#03, Simon & Garfunkel, “Sounds of Silence”

Tales Marques
experimentales
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2 min readSep 4, 2017

O primeiro contato que tive com a obra dessa dupla, que definitivamente estão entre os artistas mais proeminentes da música folk americana, foi em uma edição brasileira da coletânea “The Definitive Simon & Garfunkel”. Me lembro de revezar junto do meu irmão Rafael Marx, entre esse disco e uma outra coletânea de Milton Nascimento, como os CDs que colocávamos no microsystem para ouvir enquanto a gente se preparava pra dormir.

Desde essa época, eu me afetava pelo pesar do som da dupla, com o seu folk rock de arranjos simples mas bastante marcantes. Foram diversas noites dormidas enquanto ouvia o som dos dois, no entanto não havia tido contato com outras obras deles além dessa coletânea ou de músicas perdidas em uma ou outra playlist.

Parte desse projeto tem a ver com esse caráter também, o de resgate de músicos e artistas que tiveram uma importância pra mim no passado, mas acabaram sendo deixados de lado conforme tinha acesso a outros tipos de música. No próprio gênero do qual fazem parte, já ouvi muito de outros grandes artistas como a divindade Bob Dylan, os Beatles na fase Rubber Soul e Crosby, Still, Nash & Young, mas apenas o primeiro talvez tenha produzido um álbum tão conciso e bem construído dentro do gênero, quanto Paul e Art.

Simon & Garfunkel, “Sounds of Silence” (1966)

O disco que tem apenas 28 minutos de duração, representa em suas letras a melancolia, a escuridão e o isolamento pelos quais os artistas passavam. Mas é imprescindível pontuar como eles aplicam arranjos mais animados, com batidas mais movimentadas, trazendo um quê de otimismo para produção das músicas. O mais interessante desse álbum, no entanto, é definitivamente como ele se reveza claramente entre uma música mais agitada e uma mais leve.

Isso faz, portanto, que o ouvinte tenha tempo para absorver o sentimento passado pela música, mas sem se deixar bater por completo por ele. O contraste que existe entre a primeira, com um arranjo mais triste, e a segunda faixa, com um arranjo mais animado e uma bateria mais agitada, já dá o tom logo no início do álbum.

Arrisco dizer, mesmo que possa ser taxado de elogiador barato, que esse seja um dos discos mais inteligentemente produzidos na música americana. Curto, com uma quantidade boa de músicas (11), canções que dialogam diretamente entre si, tanto nos arranjos quanto nas letras, além de um trabalho visual muito bem feito, com um encarte muito bonito. Vale muito a pena conferir, várias e várias vezes!

AVALIAÇÃO: ótimo!

PS: Tô apaixonadíssimo nesse álbum.

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Tales Marques
experimentales

Música, cinema, quadrinhos e café. RP, produtor artístico e propagador de ideias.