meu nome é (des)harmonia

sou uma canção inacabada
de um artista convenientemente inconveniente
meus acordes não se harmonizam
meus tons mentem
meus lábios te poetizam
mas será que sei poetizar?
o descompasso dos meus passos te perseguem
pelos refrões do meu canto
meus becos e vielas desafinaram em ti
não sei te ver aqui
essa música logo vai acabar
mas eu queria que o refrão se repetisse mais uma vez
desculpa, não sei cantar
não pra ti
vou sentir falta das nossas notas inacabadas
teu beijo era a melodia
como vou maestrar minha orquestra sem ti?
teu nome eu sei bem, mas e o meu? qual é?
deixei ele morrer e me agarrei ao incerto
onde você era a única coisa que fazia sentido
a única música que consegui coreografar
o único riso que deu compasso
mas será?
te tenho mesmo ou te construí?
inventei você pra mim?
qual é meu nome, amor?
você sabe?
vem aqui
preciso dos seus ombros
me conta, qual é meu contato no teu celular?
como eu me chamo?
me desarmonize
se a gente é a canção, a melodia é a gente que inventa
me diz, qual é?
minhas estrofes não vão esquecer dos teus tons
as nossas pontes vão nos levar de volta pra onde?
para o início?
ou para o refrão?
qual é meu nome, amor?
o que você vê no meu coração?
te tenho mesmo? te construí?
me desarmonizei, mas sorri
a música acaba, mas eu ainda existo
nos instrumentais silenciosos, respiro
minha trilha sonora vai do samba ao pop
mas eu permaneço aqui
querendo que a nossa música toque de novo
e de novo
é a minha epifania
me olha nos olhos e me conta
sem diplomacia
qual é meu nome?
é harmonia?
sou poesia?
quando te toco, te faço canção também?
então, (me) poetiza?
sou teu tom?
tua melodia?
sou o maestro?
ou desarmônico demais pra tua dicotomia?