saturno

Allie Terassi
eu, poesia
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1 min readOct 10, 2019

nasci no vácuo

num eterno vazio eu surgi

cresci

minh’alma inexistente expeliu vida

pois fui forjado na eternidade

por mãos manchadas pelo próprio sangue

pregadas pela ira amarga

em defesa da verdade



ouvi um barulho

de pés descansando por sobre o nada

o engenheiro de minha órbita desceu até mim

e pôs em si o que era pra ser meu fim

e então sangrou

e chorou



as lágrimas diluviaram por sobre minha atmosfera

e dancei na chuva

tornei-me minha própria tempestade

e vi que de mim mesmo fiz alarde



sangrou e me pediu em casamento

encheu-me de anéis nos dedos

tornou-me grande

mesmo sendo eu pequeno



sou saturno, amor meu

e o tempo que tenho

eternizo-lhe em ti

por tu és quem faz de mim belo

o vácuo em que minh’alma clama

preencheu-se

e o aroma subiu a ti

tu és o elo



tu desceste e sangrou

subiste e cantou

convidou-me pra valsar

e meus medos afugentaram-se em tua canção

aliviados

fizeste meu coração se harmonizar

colocaste em mim os anéis seus

e então sou teu, Deus meu

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Allie Terassi
eu, poesia

sou uma falha epistemológica tentando produzir poesia e teologia. e a melhor delas está no outro.