Aristóteles e Argumentação

Vinícius Machado
#Eudisse
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4 min readJul 27, 2020

Os conceitos Logos, Ethos e Pathos teorizados por Aristóteles

Falar em público é difícil.

Photo by Mark Fletcher-Brown on Unsplash

Comunicação exige esforço e estudo.

Desde a negociação com um cliente, até mesmo na hora de convencer seus amigos qual filme ver, tudo requer uma atenção extra a sua fala.

Constantemente tento aperfeiçoar a minha comunicação, na hora de expor ideias e pensamentos. Independente do cenário, você sempre estará realizando uma troca interpessoal, na fila do banco até mesmo na discussão com seu cônjuge.

“Só sei que nada sei” (Sócrates), esse conceito filosófico simples, porém profundo, explicita bem minha trajetória em torno da fala, da retórica, da argumentação. Prossigo meus estudos cada vez mais aprofundados em entender o que torna um canal de conversa mais efetivo, o que faz de alguém “bom de se ouvir”.

Nesse texto compartilho uma parte do meu aprendizado acerca desse tema. Divirta-se.

Obs: esse texto foi escrito em parceira com Lucas Lourenço que sintetizou bem a visão de Sócrates acerca da argumentação. Obrigado amigo.

Aristóteles: O começo de tudo

Aristóteles foi um filósofo grego da antiguidade, nascido por volta de 384 a.C., discípulo de Platão e mestre de Alexandre o Grande. Conhecido também como o “O pai da oratória”, ele desenvolveu três conceitos fundamentais na arte da persuasão: Ethos, Pathos e Logos.

De forma resumida, Ethos, Pathos e Logos seriam, respectivamente, a argumentação retórica com foco no orador, na emoção/sentimentos e na lógica.

Logos — O quê falar

“Logos” significa: palavra, discurso ou razão; uso da razão e do raciocínio para a construção de bons argumentos. Numa apresentação, ele está ligado à parte de saber o que falar, ou seja, sua fala precisa ser assertiva, enfática, direta e autossustentável. Coesão.

Para Aristóteles, sua fala em público não será convincente se não puder provar logicamente o que está dizendo. Portanto é muito importante estudar bastante sobre o assunto que será abordado e com isso ter total domínio e bons argumentos sobre o tema. Mesmo que seus argumentos sejam baseados em experiências pessoais, eles precisam estabelecer alguma ligação com quem se está transmitindo a ideia.

Ainda que você possua uma autoridade sobre o assunto e seja reconhecido por isso, precisa sempre convencer o seu receptor disso.

Eventualmente surgem perguntas da platéia e é extremamente importante que consiga esclarecer tal dúvida, desde que ela seja tangível com o tema.

Ethos — Como falar

“Ethos” refere-se as características do orador. De forma coloquial, esse termo quer dizer que não basta ser bom, também é preciso parecer bom.

Numa apresentação, isso está demonstrado em como falar sobre o assunto. É preciso entender quem está ouvindo para saber como falar. Não adianta usar diversos termos técnicos e complexos para pessoas que nunca ouviram falar do tema que está sendo abordado, da mesma forma em que não é útil falar de forma simples e superficial para pessoas que já dominam um pouco aquilo que está sendo falado.

Você precisa dominar o assunto e sempre deixar claro que você sabe.

Experimente explicar um tema de estudo para uma criança, adolescente, jovem-adulto e adulto. Veja se você consegue passar a ideia para todos.

Pathos — A ligação com o receptor

“Pathos” significa: experiência, sentimentos e emoções do espectador; empatia. Seria então a capacidade de extrair emoções do público. Para que isso ocorra, é necessário entender os ouvintes e conseguir estabelecer uma ligação com eles.

Algumas pessoas escrevem textos, decoram o que está nele e simplesmente o reproduzem durante a apresentação, como se fosse um roteiro de uma peça de teatro. Partindo da ideia trazida por Pathos, essa técnica não é muito boa porque ao reproduzir o que está num texto, não é possível adaptar o que será falado de acordo com as pessoas na platéia, isto é, fica complicado criar uma ligação entre o orador e a plateia.

Então como fazer para saber quando falar e o que falar se não a partir de um texto pronto?

Bom, uma técnica bastante utilizada é a de treinar a apresentação antes. Esse treino pode ser feito com familiares, amigos ou até mesmo na frente de um espelho. Ao fazer isso algumas vezes, percebe-se um padrão: por mais que as palavras e frases usadas venham a ser diferentes, o conteúdo está sendo passado mais naturalmente a cada vez treinada.

Além de sair mais naturalmente, também acontece de aumentar o domínio sobre o tema, já que assim você aprende a lidar com imprevistos, como por exemplo esquecer alguma palavra ou frase em específico e conseguir responder as perguntas vindas das pessoas que estão assistindo.

Dessa forma, é mais fácil criar uma ligação com o público, extraindo suas emoções, como explicado pela ideia de Pathos.

Isso também pode se expandir para uma conversa, uma negociação, uma discussão. Quando se entende a emoção envolvida, a quem se estar transmitindo a informação e o contexto inserido, você poderá adaptar o seu Pathos a cada situação, entendendo esse conceito, você poderá ser efetivo e convincente em qualquer situação (factível e tangível evindentemente).

Enfim…

Esses conceitos não foram muito aprofundados pois assim eu escreveria basicamente um livro com todas as informação disponíveis na literatura. Mas espero que sirva como um início para aguçar a curiosidade sobre como um filósofo dezenas de séculos atrás pensava sobre um tema que até hoje é visto como atual e relevante.

O que você precisa ter em mente?

  • Seja coerente — “Logos” :

Baseie logica e factualmente seus argumentos.

  • Seja convincente — “Ethos” :

Saiba a melhor maneira de transmitir seus argumentos em diferentes situações.

  • Seja empático — “Pathos” :

Conecte-se com o seu receptor, entenda suas características e emoções.

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Vinícius Machado
#Eudisse
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Jovem universitário e aspirante a escritor. Apaixonado por Criatividade, Inovação e o Mundo dos Negócios. Buscando eternamente meu propósito.