O Iceberg das Estruturas Libertadoras
Aplicações acima e abaixo da linha d’água, por Keith McCandless
Estruturas Libertadoras (EL) são cheias de surpresas. Os usuários estão colocando em prática as EL de maneiras inesperadas e encantadoras. Abaixo, exploramos três níveis primários de uso e suas implicações para o desenvolvimento futuro.
- Ferramentas Práticas-Lúdicas: O primeiro nível está claramente acima da linha d‘água. As EL são um conjunto de ferramentas seriamente divertidas que geram engajamento criativo e resultados práticos em reuniões.
Novos usuários aplicam imediatamente uma ou algumas EL para melhorar reuniões de todo tipo. Objetivos importantes incluem gerar mais engajamento criativo, inclusão, liberdade, agilidade e responsabilidade. Porque as EL são fáceis de aprender e as reuniões são frequentes, os usuários podem facilmente expandir e refinar sua ‘caixa de ferramentas’. As aplicações podem ter início em reuniões realizadas diariamente, semanalmente, trimestralmente ou anualmente. Os atributos práticos e lúdicos das EL geram entusiasmo e as ferramentas começam a se espalhar entre os membros do grupo e entre as organizações.
2. Repertório com Princípios: O segundo nível está acima e abaixo da linha d’água. À medida em que as EL são introduzidos no trabalho ou nas atividades cotidianas, elas começam a substituir os padrões convencionais em um nível mais profundo. Novos hábitos e padrões começam a se formar.
Além da aplicação de ferramentas individuais, o uso rotineiro do repertório de EL em todos os níveis possibilita uma mudança cultural sutil. Mais inclusão, liberdade e responsabilidade tornam-se parte da vida organizacional cotidiana. Com mais experiência e comprovada a eficácia das EL, os usuários abrem caminho para um pensamento mais robusto e livre sobre o que é possível.
Por exemplo, incoerências persistentes entre o que é dito e o que foi feito podem desaparecer. O que antes parecia ser da boca pra fora — “nós abraçamos a inclusão, a diversidade e a equanimidade” — pode assumir uma forma mais concreta quando se torna rotineiro incluir todas as vozes nas reuniões, projetos e planejamento. Os 10 Princípios das EL começam a fazer mais sentido como uma maneira de orientar e avaliar o comportamento. O repertório e os Princípios se fundem em “como fazemos as coisas por aqui”. Abaixo da linha… e, abracadabra, uma transformação começou a acontecer.
3. DNA inventivo: O terceiro nível é principalmente abaixo da linha de água. Um menor número de usuários notam imediatamente que as cinco micro-estruturas de design por debaixo de cada EL podem ser recombinadas infinitamente.
Os cinco elementos de design — formulando convites, distribuindo participação, configurando grupos, organizando espaço, sequenciando as etapas e tempos — funcionam como um DNA cultural. Eles podem ser embaralhados e re-embaralhados para combinações em EL existentes e para inventar uma Estrutura inteiramente nova. Produtivas combinações das EL são compartilhados pelos usuários todos os dias no Slack, LinkedIn, Facebook e Twitter.
Usuários experientes começaram a brincar de forma criativa com os elementos de design para necessidades não atendidas — desafios e metas não abordadas pelo atual repertório de EL. Por exemplo, Griefwalking (uma nova Estrutura) está sendo prototipada para ajudar as pessoas a viver o luto e começar a reconstruir após uma perda ou transição. Talking with Pixies está sendo prototipada para identificar suposições e crenças que podem limitar seu progresso. Strategy Knotworking é desenhada para desenvolver estratégias que sejam apropriadas e operadas por todos os envolvidos. Os desenvolvedores estão ganhando confiança de que o DNA das EL pode ser aplicado de forma produtiva aos nossos desafios mais emaranhados.
Bem Mais Abaixo da Linha D‘água
Os usuários adaptam as micro-estruturas das EL ao seu próprio contexto e prática. Aplicações no trabalho, em casa ou em ambientes comunitários são “sempre e nunca o mesmo”. Um mesmo padrão micro-estrutural pode ser repetido e gerar resultados locais únicos. O mais surpreendente é o grau em que os indivíduos aplicam EL aos seus esforços de autodesenvolvimento. Por exemplo, usar o Ecocycle para traçar seus compromissos pessoais ou relacionamentos pode dar ideias para ação imediata.
Para um aluno, EL modelam aulas mobilizadoras e envolventes. Para um professor, EL são métodos para inverter a sala de aula (flipped classroom). Para um líder de negócios, EL são formas criativas de inovar e gerenciar de maneira produtiva. Para um indivíduo, as EL potencializam a própria capacidade criativa.
Uma variedade liberada sem fim à vista.
Esta é uma tradução realizada por Fernando Loureiro autorizada pelo autor. Acesse aqui o artigo original em inglês.
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Keith McCandless é o co-desenvolvedor da Estruturas Libertadoras (Liberating Structures) e co-autor do livro The Surprising Power of Liberating Structures: Simple Rules to Unleash A Culture of Innovation (2013).