Chapada dos Veadeiros — Alto Paraíso de Goiás.
Para quem não é de carnaval como eu, planejar o que fazer nesse período se torna bem complicado. Mesmo fugindo das cidades carnavalescas, o turismo no Brasil se torna mais caro do que já é (sim, eu acho o Brasil um país muito caro para, nós brasileiros, turistarmos). Porém, esse ano, decidida a não passar o carnaval na cidade abandonada, me planejei para conhecer um lugar que estava há muito nos meus planos: a Chapada dos Veadeiros, em Goiás.
Tudo começa por entender que você não vai conseguir conhecer todos os atrativos da Chapada em apenas uma ida, a não ser que você tenha muito tempo e muito preparo físico. O complexo da Chapada dos Veadeiros é imenso e os trekkings são puxados: em 4 dias, fiz um de 10km e o outro de 12km em terreno bastante acidentado e com muita subida. Não se engane se alguma agência quiser vender pacote dizendo que é leve, não é. Uma senhora do meu grupo "caiu" nesse papo e deixou de fazer os passeios na sua integralidade. Preparo físico é essencial.
Então, para chegar a Alto Paraíso de Goiás, um dos pontos de partida para as atividades do Complexo, exige um bom tempo de deslocamento. A primeira parte da viagem é chegar em Brasília. De Porto Alegre até lá, são 2:30 de vôo. Chegando lá, você precisa ir a Alto Paraíso, e aí, são mais 230km, 3hs de carro. Você pode também escolher ficar em São Jorge, um vilarejo bem mais charmoso, mas com bem menos infra-estrutura que Alto Paraíso.
Com esse perrengue todo para chegar, o que resta do primeiro dia é um almoço tardio, uma caminhada pela rua principal e, confie em mim, descansar na pousada para se preparar para os trekkings.
CATARATAS DO RIO DOS COUROS
Meu primeiro desafio foi o trekking da Catarata do Rio dos Couros. Após o café da manhã a agência pega o grupo nas pousadas e são 57km de estrada até o ponto inicial do trekking. Chegando lá os guias anunciam 2 tipos: o curto, de 1,5km para chegar na catarata (mesmo para voltar, morro acima) e o longo, 5km (mais 5km para voltar) com promessa de vistas de perder o folêgo. Como não sou de fazer corpo mole, escolhi o longo… E foi meu "batismo"… Foi sofrido, a respiração ficou ofegante, as pernas ameaçaram parar… Mas os colegas de trilha foram sensacionais e ajudaram muito.
A primeira parada é para ver uma das quedas mais impressionantes da Cascata do Rio dos Couros. Fotos dificilmente mostram a grandiosidade dela, um vídeo mal feito de celular (como o abaixo ;-)) faz essa tentativa. É recompensador:
Morro acima, morro abaixo e quadríceps pagando os pecados, chegamos no paredão, outra queda muito bonita, onde passamos um tempo para lanche, descanso e banho para quem gosta. Os guias reforçam sempre que a paisagem da Chapada muda muito conforme a época: chuvas ou seca. Fevereiro é mês de chuvas e as cachoeiras estão a pleno vapor. Em época de seca, é possível chegar atrás das quedas do paredão.
Mais morro acima, chegamos finalmente de volta a Van e paramos para um almoço tardio num restaurante simples, de moradores da região, no meio do nada.
VALE DA LUA / CACHOEIRA ALMÉCEGAS I
No 3o dia na Chapada, o 2o e 3o passeios foram um pouco mais leves. Pela manhã fomos ao Vale da Lua, uma propriedade particular com formações rochosas que se parecem com a lua (ou não). O mais impressionante é saber que essas formações foram esculpidas pelas águas ao longo de milhares de anos. Esse lugar acabou ficando conhecido por uma minisérie de TV, onde a Paola Oliveira tomou banho nua. Imagina se não foi o suficiente para encher de turistas querendo fazer o mesmo?? Mas é proibido, viu gente? Nada de tentar fazer a Paola no Vale da Lua :D
Após o Vale da Lua, a visita é a na Cachoeira das Almécegas I, Fazenda de São Bento. Uma queda de 45mt de altura onde é possível fazer rapel. Não, não fiz ;-)
PARQUE NACIONAL / SALTOS DO RIO PRETO
No 4o dia, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que tem sua entrada pelo vilarejo de São Jorge. No total, uma caminhada de 12km, que não seria um horror não fossem os seguintes fatores: morro abaixo, morro acima, terreno acidentado, sol na cabeça. Vale a pena? MUITO! É lindo! Mas preciso ser honesta: por muitas vezes pensei em desistir (e obviamente, não podia :P)
A primeira parada é para ver o salto de 120m! Algo realmente impressionante. Em seguida, o de 80m onde é a parada para lanche, descanso e banho! Confesso que achei a parada um pouco longa! Mas o pessoal que curte um banho de cachoeira não queria mais ir embora!
Mais uma longa caminha e a parada nas ditas hidromassagens naturais das Pedreiras. Tranquilamente o lugar mais lindo do parque, na minha humilde opinião. É uma combinação linda de cores.
A caminhada final, e não menos dolorida, até a saída do parque e merecido descanso ao final do dia!
CACHOEIRA DAS LOQUINHAS
O último dia é de uma caminhada super tranquila para encerrar a visita a Chapada. Para chegar a cachoeira das loquinhas, faz-se uma caminhada de 1,5 km em uma passarela de madeira suspensa e mata ciliar de galeria. São sete poços de água cristalina, com destaque, obviamente, para o último. Muito cuidado no entanto, no dia que fui, uma senhora, usando o apoio de corda da passarela, apertou uma lagarta venenosa com a mão e foi parar no hospital para se medicar! Sempre bom cuidar onde pisa e onde encosta. A propósito, dizem os guias, que durante o dia, dificilmente cobras são vistas nos caminhos dos trekkings. Aparentemente, elas se afugentam com o barulho. Mas… nunca se sabe, não é mesmo? Cuidado é sempre bom! Alias, repelente e protetor solar também e em grandes quantidades #ficadica
Esse passeio dura apenas uma manhã. Retornamos a cidade, pegamos as malas, fizemos o último almoço juntos em grupo e rumamos ao aeroporto de Brasília.
Ah! Não dá pra esquecer: você tenta fugir do carnaval, mas o carnaval te acha. Olha o "desfile" que rolou na terça de carnaval pela rua principal de Alto Paraíso:
