20 jogos que terminei em 2022

Janos Biro Marques Leite
Estudos de jogos
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6 min readJan 2, 2023

She Sees Red (2019)

Um filme interativo de cerca de 30 minutos em que uma detetive é chamada para investigar a morte de um segurança numa boate. Você escolhe as ações do assassino e assiste as consequências para a detetive, revelando diferentes finais. É o primeiro trabalho de um estúdio independente russo e ficou melhor do que a maioria das tentativas de grandes empresas de fazer o mesmo.

Dishonored (2012)

Um “simulador de assassinato” com uma ambientação e uma história muito boas. A mecânica de jogo estimula a exploração e criatividade na resolução de problemas. Os personagens são interessantes e o final depende de suas ações.

Brütal Legend (2009)

Um tributo cômico ao heavy metal que é divertido de jogar se você gosta desse estilo musical.

Vampire: The Masquerade — Bloodlines (2004)

Mais um jogo para lista de jogos que foram salvos pela comunidade. Injogável sem os mods e patches criados por fãs. É uma bela homenagem ao RPG de mesa, possibilita liberdade para resolver missões e tem uma trilha sonora incrível.

Rage (2011)

Rage foi o primeiro jogo de ação que eu consegui terminar no nível “normal” ao invés do “fácil”. Rage não tem personagens originais e cativantes, o jogo é repetitivo e as missões parecem tutoriais para usar novas armas. Mas eu gostei da ambientação, das corridas de combate em carros e do minigame de cartas. Também gostei do sistema de crafting edas opções de armas. O jogo utiliza uma estética anarquista, que está implicado já no logo e no fato de que o antagonista principal é um regime autoritário chamado simplesmente de “Autoridade”. A animação de combate e a trilha sonora são detalhes que fazem a diferença para experiência de jogo. É um jogo sem muita história mas que me divertiu muito.

The Gardens Between (2018)

Um belo jogo sobre amizade de infância, sobre as lembranças que nos unem, e sobre a inevitabilidade do tempo que nos separa. Os puzzles são complexos e envolvem manipular o tempo em cenários surreais que representam lembranças marcantes. A música no final providencia uma condição perfeita para chorar e refletir sobre a importância dos laços de amizade na infância e adolescência.

Fortune-499 (2018)

Cassie é uma bruxa amaldiçoada que pode prever o futuro usando cartas. Ela trabalha no departamento de magia de uma empresa que recentemente está sendo invadida por monstros, que são péssimos no trabalho em equipe. Ela precisa vencer os monstros em batalhas de pedra-papel-tesoura usando suas cartas para prever (aproximadamente) o que eles vão escolher. É um jogo simples, criativo e com bons desafios. Mistura piadas de escritório com questões genuinamente existenciais de uma mulher adulta e sensível tentando sobreviver num ambiente extremamente competitivo de uma empresa capitalista.

Batman — The Telltale Series (2016)

O maior detetive do mundo não conseguiu sacar de onde vem o dinheiro da família dele. Bilionários são todos iguais. A continuação, Batman: The Enemy Within, repete a fórmula, explorando a relação entre Bruce Wayne e o Coringa, e com várias semelhanças ao plot do filme Batman de 2022. Mas o jogo ainda é melhor que o filme.

Enderal: Forgotten Stories (2019)

Enderal é um mod de Skyrim que supera o original em vários aspectos. É uma variação de uma história já conhecida, que também serviu de base para Mass Effect e Dragon Age. Mas o modo como Enderal conta essa história conseguiu me prender até o final (o que não aconteceu com Skyrim, que eu larguei no meio).

Helltaker (2020)

Helltaker só pode ser descrito como um puzzle dating-sim poligâmico satanista. O personagem é um tipo de Johnny Bravo no inferno, cujo objetivo é reunir um harém de demônias de todos os tipos para então fazer panquecas para elas. É engraçado, curto e mais inteligente do que parece.

Ring of Pain (2020)

Ring of Pain é um mergulho na agonia e na loucura. A mecânica de jogo é criativa, misturando elementos de roguelike e card game, e combina com a história de horror pessoal, na qual você tem que escolher em quem confiar: no escuro ou numa coruja macabra. Difícil não imaginar que o jogo inteiro está se passando dentro de uma alucinação ou paralisia do sono.

Signalis (2022)

Signalis é um survival horror no estilo clássico, com uma história que eu confesso não ter entendido muito bem, mas uma estética incrível. Melhor jogo de horror que eu joguei esse ano (até porque eu não jogo esse tipo de jogo), mas é realmente um belo jogo de horror no espaço.

