O dia em que decidimos não produzir retrovisores

Amanda Mazzei
Eu Lírica
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1 min readJul 2, 2017

Leve como a pluma, em nossas bagagens
está o não admitido Peso do Mundo;
sutilmente camuflado no orgulho
de modo que basta esquecê-lo
para que não atrapalhe a urgência de nossos pés.

E como amamos a Ruína!
Tão ínfima mas plena
ampliada vertiginosamente
pelas incorrigíveis inquietudes do ser,
que colore e envenena
nossos dias mimeticamente voláteis.

Mansos, mansos
são os chicotes que marcam as horas na parede.
Sim, estamos bem.
Corremos também durante o sono
para que não percamos o que quer que seja
de novo e desimportante no meio da fluidez.

Nossas flores já não perdem tempo com botões:
São eficientes e nascem abertas
com olhos grandes, curiosos e atentos
— e sua maior tristeza
é que
mesmo acordando antes do Sol,
não podem,
de forma alguma,
ver tudo.

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