A potência transformadora da pesquisa de acessibilidade

Um resumo da apresentação de Isa Meireles na Observe 2020

Nesse artigo, vamos falar sobre a apresentação de Isa Meireles que aconteceu no 4º dia da Observe 2020 na trilha “UX Research que estamos construindo: Um convite ao futuro”. A produção e curadoria desse conteúdo foi realizada por integrantes da comunidade UX em casa: Alice Lazzari, Ariane Protte, Luana Menezes e Lucas Lopes.

A potência transformadora da pesquisa de acessibilidade. Com Isa Meireles

Isa Meirelles é pesquisadora em Comunicação e Moda Acessível. Formada em Relações Públicas, tem especialização em Moda Inclusiva e Audiodescrição. Atua como creator em campanhas com grandes marcas e é uma das lideranças da Deficiência Tech (@deficienciatech), movimento pela maior representatividade de pessoas com deficiência no ecossistema de tecnologia no Brasil.

Na palestra, compartilhou com a gente como que a tecnologia é capaz de eliminar as deficiências. Esta palestra é sobre a transformação da inclusão em acessibilidade, e sua potência em equiparar os acessos para a diversidade de usuários. Não há usuários com deficiências, mas sim, produtos e serviços criados por poucos e para poucos.

Acessibilidade e Inclusão

Audiodescrição é um recurso essencial para pessoas com algum tipo de deficiência visual.

Acessibilidade é uma metodologia. Existem diferentes dimensões de acessibilidade (cerca de 6 dimensões), todas com o princípio de viabilizar acessos para a diversidade funcional das pessoas, dos corpos, de maneira que todos consigam acessar alguma coisa, algum produto ou serviço.

• Arquitetônica (mais conhecida)
• Digital
• Metodologica
• Informacional
• Comunicacional

Inclusão é uma forma de pensar e agir enquanto sociedade.

Uma grande barreira da acessibilidade é entender que ela não é apenas para pessoas com deficiência. Inclui a diversidade funcional de corpos, por exemplo os corpos que estão envelhecendo.

Pensar em deficiência apenas como algo permanente é ter uma visão reduzida sobre deficiência. Existem outras como deficiências situacionais (algum membro limitado por conta de uma ação. Ex: uma mãe carregando um bebê de colo). E deficiências temporárias (limitação funcional por um período mais extenso de tempo. Ex: quando você quebra o braço e fica com a função corporal limitada por tempo determinado).

O conceito acima, de que a deficiência não é apenas permanente, é abordado pelo Design Inclusivo da Microsoft, usado na aplicação de design inclusivo para criação de produtos e serviços.

Atualmente no Brasil, ¼ da população (aproximadamente 45 milhões de brasileiros) têm algum tipo de deficiência: auditiva, cognitiva, motora, visual e física (diversidade funcional). Globalmente, são 1 bilhão de pessoas com deficiência (tendência a aumentar). Motivos pelos quais é preciso focar cada vez mais em pesquisa de acessibilidade para conseguir construir experiências futuras mais acessíveis para o maior número de pessoas.

Atualmente no Brasil, ¼ da população (aproximadamente 45 milhões de brasileiros) têm algum tipo de deficiência

Como fazer pesquisa de acessibilidade para entender a diversidade de usuários?

3 boas práticas

1 — Entender a forma como essa pessoa se comunica. Quais sentidos e plataformas para acessar informação? (Exemplo: se existe alguém com algum tipo de deficiência visual, é preciso fazer uma descrição do contexto visual do que se está apresentando).

2 — Quais tecnologias os usuários acessam o meu produto e/ou serviço?

Existe uma ampla gama de tecnologias assistivas que ampliam as habilidades funcionais de pessoas com deficiência (Exemplos: teclado em braile para pessoas surdas/cegas, leitor de tela para pessoas cegas, etc). Essas tecnologias viabilizam que pessoas com mobilidade tenham acesso a um produto ou serviço.

Fazer testes e pesquisas com usuários que usam esses tipos de tecnologia é essencial!

3 — Pergunte! Sempre perguntar para o usuário como ele se comunica, ou como ele prefere se comunicar. Qual formato de conteúdo ele consegue se comunicar? Com quais tecnologias ele acessa o universo digital? E, principalmente, quais são as suas dores? Usar metodologia de pesquisa que englobe mais a diversidade funcional! Isso é essencial para construir experiências mais inclusivas para todo mundo.

Perguntas e Respostas ao vivo

• Desenho Universal x Acessibilidade (ou Design Universal x Design Inclusivo): o primeiro deve atender a todo mundo, já o segundo busca projetar para o maior número de pessoas possível.
• Criação de produto acessível x Adaptação para produto acessível. É preciso pensar na acessibilidade desde o princípio na criação do produto ou serviço.
• Lei da Acessibilidade: qualquer indivíduo tem direito a ter acesso a tudo que está online (a lei existe mas não é cumprida e fiscalizada).
• Recrutamento de pessoas com deficiência para pesquisas: deficiência tech. Abordagem: entender qual acessibilidade a pessoa precisa.
• Plataformas para entrevistas online disponíveis hoje não são 100% acessíveis. O ideal é perguntar qual o usuário prefere, se ele sugere alguma.
• Ferramenta citada: lookback.
• Deficiência Cognitiva: precisa de muita atenção na questão de estímulos visuais.
• Uso do TODES é recomendado, pois X e @ não é acessível oralmente e o leitor de telas também não entende (pensar que essas mudanças na linguagem não chegam a maioria da população).
• Locais para recrutamento: grupos de facebook e comunidades existentes da deficiência específica.
• Ler Manual de Design Inclusivo da Microsoft.
• Aprender com a diversidade para criar mais produtos inclusivos.

Links Compartilhados

• Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
• Todos por Acessibilidade
• Guia de desenvolvimento móvel acessível focado em pessoas com deficiência visual
• Guia de acessibilidade de interfaces para pessoas com autismo feito por Talita Pagani
• Módulo gratuito sobre design inclusivo da Leiautar
• Manual de acessibilidade em documentos digitais
• Secretaria de governo digital — Acessibilidade
• Como um deficiente visual trabalha com programação no Google
• Artigo sobre linguagem neutra
• Produtos e recursos de acessibilidade do Google

Para continuar o assunto:

• Tipos de Deficiência
• Audiodescrição é importante recurso para acessibilidade
• O que é inclusão social?
• A importância de pensar empatia e inclusão dentro de UX
• Design como uma ferramenta de inclusão: como começar a falar de acessibilidade na sua empresa
• A (in)visibilidade da acessibilidade e inclusão nos eventos de Design
• 7 plataformas de cursos de libras online e gratuitos

E aí, curtiu?

A Experiência Observe e a comunidade UX em Casa se juntaram em uma iniciativa para tornar mais acessível o conteúdo da conferência brasileira de pesquisa de experiência. Iniciamos uma série de artigos que resumem cada apresentação da Observe 2020 onde você poderá rever os principais pontos discutidos durante as palestras e apresentação de cases, além de conferir uma curadoria de materiais para quem quiser se aprofundar um pouco mais nos assuntos. Confira os resumos de todas as apresentações da Observe 2020 aqui no nosso Medium.