Videogames: entre a arte e o entretenimento

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etermax Brand Gamification
4 min readOct 11, 2022

Existe uma ideia recorrente sobre videogames que leva as pessoas a pensar que são produtos sem muita profundidade. Para aqueles que não estão familiarizados com a ampla gama de gêneros, estilos e sagas de videogames, eles são, simplesmente, “joguinhos”. Mas a verdade é que constituem um meio muito mais complexo do que isso, que ganhou seu lugar tanto no mercado quanto na academia e até nos museus.

Os videogames são arte? São apenas uma distração? Ou eles contêm características invisíveis ao olho nu que podem nos ajudar a iniciar novas conversas? Aqui não definiremos a arte nem muito menos, mas veremos de que jeito o Gaming se nutre de outras disciplinas e, nesse caminho, se torna numa arte em si mesma.

Artes gráficas

Os videogames são, em primeira instância, quase pelo próprio nome, visuais. De paisagens alienígenas multicoloridas a cidades cinzentas cobertas de chuva, passando por reinos medievais, os videogames usam ilustrações espantosas para introduzir as pessoas em mundos cativantes.

Embora inicialmente os videogames fossem pouco mais que linhas e formas geométricas, o meio foi evoluindo e se aperfeiçoando. Hoje, muitas das ilustrações que encontramos nos videogames podem competir com a arte dos museus mais importantes.

Arte conceitual de Assassin’s Creed Black Flag.

De fato, já existiu arte influenciada por videogames: em 2018, o Museu de Arte Contemporânea de Chicago apresentou uma exposição com referências a vários jogos, como o famoso Metal Gear Solid.

A Nintendo, uma das empresas de videogames mais famosas do mundo, começou sua jornada em 1889 produzindo hanafuda, cartões decorados com flores que são usados no jogo de Karuta. Embora a empresa tivesse vários desenvolvimentos antes de se estabelecer nos videogames nos anos 70, este primeiro jogo estabeleceu precedentes para o que mais tarde seria a Nintendo. Ainda hoje, a empresa imprime hanafuda com imagens de Mario, seu videogame estrela.

Além disso, jogos como Okami ou Passpartout convidam o jogador a ilustrar como parte de sua mecânica central. Neste blog muitas vezes escrevemos sobre como os videogames trazem benefícios e nos ajudam a experimentar. Esses casos são o exemplo perfeito. Para os gamers de todas as idades, eles funcionam como um modo de expressão criativa e artística ao qual talvez não se aproximem no cotidiano.

O novo cinema

Com certeza, os videogames aprenderam do cinema uma das suas habilidades principais: contar histórias. Jogos como Heavy Rain, The Last Of Us, Red Dead Redemption ou Grand Theft Auto possuem essa qualidade “cinematográfica”.

Apesar de adotarem estruturas narrativas do cinema, os jogos trouxeram uma inovação: dar o controle ao jogador. O nível de personalização da história, a capacidade de escolher o desfecho e o caminho a seguir não é uma coisa fácil de imitar em outras mídias. Talvez um equivalente anterior na literatura fossem os livros de Escolha sua aventura, mas o cinema não tinha nada similar.

Porém, a influência do Gaming aparece mais uma vez: além das muitas interpretações fílmicas de populares videogames (Resident Evil, Tomb Raider, Doom e a recente série baseada em Cyberpunk 2077) alguns filmes pegaram recursos dos videogames.

Trivia Quest é a série interativa de Perguntados.

Um dos exemplos por excelência do cinema interativo é Black Mirror: Bandersnatch, que permite ao usuário escolher qual caminho seguir para continuar com o relato. Trivia Quest, por sua vez, convida os jogadores a responder trivias para resgatar os personagens de Perguntados. Além disso, alguns filmes como Hardcore Henry imitam os jogos de primeira pessoa, como o Call of Duty.

O alcance da literatura

As artes literárias também deram muito aos videogames. Desde os tempos das aventuras interativas como Zork ou Colossal Cave Adventure, o Gaming se alimentou da letra escrita para manter o engajamento do público.

Hoje existem jogos que ainda nos fazem lembrar aquelas velhas aventuras interativas de texto: Disco Elysium ou os jogos de Telltale Games, que se apoiam em seus roteiros para somar valor à experiência dos usuários.

Em Disco Elysium, o jogador encarna um policial que perde a memória.

Além disso, não é incomum encontrar jogos nascidos de sagas de livros (como The Witcher) ou vice-versa: Halo deu origem a uma extensa série de romances e quadrinhos que chamou a atenção dos fãs do jogo.

Iniciadores de discussões

Além do que pode ser dito sobre os videogames como meio criador de paixões tão fortes (ou até mais) do que outras artes, a realidade é que todo mundo tem uma opinião sobre eles.

Entre os gamers, a ideia de que os videogames são uma arte é indiscutível, porque todos já jogamos algo que mudou o jeito de enxergar o mundo ou que nos fez chorar e rir como nenhum outro filme.

Já escrevemos neste blog sobre como o Gaming ajuda a formar comunidades fortes e engajadas. Portanto, é imprescindível entender as discussões que acontecem nessa audiência para entender como se aproximar dela.

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