A COROA NÃO É EM VÃO

Gabriel de Araújo Mota
Eurófilos da Bola
Published in
4 min readJul 16, 2020
Foto: Reprodução/AFP

Nesta quinta-feira, o Real Madrid sagrou-se campeão espanhol pela 34ª vez com uma vitória sobre o Villareal. Triunfo por 2 gols a 1, marcados pelo grande protagonista desta conquista: Karim Benzema.

Diante de mais uma estrela para o mar de constelações dos blancos, a coroa de seu distintivo é extremamente pertinente. O grande campeão da Espanha, da Europa e do mundo. Mesmo com um rival sobrenatural, a trajetória foi de supremacia, principalmente na segunda metade da temporada. O 2020 do Madrid não é de brilhantismo extremo, mas sim de uma competitividade imensa. Característica esta que resume o Madridismo em sua essência. Os jogos capitais para esse título são os grandes exemplos desta doutrina.

Real Madrid 2x1 Sevilla

Foto: Reprodução/AFP

O primeiro jogo a ser destacado ganhou contornos dramáticos inesperadamente. O capitão Sergio Ramos não atuou, Benzema começou no banco e de frente com um rival ameaçador, Casemiro assumiu, momentaneamente, o título de herói. Os dois gols do brasileiro desafogaram um Madrid sob pressão e fizeram o Bernabéu suspirar. Havia ali uma esperança de reconquistar a Liga.

Real Madrid 1x0 Atlético

Foto: Susana Vera/Reuters

Este é outro jogo marcante da caminhada. Em um clássico acirrado, como de costume, os blancos precisavam da vitória para se distanciar do Barcelona. Depois de um 1º tempo bastante equilibrado, Benzema decidiu. Em lampejo do flanco esquerdo madrilenho, da parceria Vinicius-Mendy, surgiu o cruzamento da linha de fundo para o “nueve” finalizar. Naquele momento, Zizou via seu time como nos tempos áureos. Sobrevivendo a pressão e alcançando o tiro de misericórdia.

Real Madrid 2x0 Barcelona

Foto: Reprodução/Getty Images/AFP

Analisando a reta final de La Liga, o clássico foi o divisor de águas para o destino madridista. Depois de ver sua vantagem na liderança ser triturada pelos culés e a derrota para City no jogo de ida das oitavas-de-final da Champions League, a pressão atingia o ápice em Valdebebas. Pressão esta escancarada no ambiente provocado pelo Bernabeu. Nas arquibancadas a torcida mais exigente do mundo, no camarote o maior artilheiro da história do clube. Para resolver estava lá um menino abusado, guiado por Toni Kroos ao gol. Vinicius Júnior. Na reta final, marca o improvável Mariano. Vitória na conta de Zinedine Zidane, que apostou no brasileiro como titular e, surpreendentemente, promoveu a entrada do dominicano no fim. Neste momento, a retomada do trono ganhava forma e contexto.

Athletic Bilbao 0x1 Real Madrid

Foto: Reprodução/Getty Images

Os jogos no País Basco são sempre desafiadores para qualquer equipe. No caso do Real Madrid, a rivalidade vai além do campo de futebol e avança para o ideológico. Este é um confronto de contrastes. Um é o gigante que gasta milhões com estrelas de diversas nações do globo. Do outro lado, está um clube que se apega as suas raizes e prioriza jogadores bascos, naturais de sua região. Dentro das quatro linhas, ferve. Mesmo sem o coro de Bilbao, nesta oportunidade não foi diferente. Uma partida recheada de polêmicas e um desfecho fervoroso, característico de Sergio Ramos. Gol de pênalti do capitão. Vitória do Madrid na marra, há 4 jogos do fim.

Diante desta temporada ao melhor estilo madridista, vários foram os pontos positivos extraídos. Sergio Ramos: o retrato do Real Madrid. Não é mais questão de pertencer e sim de ser. O espírito de Marcelo para sobrepôr sua garra a qualquer fase. O crescimento incrível de Casemiro, dono do meio-campo blanco. A ascensão de Federico Valverde, o sucessor de Luka Modric. Vinicius e Rodrygo a vontade, colecionando momentos brilhantes direcionados para os próximos amanhãs. Para Benzema não restam definições. Um atacante silencioso na “Era Cristiano Ronaldo”, que se liberta da sombra. Um Karim que em meio a um coletivo repleto de individualidades fortes, tornou-se protagonista.

Foto: Waleed Ali/Reuters

Para finalizar, seria injusto não destacar o comandante deste time. O grande trabalho de Zinedine Zidane é, além trazer sua filosofia, conseguir trabalhar e orquestrar grandes estrelas. Muitos dos grandes clubes sofrem com problemas de vestiário, devido à vaidades nele contidas, fragmentado-o. Com Zizou, desde sua primeira temporada, o ambiente se tornou respeitoso e digno do maior clube do mundo. Com todo seu respeito universal e sua bagagem no que tange este esporte, o francês se tornou referência. A cada dia propõe seu estilo de forma sútil e natural, o que mostra uma cumplicidade a mais na relação técnico-jogador. Salvo poucos e tristes exemplos, o Madrid cresce como grupo e escreve sua história. O Real Madrid de Zidane. O Real Madrid campeão.

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Gabriel de Araújo Mota
Eurófilos da Bola

Estudante de Jornalismo na ESPM-Rio Social Media na 4dois3um no Twitter.