O que faço como Pesquisador Sênior?

Um resumo da pílula com Lívia Gabos na Observe2021

UX em Casa
Experiência Observe
4 min readDec 3, 2021

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A produção e curadoria desse conteúdo foi realizada por integrantes da comunidade UX em Casa: Ale Sassaki, Leticia Emidio, Lucas Lopes e Natalia L’Abbate

O que faço como Pesquisador Sênior?

Lívia Gabos

Trabalho há mais de 10 anos com a área de UX Design e Acessibilidade. Formada em Sistemas de Informação e Mestrado em Ciência da Computação. Já dei aulas de programação para pessoas com deficiência visual na ADEVA. Hoje trabalho como Accessibility Product Owner na Hand Talk. Tenho 2 gatinhos malhados, um preto com manchas brancas e um branco com manchas pretas.

Contexto

A Lívia trabalha na Hand Talk, empresa que conta com menos de 100 pessoas, sendo que a equipe de Produtos tem menos de 15 pessoas e, em UX Design, são apenas em 3: A Livia e mais duas mulheres, sendo uma delas iniciante na carreira e também surda. No mais, contam com uma equipe de IA, cientistas de dados, desenvolvedores e linguística.

Trabalho

  • Planejamentos e previsões (de acordo com projeto ou produto)
  • Autonomia de escolha dos métodos de pesquisa (uma das principais responsabilidades de seu trabalho)
  • Balancear o tempo e as necessidades do projeto (a parte mais difícil)

Causo

Lívia nos contou um processo de teste de usabilidade com pessoas surdas para o produto Hand Talk Plugin, um plugin de tradução de português para Libras utilizando avatares instalados nos sites dos clientes.

Contexto do Projeto

A necessidade de realizar um teste de usabilidade surgiu quando estavam trabalhando no redesign do plugin e perceberam que não tinham conhecimento de nada sobre essas pessoas.

  • Objetivo principal de melhorar a experiência de pessoas que utilizavam a interface pelo celular
  • Não tinham informações sobre o perfil dessas pessoas

Então a Livia decidiu criar um protótipo funcional, criado pelos desenvolvedores, para testar a usabilidade com as pessoas usuárias.

Motivos

Isso porque estavam criando a interface toda do zero, tanto para celulares quanto para desktops, então algumas hipóteses precisavam de mais informações. A função principal do produto precisava funcionar e, como o acesso às pessoas usuárias era muito difícil, provavelmente conseguiriam chamar pessoas surdar para testar o produto, mas que talvez nunca tivessem utilizado ele antes.

Planejamento

Na parte de planejamento, Livia nos conta que já tinha feito testes de usabilidade de maneira presencial, mas nunca antes de maneira remota, nem mesmo com pessoas surdas.

Inicialmente, ela tinha previsto pelo menos o dobro do tempo que levaria para fazer um teste de usabilidade mais usual, isso por conta da Libras, pois ela conhece um pouco, mas não é fluente. Daí você pode estar se perguntando “Ué, mas não tem uma pessoa surda na sua equipe de UX Design?”. E sim, tem uma pessoa surda, mas ela é uma pessoa iniciante e esse seria seu primeiro teste de usabilidade! Por conta disso, a Lívia chamou a equipe linguística para ajudar na criação dos roteiros e das perguntas para o teste de usabilidade.

Criaram perguntas relacionadas às hipóteses que tinham, e aos poucos as intépretes foram entendendo como o teste funcionaria — e que não seria tão fácil assim para elas. Isso porque é comum que as intérpretes expliquem um pouco mais para dar um contexto melhor para as pessoas, então elas fazem algumas observações e/ou referências visuais para explicar o que está acontecendo ou para dar um contexto maior.

Decidiram fazer um piloto interno com algumas pessoas surdas que estavam na empresa, mas não diretamente ligadas com o produto que iam testar, mas… Deu tudo errado!

  • O produto não era o problema
  • A comunicação não estava funcionando
  • O roteiro foi criado em português e adaptado para Libras

Para solucionar isso, mudaram o roteiro do teste, e desta vez, priorizando a parte em Libras.

Execução dos Testes

Com o roteiro refeito, rodaram os testes de usabilidade. A UX Designer surda ficou como observadora, para aprender mais sobre o processo. As intérpretes que ajudaram na criação do roteiro também ajudaram na interpretação de todos os testes.

Os testes foram feitos em celulares e computadores de mesa, mas um detalhe importante é que a pessoa surda precisa sempre ter a visão da pessoa intérprete, para que possa se sentir segura caso haja algum problema ou dúvida!

Tiveram algumas dificuldades quanto a isso. Uma das pessoas que participou do teste teve problemas para dividir as janelas e ficar com as intérpretes visiveis, e outra não estava em casa e tentou fazer o teste só com o celular, pois ela não tinha entendido muito bem como funcionariam os testes. Acabaram remarcando e no final, deu tudo certo.

Conclusão

Terminaram a execução dos testes, mas houveram outros detalhes que precisavam adaptar e que foram mudando conforme foram aprendendo a fazer o recrutamento e os testes.

Diquinhas da Lívia

  • Pessoa iniciante, acompanhe o teste com uma pessoa experiente
  • Entenda as deficiência e necessidades de cada perfil de pessoa
  • Com pessoas surdas, priorize a criação das atividades em Libras
  • Faça um piloto com o perfil das pessoas que você irá testar

Para Saber Mais

Livros

  • UX Research com Sotaque Brasileiro
  • UX Research: Practical techniques for designing better products

Artigo

A usabilidade de avatares de libras em sites: análise da interação de usuários surdos por meio do rastreador ocular

Vídeo

E aí, curtiu?

A Experiência Observe e a comunidade UX em Casa se juntaram em uma iniciativa para tornar mais acessível o conteúdo da conferência brasileira de pesquisa de experiência. Iniciamos uma série de artigos que resumem cada apresentação da Observe 2021onde você poderá rever os principais pontos discutidos durante as palestras, pilulas e paineis, além de conferir uma curadoria de materiais em alguns artigos para quem quiser se aprofundar um pouco mais nos assuntos. Confira os resumos de todas as apresentações da Observe 2021 aqui no nosso Medium.

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Comunidade e grupo de estudos para quem está começando agora na área, com intuito de democratizar o conhecimento em UX.