Salvando Vidas: mapeamento, contenção, prevenção, monitoramento.

Por suas características naturais — relevo montanhoso e chuvas intensas no verão — e pelo precedente de ocupação de encostas, o Rio ficou marcado por episódios trágicos ao longo de sua história. A prevenção do risco geológico e de suas consequências para a população é uma prioridade para a Prefeitura do Rio. Consciente de que a geografia da cidade, entre a montanha e mar, não apenas torna sua paisagem única, mas também impõe profundos desafios urbanísticos e sociais, o Poder Público encomendou à Fundação Geo-Rio, em 2010, um mapeamento completo das áreas de risco do município. O trabalho surgiu no esteio das fortes chuvas que se abateram sobre o Rio em abril daquele ano, quando 67 pessoas morreram e 1.578 ficaram desabrigadas na Capital.

A Prefeitura do Rio tomou a iniciativa de produzir um documento inédito e com alto grau de detalhamento e sustentação técnica, sobre as áreas mais vulneráveis do território. O mapeamento identificou 196 comunidades no Maciço da Tijuca e na Serra da Misericórdia, sendo que 117 localidades possuíam áreas de alto risco de deslizamentos. O trabalho mostrou que o perigo atingia diretamente 29.536 domicílios, de um universo de 112.323 moradias nessas comunidades, onde moram, de acordo com o levantamento, mais de 380 mil pessoas.

O mapeamento das comunidades foi o primeiro passo para a criação do Plano Municipal de Gestão de Risco da Cidade do Rio de Janeiro. O trabalho se concentrou no Maciço da Tijuca e na Serra da Misericórdia por terem esses locais amplo histórico de problemas causados pelas chuvas.

O estudo permitiu à Prefeitura dar a partida a um pacote de obras de prevenção de risco geológico, de modo a proteger os cariocas. Foram (e ainda estão sendo) executadas intervenções para recuperação de terrenos instáveis, sempre tendo como diretriz minimizar a necessidade de reassentamentos, garantindo assim que menos famílias tenham que sair de suas casas. A desocupação ocorre só em último caso, quando as obras estabilizantes não são suficientes para assegurar a permanência de construções em determinados locais, por conta das condições e topografia dos terrenos.

Com essas ações, 5.583 famílias não precisaram sair de suas casas porque as obras estabilizantes afastaram o risco de desmoronamentos.

Antes e depois de obras de contenção no Morro dos Prazeres.
Antes de depois de obras de contenção Comunidade Joaniza, Ilha do Governador.

Nesta gestão, a Prefeitura do Rio já contratou R$ 608 milhões em obras de contenção de encostas, de 2009 aos dias atuais. Desse total, R$ 469 milhões em obras já executadas e R$ 139 milhões em execução. A Prefeitura do Rio possui convênios com a União e aguarda a liberação total de R$ 220 milhões para uso em obras de contenção, dando prosseguimento aos investimentos já executados pelo município.

Antes e depois de obras de contenção no Rio Comprido.

COMO FOI FEITO O MAPEAMENTO

Para atingir o máximo nível de detalhamento, o mapeamento da Geo-Rio utilizou método de topografia com uso de raio laser e imagens em alta definição processadas por computador. Foram vistoriados 13 milhões de metros quadrados — uma área equivalente a cerca de 1.205 campos de futebol.

Projetos executivos foram detalhados a partir das características de cada comunidade. De posse desses documentos, a prefeitura pode solicitar recursos emergenciais do governo federal — algo que costuma ser mais difícil para municípios onde não há quadros técnicos e mapeamentos com qualidade para embasar decisões de engenheiros.

Com a posse desses dados, coube à Geo-Rio definir quais áreas poderiam ser recuperadas e continuar sendo ocupadas por moradias e quais teriam que passar por reassentamentos. O foco é claro: manter os moradores em suas casas é prioridade.

8.1) SISTEMA DE ALERTA E ALARME — SIRENES

O envolvimento da população e a divulgação de informações precisas e em tempo real são determinantes para o sucesso das ações emergenciais. A partir de 2011, além das obras de contenção de encostas, a Prefeitura do Rio implantou _ com base nas informações do mapeamento da Geo-Rio _ um Sistema de Alerta e Alarme composto por 165 conjuntos de sirenes em 103 comunidades, que dispara sempre que os agentes do COR identificam a necessidade de mobilização em larga escala.

O sistema é acionado de acordo com as informações processadas a partir de análises meteorológicas. As sirenes estão espalhadas nas áreas com maior risco de deslizamentos da cidade, e auxiliam moradores em comunidades como Alemão, Borel, Formiga e Morro dos Macacos (na Zona Norte), Rocinha e Vidigal (na Zona Sul), Jardim do Carmo e Inácio Dias (na Zona Oeste) e na região de Santa Teresa. Mais de 7 mil voluntários fazem parte desse programa, que visa à rápida mobilização para os casos em que é necessário buscar áreas livres de riscos de deslizamento ou inundação. Desse contingente, 3.745 são agentes equipados com celulares que recebem mensagens de texto sempre que um episódio de risco é identificado. Esses voluntários formam os Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDECs).

