Conscientize o uso de tecnologias por meio das aulas de Língua Portuguesa

Entender como interligar a tecnologia com aulas, principalmente as de Língua Portuguesa, faz toda a diferença para o desempenho e relevância do conteúdo aos olhos dos alunos. Quer entender como fazer isso? Acesse!

Eduarda Barbieri
Estuda.com
6 min readApr 13, 2018

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Diante do boom da tecnologia, que vem se desenvolvendo em ampla escala, uma reflexão fica necessária: se atualizar, ter formação continuada, é imprescindível em qualquer profissão ou área da educação. Como isto pode interferir no ambiente escolar? Velho chavão: “tecnologia: vilã ou mocinha?”. Neste artigo, veremos como o avanço tecnológico pode se aliar ao exercício da docência dos professores de Língua Portuguesa. Isso porque, na escola, é necessário que haja diálogo entre o máximo possível de professores, para que os alunos sejam capazes de abarcar com mais proveito os assuntos e disciplinas ofertadas. Já que nos referimos a um ambiente onde diversas áreas do conhecimento transitam, diversas histórias e classes sociais conversam, diversas políticas e perspectivas muito próprias de cada sujeito atuante neste palco educativo se configuram. Neste artigo, falaremos um pouco mais sobre a inclusão digital, dicas práticas e como o uso de tecnologias promete harmonizar o ambiente escolar.

Atente-se para o uso constante da tecnologia

Apesar de, hoje, convivermos diretamente com a tecnologia, organizando nossas vidas essencialmente por meio dela, e muitas vezes dependentes de seu funcionamento, o uso da high-tech, pelo menos na educação, ainda gera polêmicas. Isso porque seus prós e contras são tão recentes, tão contemporâneos em nossa sociedade, ao ponto de, ainda, tornar-se extremamente confuso mensurar até em que nível esse avanço pode e tem nos ajudado e até que ponto pode e tem nos atrapalhado, dentro de sala de aula, fora da sala de aula, na vida profissional, na vida pessoal, biológica (…).

“a Internet é uma espécie de protótipo de novas formas de comportamento comunicativo.”

Marcuschi (2002) também reconhece a falta de ciência sobre o assunto por parte das pessoas: “a Internet é uma espécie de protótipo de novas formas de comportamento comunicativo. Se bem aproveitada, ela pode tornar-se um meio eficaz de lidar com as práticas pluralistas sem sufocá-las, mas ainda não sabemos como isso se desenvolverá”.

Dessa forma, como professor de português, é preciso reconhecer quais são os gêneros digitais emergentes no agora, como são aplicados e como se comportam no momento em que se realizam suas interações. Alguns teóricos chamam essas observações e usos desses meios de letramento digital. Que, nada mais é que saber usufruir e se relacionar em ambientes digitais (WhatsApp, sites de pesquisa, e-mails, redes sociais, etc), em diferentes circunstâncias, com objetivos diversos, seja para uma finalidade profissional, pessoal ou mesmo por mera curiosidade. O simples buscar informação, pressupõe que o aprendiz saiba o que quer buscar, como e onde, saiba ler e entender os textos, como também elencar dados relevantes e avaliar as procedências dessas informações.
Tal prática tem sido cada vez mais usada nas aulas de Português, ajudando o aluno a se corresponder com sua realidade de maneira mais consciente, parcialmente virtual, optando por um uso mais proveitoso das diversas facilidades que são encontradas no uso dos meios eletrônicos e digitais. A utilização consciente dessas formas acabam influenciando não apenas os alunos, mas também as aulas das demais disciplinas, colaborando para um maior proveito interdisciplinar.

Inclua os gêneros digitais no seu plano didático

Considerando que os aparelhos eletrônicos servem para diversos suportes textuais, como e-mail, sites institucionais, notícias, fóruns de discussão, publicações em redes sociais, entre outros, há também uma necessidade urgente de atualização em algumas propostas de estudo dos gêneros nas aulas de Língua Portuguesa.

“Na verdade, produzimos diversos textos o tempo todo, uma vez que já é comum o contato permanente e interação virtual com muitas pessoas ao longo do dia.”

Reparem que, atualmente, não lidamos apenas com cartas, romances, contos, poemas, etc, — tradicionalmente usados como objeto de estudo nas aulas de Português. Na verdade, produzimos diversos textos o tempo todo, uma vez que já é comum o contato permanente e interação virtual com muitas pessoas ao longo do dia.

