que era muito feito em jogos de antigamente. A jogabilidade lembra bastante o de jogos como os já citados Heavenly Sword e DmC, portanto espere um jogo com movimentos rápidos e um sistema de combate bem fluido, pra jogador nenhum botar defeito.

Os gráficos são incrivelmente bem detalhados, incluindo a belíssima Senua, os seus aterradores inimigos e toda a distorcida e decadente realidade que a cerca. O pessoal da Ninja Theory realmente não mediu esforços em fazer uma experiência única e lindíssima para este jogo. Deixo inclusive um dos vídeos do diário de desenvolvimento do jogo, que vale muito a pena para conferir por fins de curiosidade e de estudo.

Eis uma visão nada bonita.

Porém, nem tudo são flores. Aparentemente um dos grandes chamarizes de Hellblade foi a implementação de um sistema já conhecido por jogadores, chamado de “permanent death”, o famoso “permadeath”, alvo de muitas críticas também, por conta de vários jogadores. O jogo prometia apagar seu save caso a mancha preta que crescia a cada morte no jogo alcançasse a cabeça de Senua. No fim das contas, infelizmente descobriram que o sistema de permadeath não funcionava e foi um blefe. Mesmo assim a proposta do game não deixa de ser interessante e cativante.

À esquerda, Senua como vista em Hellblade. À direita, a atriz Melina Juergens, também editora de vídeo do estúdio.

A personagem principal, Senua, não é uma típica heroína. Ela não está só lutando por sua sobrevivência mas também por sua sanidade. As vozes em sua cabeça são oriundas de sua severa psicose e aparentemente a mancha em seu braço é um simbolismo de sua insanidade tomando conta de seu corpo e de sua psique. O significado desta mancha alcançar o cérebro seria a de perder a luta para sua psicose e sua sanidade ser destruída no processo. A personagem se torna muito mais profunda devido a este detalhe e toda a atenção dos desenvolvedores que foram colocados na caracterização da mesma.

"Cadê você?"

Sendo bem sincero, ainda não tive a oportunidade de jogar esta beldade, mas já estou com as mãos coçando raivosamente pra isso. Portanto, não me julguem, já que estou falando com base em todos os artigos, vídeos de gameplay e tópicos que li sobre o jogo. Assim que eu tiver a oportunidade de jogar e terminar a minha viagem nos cantos mais obscuros da mente de Senua, tenham certeza que eu falarei mais a respeito por aqui. Por hora, fica aqui minha imensa vontade de colocar as mãos nessa pérola da 10ª Arte e minha mais profunda admiração pelo estupendo e surpreendente trabalho de 13 pessoas do time da Ninja Theory.

P.s.: Caso tenham interesse, este vídeo é um mini-documentário sobre as psicoses que Senua enfrenta ao longo do jogo e de como é o tratamento de pessoas com essa doença na vida real (ALERTA: TEM SPOILERS, ASSISTA POR SUA CONTA E RISCO).

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Bruno Dias
Estranhos

Desenvolvedor web há mais de 10 anos, amante de tecnologia, jogos, Cyberpunk, além de produtor musical e escritor nas horas vagas.