#12, HAIM, “Something To Tell You”
De tempos em tempos a música pop acaba sendo influenciada por certos fatores, que fazem com que ela se reinvente. Nos últimos tempos nós temos dois elementos tem sido muito atuantes nessas mudanças, o crescimento do softrock no cenário, como vimos com o novo disco do Harry Styles, e um amadurecimento da parte lírica das músicas.
O HAIM desde o lançamento de seu disco de estréia, “Days Are Gone”, tem trazido ambos desses tons para a sua música. O estilo de rock mais suave, sempre atrelado ao pop, é aparente em quase todas as suas composições. Já em relação a suas letras, o primeiro disco já traz exemplos de letras muito profundas e reflexivas falando sobre relacionamentos em suas diversas instâncias.
O segundo álbum do grupo “Something to Tell You”, lançado a pouco mais de dois meses, traz uma importância ainda maior a essas letras. As músicas se distanciam do chicletismo do som pop atual, dando importância em todas as músicas para esse caráter de profundidade nas composições. Em 2014, as artistas tiveram um encontro especial com Stevie Nicks (ex-Fleetwood Mac) em sua mansão, o que pode ter tido alguma influência nesse crescimento lírico do grupo.
Além disso, o trabalho apresenta um amadurecimento do grupo nos ingredientes do álbum. O primeiro disco trazia uma mistura de harmonias de soft rock com batidas eletrônica e cheias de pop. Já esse álbum acrescenta de nuances que remetem ao R&B e ao Soul, principalmente em relação as harmonias vocais, que provavelmente são os principais destaques desse novo álbum.
Trabalhando com o produtor de seu primeiro álbum Ariel Retschshaid e com o apoio de outros grandes músicos como Rostam Batmanglij, BloodPop, Twin Shadow e Dev Heynes, o grupo produz arranjos ainda mais interessantes do que em seu trabalho de estreia. A principal força continuam sendo as batidas que talvez venham da iniciação musical das irmãs como bateristas, os instrumentais todos são harmoniosos e compassados dando esse caráter muito dançante ao som do trio.
É difícil ver trabalhos na cultura pop de hoje em dia que referenciem tão diretamente o synthpop, não só pelas batidas que grudam na cabeça, mas pelo caráter triste de suas letras combinados com a pegada dançante. O som do Haim é capaz de te fazer chorar enquanto dança alegremente, como poucos sons conseguem fazer hoje em dia.
O grupo mostra seu amadurecimento, não só por essa maneira como trata a composição de suas músicas, mas por todo o conjunto dessa obra. Que consegue marcar as referências antigas e atuais das irmãs em sua cabeça, além de manter sua identidade, devido ao envolvimento direto das artistas na produção de sua música. O pop precisa de mais artistas como essa tríade de meninas talentosas e que explicitam de maneira visceral todos os sentimentos bons e ruins em sua música.
AVALIAÇÃO: 8/10
É um ótimo álbum, cheio de arranjos e harmonias que apresentam técnica e ideias inovadoras em um só som.