Jornalismo sem visão crítica

Eu não deixo de me revoltar com a completa ausência de visão crítica mais aprofundada na cobertura midiática sobre as evoluções tecnológicas. Detalhe que a já combalida indústria (digo, a de notícias), é ou será uma das maiores impactadas (https://lnkd.in/d7nq5Zsf) e talvez das mais prejudicadas (https://lnkd.in/dcBhaPNW). Mas continua dando um palco gigantesco e exaltando as maravilhas da (r)evolução tecnológica sem trazer provocações consistentes.

Como se fossem grandes beneficiários, aclamando determinados líderes de algumas organizações com posições e atitudes extremamente questionáveis que buscam este holofote, jogam a rede e pescam adoidado porque os veículos continuam caindo nessas ladainhas.

E, se não confia na minha perspectiva, veja, não sou eu dizendo. É o Reuters Institute que aponta como a cobertura midiática empurra a IA para o hype: https://lnkd.in/dfEef6uT.

Triste ver esse modelo se consolidando ao longo dos ano — trabalhei com e conheci jornalistas que cobriram tecnologia por anos e tinham uma perspectiva extremamente inteligente, análises criteriosas e pensamentos muito ponderados. Gente que admiro até hoje pela capacidade de enxergar pontos de vista contundentes.

Tenho a sensação de que a prática deixou não só de pensar, refletir mesmo, mas de questionar e, assim como vem acontecendo na cobertura política, apenas segue o bonde do jornalismo declaratório. Reflexo, quem sabe, de uma formação que merecia mais atenção, professores que precisariam de mais estrutura e condições de trabalho, revisão de processos e métodos educacionais.

Também ficou fácil empurrar a responsabilidade e culpabilizar o público “que não quer consumir conteúdo de qualidade nem pagar por isso”. Atuar como se a batalha já estivesse perdida para as mídias sociais e o analfabetismo funcional. Deixo aqui uma reflexão/provocação sobre o que está por vir, feita pela The Atlantic: https://lnkd.in/dmyfzwGe

Foto: Pexels — Matheus Bertelli