[O TÍTULO DESTE POEMA FOI ENGOLIDO PELO ORGULHO E VOLTARÁ SE DIGERIDO A TEMPO.]
Há coisas indizíveis, em verdade.
Fluidas e metamorfas demais
para a rígida fôrma das palavras
(porém muito irritantemente viscosas
para que se possa lavar dos pensamentos).
Coisas tão grandes, dolorosas
que sabotam e invalidam
a atrapalhada logística do sentir.
Não fomos capazes de suportá-las;
tornamo-nos apáticos.
Todavia,
protejo-me por aqui.
A cada segundo que passa,
eu regulo a gravidade:
ora de Lua
ora de Júpiter
às vezes de Marte
— tudo por medo de me perder,
séria e pragmática
em meu mar de erros sutis,
saudades não embasadas,
partidas ineficazes
e ineficazes ficares.
Aquelas,
não se engane,
dos tolos
que pensam ser o mesmo ser
e que querer
e amar
basta para ficar.
— Deixe ir.