Pillars of Eternity (2015)

Eu nunca consegui jogar Baldur’s Gate, Icewind Dale, ou Planescape: Torment. Pillars of Eternity é considerado uma sucessor desses jogos, mas conseguiu me prender pelos personagens interessantes e motivações peculiares de cada um deles, apesar da história principal ser meio sem graça (nesses rpgs a história é sempre sobre matar um deus e salvar o mundo, isso é muito chato).

2000:1: A Space Felony (2017)

Uma homenagem a Stanley Kubrick, é um jogo independente de investigação no espaço. Várias referências, desafios bem pensados e momentos engraçados fazem valer a pena.

Hitman: Absolution (2012)

Este é o primeiro jogo da série Hitman que eu jogo. Eu fiquei impressionado com o realismo da violência nesse jogo. Isso porque, na maioria dos jogos do tipo, os personagens matam dezenas de pessoas sem piscar, enquanto nas cutscenes são seres humanos com sentimentos, o que causa uma dissonância entre a narrativa e a mecânica de jogo. Hitman elimina essa dissonância porque o personagem é realmente uma máquina de matar sem nenhum remorso. O Agente 47 foi transformado nisso por meio de experimentos. O que resta de sua humanidade aparece nesse jogo, quando ele se volta contra sua própria agência para tentar impedir que outra criança sofra o mesmo que ele sofreu. Até o jeito de andar, que em outros jogos é irrealista porque parece mecânico demais, em Hitman parece mais realista, justamente porque é assim que eu imagino que um assassino frio e calculista se move. A liberdade de resolver as missões com criatividade também é bastante interessante.

Beyond Good & Evil (2003)

Um clássico que eu sempre quis jogar mas nunca tinha conseguido. A narrativa mistura elementos da Jornada ao Oeste (um clássico da literatura chinesa) com uma ambientação de ficção científica e uma protagonista que é repórter expondo os crimes de um regime totalitário. Apesar da minha dificuldade com jogos de ação, a mecânica contém vários elementos interessantes de se esgueirar, corrida e puzzle, além da ideia genial de tirar fotos dos animais.

Middle-earth: Shadow of Mordor (2014)

“Far Cry na Terra-Média” seria o tipo de descrição que faria Tolkien se revirar no túmulo, se ele já não estivesse no inferno por ser exageradamente católico. Eu joguei ao mesmo tempo que assistia o seriado Anéis do Poder, o que foi legal e me ensinou a pronunciar “Celebrimbor”. Mas ignore os livros. A mecânica de combate me lembrou Batman, mas é muito mais divertido combater com espada e arco. O sistema dinâmico de inimigos, no qual o inimigo que consegue te matar é promovido dentro do exército de Sauron, é realmente interessante e cria encontros únicos. Eu me diverti montando em caragors e fugindo de hordas de uruks. Também descobri que “This does not bode well” aparentemente é o equivalente tolkieniano de “I have a bad feeling about this”.

The Fall (2014)

Meio jogo de plataforma, meio de apontar e clicar, The Fall é um jogo independente desenvolvido pelo grupo canadense Over the Moon. Seu ponto forte é definitivamente a história. Depois de cair num planeta desconhecido, a inteligência artificial de um exoesqueleto assume o controle sobre as funções motoras quando não detecta a resposta do piloto. Como o sistema de monitoramento de saúde foi danificado, a IA estabelece a diretiva primária de procurar atendimento médico para o piloto, que provavelmente está inconsciente. Para cumprir esse objetivo ela precisará resolver puzzles bastante realistas, que levam a um final dramático.

Arrog (2020)

Arrog é um jogo independente feito pelos estúdios peruanos LEAP Game Studios e Hermanos Magia. É uma narrativa visual com alguns puzzles simples, que ajudam o jogo a se tornar acessível. Os gráficos são desenhados a mão e as animações são belíssimas, assim como a trilha sonora. O jogo é uma metáfora sobre a vida e a morte, refletindo crenças ancestrais sobre o papel do ser humano no mundo. Provavelmente a melhor opção desta lista.

Deathloop (2021)

Deathloop combina a jogabilidade de Dishonored com várias ideias que a Arkane Studios já tinha tentado aplicar em outros jogos, mas nunca de modo tão bem sucedido. A ambientação é bonita, a história é interessante e eu gostei da mecânica que combina singleplayer com multiplayer, com outras pessoas invadindo sua linha do tempo para te matar (ou talvez não necessariamente?).

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Janos Biro Marques Leite
Estudos de jogos

Graduado em filosofia, escritor, tradutor e criador de jogos.