Latrocínio

Amanda Mazzei
Eu Lírica
Published in
1 min readMar 22, 2017
The Lady of Shalott — John William Waterhouse

A moça já está morta pela tarde.
Sente as pontas dos dedos frias
mas pulsantes
(o que contraria a vontade científica;
aquela dos homens, que gostam tanto,
tanto de acúmulos de tudo
que habituaram-se a roubar éons
e pôr grilhões
azuis como o mundo
nas aflições derretidas dos vivos).

“A morte é estática e egoísta,
gelada”
— dizem os maus alquimistas
natos enganadores
que transfiguram amor em jaula
muito bem ventilada
de pudores e vidraça
com vista bela e intangível.

A moça morta agora pensa que não:
os braços cinza do amante Tânato
são preferidos por ela
e mais caleidoscópicos em sua metafísica
que as confortáveis barras
de sua antiga prisão colorida.

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