Tartarugas Ninja: Caos Mutante (2023)

Marcel Trindade
Eu não sou crítico de cinema, mas…
3 min readAug 23, 2023
Divulgação|Paramount Pictures

Primeiro foi o desenho animados nas manhãs com a Xuxa. Os quatro eram engraçados, difíceis de discernir fisicamente, somente pelas cores, mas as aventuras dentro e fora do esgoto de Nova Iorque eram muito cativantes. Ao visitar o fliperama no verão, lá estavam eles, em uma aventura sidescroll muito divertida e intensa. Donatello era meu preferido nessa empreitada. Quando meu pai comprou o primeiro (e único) aparelho de vídeo cassete que nossa família possuiu, o filme de 1990 foi estava na primeira leva de coisas que alugamos, junto com um longa da Turma da Mônica e algum filme dos trapalhões. O segundo filme, O Segredo do Ooze, vi no cinema e me arrepio até hoje de lembrar. O terceiro foi uma das minhas primeiras decepções cinematográficas da vida. A partir daí as coisas meio que esfriaram, como pizzas de pepperoni entregues em um bueiro.

As Tartarugas Ninja é uma das maiores propriedades intelectuais do final do século passado. Dezenas de iterações, variando de excelente a coisas feitas por Michael Bay, já tomaram as telas de cinema, séries animadas e live action, quadrinhos e a cultura pop de assalto. Quando pensei que poderia deixar de me interessar por esses personagens, tão revolvidos em suas origens em curtos intervalos de tempo, Seth Rogen e Evan Goldberg colocam suas talentosas nesse material e nos presenteiam com um filme fantástico.

Em primeiro lugar, é preciso entender que finalmente estamos encontrando uma forma nova de contar histórias. A revolução iniciada por Toy Story (em 1995) iniciou um processo de renovação no cenário da animação, mas depois de 30 anos, há de se convir que a linguagem da animação 3D merecia uma nova roupagem. Arcane e a série de filmes do Spiderverso trouxeram essa renovação estética justamente na ressurreição de elementos visuais mais expressivos, e na desistência de tentar reproduzir a realidade in natura com os recursos que a computação gráfica trouxeram. Essa nova fase é inspiradora, e transforma estas animações em obras de arte, ressecando nossos olhos pela falta de lubrificação vinda do ato de não querer piscar durante as cenas, para não perder nenhum detalhe.

Divulgação|Paramount Pictures

Nas Tartarugas Ninja: Caos Mutante, o elemento visual é barulhento e agitado, em sintonia com a atuação de voz de um elenco muito capaz. A sensação de que aquela energia escolar que só adolescentes de verdade possuem transborda para fora da tela se dá, em grande parte, ao talento e sinergia do elenco, formado por grandes estrelas e personalidades, de John Cena e Seth Rogen, Jackie Chan, a Post Malone, Paul Rudd e Ice Cube. Mas a força motriz do filme está no fato de que esta talvez seja a primeira encarnação das Tartarugas Ninja realmente feita por adolescentes. Os quatro garotos e o competente time de animadores do longa alcançaram uma performance única e ao mesmo tempo respeitosa com todas as encarnações anteriores dos personagens.

Os fãs mais puristas podem se incomodar com algumas mudanças em elementos canônicos que ganharam novos ares em favor do humor do filme, mas não é possível agradar todo mundo, não é mesmo?

Divulgação|Paramount Pictures

Eu pretendo rever o filme, desa vez com meu filho, em breve. E recomendo que se você puder assistir no cinema, o faça. São cenas bonitas demais para se ver em telas menores. As Tartarugas Ninja: Caos Mutante estreia dia 31 de agosto em todos os cinemas. Eu espero que você se divirta tanto quanto eu me diverti! Bom filme e até a próxima!

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Marcel Trindade
Eu não sou crítico de cinema, mas…

Cartoonist and comedian. Works, lives and rests in Porto Alegre, Brazil.