O perfume do invisível

.ricardo .laranja
Eu acredito em conteúdo
2 min readNov 3, 2016
A M O Tatá ❤

Existe uma máxima do design que diz que o bom design é aquele que é invisível. Isso quer dizer que o bom design afeta as pessoas que o consomem sem necessariamente ser percebido por elas — e mais: sem ser percebido como um produto de design.

Gosto de pensar que o bom conteúdo, especialmente o conteúdo de marcas na web, deve seguir essa tendência. O público deve consumir conteúdo de marca sem perceber que está sendo induzido a consumir aquilo. Ninguém entra nas redes sociais querendo ver o último post da sua marca. As pessoas não querem ver a sua propaganda — querem ver as fotos da balada de ontem, das férias dos amigos e do bebê recém nascido da prima. O conteúdo de marcas entra no meio dessa salada toda (geralmente) de uma forma invasiva, chata, de repente ao invés dos meus amigos tem um supermercado ali no meio. Eu rodo o scroll mais rápido e chego logo à próxima foto do meu sobrinho.

Justamente por pensar assim, eu quase me emocionei quando, passeando pelo Instagram, me deparei com esse vídeo da Tatá Werneck. O perfil da Tatá é um dos melhores perfis de celebs no Instagram, prq 1 — ela é genial e 2 — ela é genial em qualquer plataforma. Daí, de repente, eu, acostumado a dar play nos vídeos dela, assisti isso aqui.

É merchan, é conteúdo, é a cara dela. É “só” mais um vídeo que ela posta no Instagram, é um conteúdo que eu assistiria — e é uma propaganda de Ruffles.

Tatá “não é” garota-propaganda da batata da onda, não está na TV falando de batata, não está no pré-vídeo do Youtube. Ela tá só no Instagram, fazendo uma piada sobre a luz no prédio.

ISSO é o que eu chamo de conteúdo invisível. Você assiste e “nem percebe” que é merchan. É “só” mais uma piada da Tatá Werneck. Tá de acordo com a plataforma, com a linguagem da atriz, com o que o público quer ver.

Mas e aí, funciona? Bem, considerando que Tatá tem 12.8 milhões de seguidores e o vídeo teve 87.7 mil likes, acho que funciona sim (não sei dizer o nível de conversão em vendas, mas que o conteúdo atingiu o público, atingiu)

Agora vem refletir comigo: seu conteúdo tá “invisível” ou tá gritando na cara do seu consumidor “COMPRA COMPRA COMPRA BATATA!”?

Publicado originalmente em janeiro/2015

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