Prefácio
O universo é grande. Tão grande, que diante de sua grandeza algo comprido como um churros tamanho família, nem chama atenção. O que é uma pena, o universo seria menos rabugento e mais amigável se boa parte de sua dieta alimentar fosse relacionada ao deleite desse néctar dos Deuses. Se um primoroso churros, diante da amplitude usurpadora do cosmo é insignificante. Toda a existência é. De fato, quando comparada ao tamanho do espaço, a existência é irrelevante, fútil e apenas perda de tempo. O universo é grandão. Sério, é bem grande mesmo.
Por este motivo, é onipresente nas cabeças pensantes “existentes”. Nesse grande latifúndio abandonado que chamamos de universo, a ideia de que a vida tem um propósito, a existência têm um significado e que atitudes têm importância. Os habitantes da existência seguem imaginando que sua função é produzir e fazer algo de bom e positivo melhorando o espaço à sua volta. Mas nada disso procede. Ninguém sabe qual o real papel dos seres vivos presentes no cosmo. Então, a vida segue desimportante, frustrada, deslocada e paranoica.
As criaturas presentes no universo tentam preencher esse vazio, causado pelas leis da matemática, se atolando em um emprego desinteressante e dispensável. Se jogando em quantidades enormes de álcool e utilizando parte da vida em vícios como drogas, jogos de azar, video games e gibis. Ironicamente é o tempo e energia desperdiçados em uma tentativa tapada de combater essa sensação tão corriqueira, a principal causa pela qual a maioria dos seres presentes no universo não conseguem trazer um significado para seu tempo, tomar atitudes de importância e produzir ou fazer algo de bom e positivo para melhorar o espaço à sua volta. Para o humano comum isso não é um problema. Sua duração é limitada e logo ele é amparado pela morte. Porém, quando o tempo de vida é maior, a repetição desse procedimento costuma se tornar um grande aborrecimento. Não é à toa que todo e qualquer ser imortal vaga pela eternidade procurando algo de legal para fazer. Um alvo constante dessas explorações é uma forma brusca de encerrar a própria vida. Também é comum a caça por um entretenimento desnecessário, como causar a extinção de outras civilizações, raças e indivíduos.
Como o universo é complexo, os seres vivos que nada têm de complexo, vagam pelo infinito complexados. Toda essa complexidade apenas porque não aceitam o fato da insignificância da existência na complexidade que é a vida no espaço.
E, é aí, que entram os fuscas.