Nesses dias

Nos dias ao redor de seu aniversário.

Gustavo Marcílio
Eu, Iceberg.

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Dizem que o tempo melhora muita gente. Não falo de beleza somente. Amanhã (30/03) passa-se mais um ano meu. Nesses dias a gente meio que inventa uma extensa rua de mão única e sem retorno que defronta com um gigantesco portão. É uma travessia. Nesses dias a gente reflete sobre o que foi e o que deve ser feito. Refletimos sentimentos. Ajuizamo-nos — ou não.
Nesses dias a gente fica ‘avoado’, nas nuvens. Diria até que é um momento águia, pois, certas vezes, procuramos um sensato isolamento sem perder a visão do que nos circunda. Nesses dias a gente até acha que foi raptado de si, ainda mais de quem menos se espera se ganha algo — de sorrisos a lembranças, sendo palpáveis ou não. Nesses dias a gente se afoga em muitos afagos, navega em muitos abraços e se desprende de muitos fracassos — de profundos fracassos pr’o fundo vão vão. Nesses dias a gente descobre que é como carta de baralho, sendo que apenas “1” num blefe vale-se mais que um rei. Mas não sem amigos, carta nenhuma fica de pé sozinha, não sem mui ter sofrido. Nesses dias a gente descobre os amigos e os amigos nos cobre de felicitações. Com eles a gente transborda e te transportam, seja em terra por uma rua extensa, seja no ar ‘avoado’ pela sensatez, seja nas águas de março. Assim, nunca estarás sozinho, pois a vida é como um ciclo d’água: De encontrar amigos bem pé-no-chão, uns que mergulham com tudo, aqueles que esquentam facilmente, outros bem cabeça-de-vento e calmos… E no passar do tempo eles te moldam. Deve ser por isso que dizem que o tempo melhora muita gente.

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Gustavo Marcílio
Eu, Iceberg.

“Eu não tenho tempo para isso agora, mas isso poderia ser feito. Na verdade, eu tenho que fazer isso.”