Incerteza da realidade ou vice-versa

Natacha Portal
Portal Ensaios
Published in
2 min readApr 27, 2011

“Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia” reza, há anos, a máxima popular. Mas a nossa filosofia, por completa relevante, questiona, há milhares de anos, exatamente tudo o que há entre esses extremos. Ela nos faz duvidar das aparências, por em cheque valores e, assim, indagar o que é realmente “real”.

Várias correntes filosóficas discorrem sobre o conceito dessa “realidade”. Os idealistas, como Descartes e Hegel, dizem que não há coisas reais independente da consciência. Toda realidade está na consciência do sujeito. Tratando-se de filosofia, toda possibilidade é provável.

Mas e se um físico falasse a mesma coisa? Físico remete a um cara perdido entre teorias/fórmulas/equações tentando decifrar os mistérios do universo, não é? (Sim, eu assisto TBBT). Pois foi um físico, alemão, herr Heisenberg, que criou o “Principio da incerteza” no qual questiona se o que chamamos de “realidade” é realmente “real” ou apenas produto da nossa própria consciência/concepção. Assim, a realidade dependeria, apenas, de quem a vê.

Quando li sobre o herr supra e seu conceito, fiquei pensando por aqui com meus anéis: Olha que coisa, tanta coisa que acreditamos necessitar e na verdade, poderíamos viver, quizá melhor, sem tê-las.

Aí o que me vem ao pensamento? Indústria Cultural! Massificação! Esse dogmatismo que nos engloba e enfia goela abaixo uma ‘verdade única’, forjando uma realidade que não é minha e nem de muita gente.

Tenho que admirar os cubistas? Sou ‘melhor’ do que aquele garoto do sinal só porque estou num carro? Se a tendência é o colorido, não posso continuar no monocromático? Mas não, né. Eu vejo que é assim, então acredito que assim é.

“Suspeita de toda tentativa de compreensão fechada do mundo por meio de uma rede própria de conceitos — ou malhas largas — que deixam vazar o próprio fundamento maleável da realidade” ADORNO, Theodor.

Como a Dialética do Esclarecimento, clássico da teoria crítica dos pensadores Frankfurtianos, pode estar relacionada à noção de ‘realidade’ do físico alemão, uma das bases da mecânica quântica?

Abuso dizer que tudo está correlacionado? Só é abuso se você pensar que é.

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