Mansão Mal-Assombrada (2023)

Marcel Trindade
Eu não sou crítico de cinema, mas…
3 min readJul 26, 2023
Divulgação|Disney

A primeira vez que fui ao cinema, assisti Batman (1989) com meu pai, em uma pequena sala em Santa Maria no Rio Grande do Sul. Eu digo pequena, mas a dimensão toda dessa lembrança é expandida, exagerada. Em minha memória a tela era colossal, as cadeiras eram altas, feitas de madeira e decoradas em entalhes. Assisti um filme escuro, pesado e divertido ao mesmo tempo, enquanto agarrava a revista do Batman que meu pai me comprou numa banca no caminho da sessão. Levar meu filho de 9 anos à cabine de imprensa de Mansão Mal-Assombrada me trouxe ecos desse momento.

O longa baseado no brinquedo do parque de diversões da Disney é competente ao combinar comédia, aventura e pitadas de horror apropriadas para um público juvenil. Lakeith Stanfield consegue imprimir um carisma extraordinário de jovem “tio legal” ao protagonista Ben, ao mesmo tempo que trabalha de forma muito convincente a vulnerabilidade do personagem. O apoio de um elenco tão grandioso também conta muito a favor da produção. Nomes como Danny DeVito, Owen Wilson e Rosario Dawson dão suporte e elevam as atuações de Stanfield, a maravilhosa Tiffany Hadish e Chase Dillon (a performance desse garoto é boa demais). Jared Leto também parece se divertir muito em seu papel, para nossa sorte. O ator parece interessado em papéis vilanescos há um bom tempo, mas é a primeira vez que o vejo completamente em seu lugar nesta situação.

Divulgação|Disney

O filme embora não se relacione diretamente com a versão de 2003 estrelada por Eddie Murphy, compartilha alguns de seus personagens e pontos no roteiro. Muito em conta de ambos serem baseados na mesma propriedade. Mas é notável que Justin Simien (diretor de Cara Gente Branca) consegue se afastar do formato mais cartunesco do primeiro filme e contar uma história concisa e emocional usando os elementos da mansão como um plano de fundo aventuresco e divertido. Cada personagem tem seu arco muito bem definido, o que adiciona muito valor ao investimento emocional do filme. Nesse aspecto, o filme me lembra outra produção da Disney que assistir inúmeras vezes em minha infância, que é Abracadabra (1993).

Divulgação|Disney

A direção de arte é um dos pontos altos do filme, abraçando todos os clichês de filmes de casa mal-assombrada e ainda assim sendo original. Eu ansiava por uma trilha sonora um pouco mais memorável, mas o fato de ela se dissolver no filme e não brigar com ele já é bom o suficiente. Os efeitos são surpreendentes, ainda mais levando em conta que 2023 foi ano que nos entregou Flash. Imagino que é uma obra que não ficará datada tão cedo pelo CGI ou qualquer outro elemento técnico.

Foi uma experiência muito bacana ver esse filme em primeira mão com meu filho. O fato de ser um filme pra crianças com um roteiro maduro cria um ponto de conexão para que eu possa reassistir com ele ao longo dos anos e reativar a memória desse momento, onde ir ao cinema era algo que nos unia como família. E de certa forma, esse é um dos temas do filme, então é sempre bacana quando as coisas se resolvem assim, não é mesmo? Mansão Mal-Assombrada é um filme pra toda família, com a qualidade Disney e com coração. O filme estreia amanhã (27 de julho de 2023) em todos os cinemas e eu recomendo muito que você assista com suas crianças preferidas. Obrigado por ler esse texto e até o próximo!

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Marcel Trindade
Eu não sou crítico de cinema, mas…

Cartoonist and comedian. Works, lives and rests in Porto Alegre, Brazil.