As ações para minimizar os problemas causados pelas tempestades vêm tendo sua eficácia comprovada a cada verão. De 2011 a 2015, com a combinação de mapeamento, obras de contenção de encostas, reassentamentos pontuais e implantação do sistema de sirenes, não houve registros de óbitos causados por deslizamentos de terra na cidade.

Comunidades com sistema de sirenes / Número de sirenes por área:

8.2) CENTRO DE OPERAÇÕES RIO

A preocupação com a segurança dos cariocas levou a prefeitura a investir em tecnologia de prevenção e de pronta resposta contra transtornos decorrentes de desastres naturais e demandas da operação diária de uma grande metrópole. A cidade passou a contar com o Centro de Operações Rio, inaugurado em 2010 para coordenar ações emergenciais, reunir informações que embasam decisões e ser um órgão de referência para autoridades e população.

Projeto pioneiro no Brasil, o COR é o centro de decisões da cidade, fundamental para o monitoramento diário, resolução rápida de emergências, planejamento para grandes eventos e previsão de ocorrências meteorológicas extremas. Desde quando foi inaugurado, em um moderno prédio na Cidade Nova, o COR auxilia gestores, técnicos, equipes de emergência e funcionários de vários órgãos públicos e concessionárias. Os equipamentos com tecnologia de ponta são capazes de processar 120 camadas de dados, exibidas em um telão de 46,5 metros quadrados — o maior da América Latina, composto por 80 monitores de 36 polegadas.

Cerca de 30 órgãos municipais, estaduais e de concessionárias atuam no COR, que reúne cerca de 400 profissionais, operando em três turnos, 24 horas por dia — e em todos os dias da semana. O trabalho é auxiliado por imagens captadas por mais de 900 câmeras espalhadas pela cidade.

http://www.cor.rio/

8.3) RADAR METEOROLÓGICO E PLUVIÔMETROS — DE OLHO NO CÉU

O Rio também mandou comprar um radar meteorológico próprio, que assegura o recebimento de informações confiáveis e em tempo real, alertando a população em casos de risco de chuvas e ventos que ofereçam riscos. O equipamento, instalado no Sumaré em 2011, é monitorado 24 horas por dia por uma equipe de meteorologistas de plantão no COR. Com ele, é possível monitorar uma área com 250 quilômetros de raio, com estimativa precisa de níveis pluviométricos e de quais bairros da cidade serão mais afetados. As informações são refinadas com o auxílio de uma rede de pluviômetros com mais de 100 equipamentos espalhados pela cidade.

8.4) CONTROLE DE ENCHENTES — AÇÕES NA TIJUCA E EM JACAREPAGUÁ

Além do trabalho de contenção de encostas, para evitar deslizamentos, a Prefeitura do Rio tem se empenhado em obras que minimizem os riscos de alagamentos. O mais eloquente exemplo desse trabalho é o projeto de construção de cinco reservatórios para o controle de cheias na Grande Tijuca. O projeto tem a meta de por fim no histórico de inundações na área. O primeiro dos reservatórios, na Praça da Bandeira, saiu do papel em 2013, minimizando os transtornos num dos eixos viários mais importantes da cidade, que liga o Centro à Zona Norte.

Outros três reservatórios, construídos lado a lado no subsolo da Praça Niterói, foram inaugurados em outubro de 2015. Sobre os piscinões foi construída uma ampla área de lazer para os moradores, com quadras de esportes e academias de ginástica ao ar livre. Em junho de 2016, foi inaugurado o reservatório da Praça Vanhargem. E ainda em 2016 será entregue o desvio e túnel extravasor do Rio Joana, que permitirá que parte da vazão desse rio tenha um deságue independente na Baía de Guanabara. Hoje o Joana desemboca no Canal do Mangue. Juntos, todos os reservatórios tem capacidade para armazenar 119 milhões de litros de água de chuva.

Imagem de arquivo dos alagamentos históricos da Praça da Bandeira.
A obra do reservatório da Praça Niterói, antes da urbanização da praça.
A nova Praça Niterói, já urbanizada, sobre a laje que cobre o reservatório.

Outro projeto nessa área é a Reabilitação Ambiental de Jacarepaguá, que vem aumentando a capacidade de escoamento das águas pluviais, reduzindo significativamente as enchentes na região e beneficiando 350 mil moradores. Até o momento, a Prefeitura do Rio entregou parte deste legado ambiental, com a conclusão das obras de macrodrenagem em 10 rios, de um total de 15 cursos d’água. Fruto de uma parceria com o Governo Federal, as obras de macrodrenagem de Jacarepaguá envolvem investimentos de R$ 369,18 milhões no controle de enchentes da região. Já foram finalizadas intervenções nos rios Córrego da Panela; Itanhangá/ Amendoeira (afluente); Papagaio; São Francisco; Cachoeira; Muzema, Retiro e Sangrador. No Rio Banca da Velha, as obras estão na fase final. São intervenções essenciais no controle de enchentes, com implantação da calha de projeto de cursos d’água, dragagem e ações de educação ambiental.

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