Minha passarinha

isiscoelho
eu, mãe de 3
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2 min readDec 18, 2015

Ontem mesmo ela era um pouco maior que uma régua convencional, dessas que a gente costumava carregar no quarto ano primário. Sim, eu sei que só por falar assim eu denuncio minha idade. Mas não há o que esconder quando os cabelos brancos insistem em se multiplicar e sua filha mais velha termina o ciclo do ensino infantil. Ano que vem, as letras – que agora estão tremidas – serão desenharas por uma mão segura e ela será capaz de ler qualquer texto. Este, inclusive.

Ela está crescendo…e ao me dar conta de que tenho uma pequena moça, a idade me bateu como trem desgovernado. Enquanto eu ouvia a diretora do novo (e enorme) colégio hoje pela manhã, podia sentir os cheiros e sabores do meu primeiro ano. Do meu primeiro amorzinho, o Marcelo: Um garotinho loirinho que nem me dava bola. Posso lembrar de partes de uma coreografia que ensaiamos para a apresentação de final de ano. Eu fui o Sol de uma música da Mara. E minha fantasia de crepom era o máximo!

Meu coração começou a acelerar no mesmo ritmo inebriante das minhas memórias. Minha pequena esta prestes a ganhar asas. E eu, estou morrendo de medo por ela.

Talvez por ter memórias tão vividas da infância. De pensar que, em breve, os desafios vão chegar. Que ela vai chorar a amizade não correspondida. Que vai sentir a dor do amor platônico. Que não vai mais depender tanto de mim…

E, por mais que eu crie meus filhos feito passarinhos – para que eles voem livres por aí – não posso deixar de sentir vontade de que eles fiquem para sempre debaixo das minhas asas, no calor do meu ninho.

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isiscoelho
eu, mãe de 3

Jornalista que se viu publicitária e agora tenta o sonho adolescente: ser cronista.