quarentena, dia 125
um texto meu, para mim mesmo
e quando isso tudo acabar?
que dia é hoje mesmo?
perdão, esqueci de te falar
eu me amarrei ao sonho de viver
e sabe? não consegui alcançar
hoje te vi acenando
do banco da praça
ei, tu! peço-te perdão
mas não consigo mais poetizar
guardei teu riso nas mãos
e enterrei-os junto ao mendo
de voltar a essa praça de novo
e ordinariamente te encontrar
te olhar da janela sufoca
porque daqui de dentro
tu já foste embora
e o tempo meio que parou
e tô dormindo na demora
do meu diminuto
ao mais sustenido
guardei teus tons na memória
mas por que tô falando contigo?
olhando p'ro espelho do quarto que é teu?
e conversando comigo
como se não fosse eu?
sei lá, sou meu maior inimigo
mas que horas são agora?
eu estava falando contigo?
qual é seu nome?
por que está fugindo?
não dá pra te ver direito
o espelho está meio embaçado
e eu sou um míope em desabrigo
ei, volta aqui!
me perdi nessa praça
que dia é hoje mesmo?
não faça pirraça
vem cá, me conta
por que esse teu jeito esquisso?
é 20 de julho? é isso?