A tecnologia já é parte integral do dia a dia dos alunos. Por isso, é necessária a inclusão dos gêneros digitais nos planos de estudo já que, dessa forma, o interesse pela produção de textos pode aumentar significativamente. O alunos estarão em ambientes que são deles, então a tendência é a familiaridade aumentar.
É interessante que, além do usos dos gêneros digitais, também sejam propostas atividades que discuta dados sobre os efeitos do uso de Facebook ou Whatsapp e suas estruturações mais típicas, ou mesmo notícias, como o último vazamento de dados de 50 milhões de usuários nos Estados Unidos. Assim como é necessários que essas práticas incitem diálogo direto com o contexto social do aluno, como os gêneros digitais, gírias, memes etc, influenciam em seu cotidiano, proporcionando reflexões acerca do modo como ele se relaciona com esses gêneros.

Desenvolva tarefas que estimulem o uso consciente

Segundo Marcuschi (2002, pg. 4) “esse meio [a internet] propicia, ao contrário do que se imaginava, uma “interação altamente participativa”, o que nos obrigará a rever algumas noções já consagradas”.

Sendo assim, uma vez que os alunos já estão bem inteirados do assunto, cabe ao professor informar as diversas ferramentas que podem ajudar o desenvolvimento escolar, o que inclui aplicativos específicos para cada disciplina. Como, por exemplo, o “The Elements”, disponível para iOS, que conta com uma tabela periódica interativa, que ajuda o aluno na aulas de Química, ou então o “BioNinja IB”, para interessados em entender mais conteúdos de Biologia, por meio de jogos e quiz’s.

Outra proposta interessante para a inclusão da internet como ferramenta auxiliar do aluno é a criação de blogs (tumblr, blogspot, wordpress, etc), comunidades na internet, onde o professor pode disponibilizar conteúdos e materiais complementares sobre sua aula, ou mesmo um Instagram colaborativo sobre determinado conteúdo. Existem muitas redes em que conteúdos interativos podem ser compartilhados, além de um espaço para exposição de dúvidas frequentes. O senso de participação é muito estimulado quando o aluno percebe que, de fato, faz parte da construção de seu conhecimento.

Entenda um processo inovador

No Brasil, a metodologia escolar, de maneira geral, ainda não depende completamente da tecnologia e, por isso, pode ser difícil que o letramento digital tenha total efetivação nos primeiros anos de tentativa. Por isso, alguns estudantes podem apresentar resistência. Foi isso o que concluiu um experimento, ao aplicar o método do letramento digital em uma escola da Paraíba..
Por meio da criação de um blog pela turma de estudantes, a pesquisadora Maria Liliane Soares da Silva (2014) experimentou o uso dos métodos de letramento digital na Escola Municipal de Ensino Fundamental Alfredo Chaves, em Lagoa de Dentro-PB.

O projeto contou com a criação de uma página no Facebook com a finalidade de postar, regularmente, crônicas autorais dos alunos. Todos os estudantes que se prontificaram a participar da experiência produziram e tiveram suas crônicas publicadas. Os resultados foram eficientes. O único ponto negativo avaliado foi o desinteresse de alguns aprendizes. O que, sabemos, não foge muito do normal por N motivos.

Ao final, a pesquisa mostrou-se oportuna para os alunos, uma vez que poucos deles tinham interesse nesse tipo de blog (com fins literários) e, depois, a maioria tinha demonstrou opiniões positivas à respeito da experiência. Além disso, o blog teve cerca de mais de 3.000 acessos e um rico conteúdo de produção por parte dos estudantes.

Por isso, não podemos desconsiderar os esforços e os contextos. O letramento digital exige dedicação para atingir todo o público escolar, uma vez que os alunos não estão acostumados a métodos que não sejam os mais convencionais. No entanto, se bem elaborado, os resultados podem revelar uma aprendizagem marcante para os alunos da instituição de ensino.

Não queremos decretar o início da Era Digital. De qualquer forma, é sempre interessante lembrar que a internet guarda consigo diversos lados a serem explorados, que podem ser usados em muitas situações de aprendizado, com um boa parcela de conteúdo gratuito. Sob certa perspectiva, as redes sociais, exemplo recorrente mas muito necessário, além de proporcionarem uma interação extremamente participativa e ampla de seus usuários, quando usadas em suas funções mais primordiais, podem servir de conteúdo didático e ajudar a incrementar as aulas. É claro que não devemos nos esquecer do outro lado da moeda: o algoritmos para vendas, as publicidades, os problemas do uso inapropriado das redes, etc. Sim, mas isso é assunto para um outro momento. Cabe ao professor explorar os potenciais das experiências tecnológicas e desenvolver junto das classes a conscientização dos discentes. Esse papel, nenhuma máquina de inteligência artificial consegue fazer, isso ainda cabe ao professor.

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