#04, Rodrigo y Gabriela, C.U.B.A.,“Area 52”

Tales Marques
experimentales
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3 min readSep 4, 2017

Faz cerca de um mês que um amigo me indicou o som de Rodrigo y Gabriela, e esse meu primeiro contato se deu na versão muitíssimo bem arranjada na guitarra flamenca, de Stairway to Heaven. Fazer uma interpretação de um clássico como essa música do Led Zeppelin, sendo único e respeitando o material original, é algo extremamente louvável.

Conhecer a dupla por meio desse som me fez criar um grande interesse pelas produções deles. Foi então que apareceu, em mais uma navegação pela aba de “Descobertas” do Spotify, o álbum “Area 52”, que imediatamente entrou na minha lista de discos salvos. No entanto, eu juro que não esperava nada igual à experiência proporcionada por ouvir esse som. O cover de Stairway to Heaven trazia um arranjo muito interessante, dançante como a salsa e outras músicas tipicamente latinas, mas com um tom forte de progressividade.

Rodrigo y Gabriela, C.U.B.A., “Area 52”, 2012.

Antes de ouvir o disco, imaginei que essa progressividade vinha principalmente do fato da dupla estar fazendo uma versão de uma música que já trazia esse tom. Me surpreendi muito quando, ao começar a escutar “Area 52”, notei que essa progressividade era tão característica do que Rodrigo y Gabriela produziam, quanto das produções do rock clássico do Led Zeppelin.

Mais interessante ainda é o fato de que não está presente ali só uma progressividade relacionada com o rock (nesse caso, o heavy metal principalmente), mas também uma progressividade do jazz. A percussão guia o tempo, apresentando quebras tipicamente jazzísticas, o que dá um tom ainda mais animado para a música. Além disso, o jazz e a música latina se fundem, ao ter uma presença muito constante de metais, que hora soam com um arranjamento mais próximo da salsa, e hora soam com algo próximo da música de origem negra americana.

Além de um som extremamente inovador, animado e cheio de nuances, outro detalhe muito interessante do disco são as participações com as quais ele conta. Desde John Tempesta, um baterista de heavy metal extremamente influente, passando por Anoushka Shankar, sitarista clássica e filha de Ravi Shankar, o tocador de sítara mais importante da música indiana mundialmente, até grandes nomes conhecidos internacionalmente, mas com um caráter regionalista, como Carles Benavant e Le Trio Joubran.

O som de Rodrigo y Gabriela é algo como nunca havia escutado, talvez tenhamos na cultura pop alguns grupos que tenham se aproximado, ao juntar a música latina e a progressividade do rock, como o Santa Esmeralda. Porém nada é tão original, nada é capaz de atingir estilos e conversar com eles da maneira que a dupla o faz em suas produções. Recomendo muito a audição, não só de “Area 52”, mas de toda a discografia deles.

AVALIAÇÃO: nunca ouvi nada igual!

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Tales Marques
experimentales

Música, cinema, quadrinhos e café. RP, produtor artístico e propagador de ideias.