Copenhagen — A cidade mais feliz do mundo! Será?

Karina Kohl
Exploradores
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7 min readJul 9, 2018

Minha visita a Copenhagen foi uma consequência da minha ida a Suécia para um congresso em Gotemburgo… Estando na Escandinávia, fiquei na dúvida para os 3 dias que eu teria para escolher uma segunda cidade: ficar na Suécia e visitar Estocolmo, ir para a Finlândia e conhecer Oslo ou descer para a Dinamarca e conhecer Copenhagen. E essa foi minha opção: bora conhecer a dita cidade mais feliz do mundo.

Eu curto muito a mobilidade que os trens oferecem na Europa. É a opção mais barata? Nem sempre, mas é sempre uma possibilidade de ver lindas paisagens de cidadezinhas do interior que muito provavelmente não seriam visitadas. E foi assim que fui de Gotemburgo para Copenhagen: numa viagem de 3:30 de trem. Os últimos 30 minutos de viagem são pela ponte Øresund, que foi construída na década de 90. Até então não havia meio terrestre a Suécia e a Dinamarca. A obra foi super complexa pois precisava atender a alguns critérios importantes: precisava preparada para suportar a força do vento (muito forte na região); permitir a passagem de embarcações de grande porte; ser compatível com a proximidade do aeroporto de Copenhagen, ou seja, não poderia ter hastes muito altas para não promover acidentes com aviões; precisava incluir trilhos de trem, além das vias disponíveis para carros, ônibus, caminhões e ônibus. O passeio vale a pena ;-)

Malmo — Copenhagen

Chegando na estação central de Copenhagen, resgatei meu Copenhagen Card, que dá direito a andar em todos os meios de transporte disponíveis e entrada gratuita a maioria das atrações da cidade. Para uma visita curta, foi a melhor opção. Saindo da estação, peguei um ônibus e desci a uma quadra do hotel. O transporte em Copenhagen é maravilhoso. Trem, metrô e ônibus para todos os lados. Confesso que pedi informação para o motorista do ônibus e ele foi um pouco grosseiro… Alias, as pessoas na cidade mais feliz no mundo são bastante antipáticas, mesmo os atendentes das atrações turísticas. Acostume-se e não leve pro lado pessoal.

Aproveitando o resto de dia, fui conhecer Nyhavn, o canal mais conhecido de Copenhagen. O canal foi escavado por soldados entre 1671 e 1673 a mando do rei Cristiano V para permitir o acesso dos barcos mercantes. Muitos e ricos mercadores instalaram-se então em seu redor, dando início à era de ouro de Nyhavn. Os dias de prosperidade chegariam ao fim no início do século XIX, quando os mercadores abandonaram a zona depois do bombardeamento da cidade por parte da marinha inglesa em 1807, durante as Guerras Napoleonicas. O escritor Hans Christian Andersen morou em 3 casas diferentes ao longo do tempo em Nyhavn. Hoje, é possível caminhar ao longo do canal e escolher entre os diferentes restaurantes, com muita comida típica e frutos do mar. A primeira foto foi tirada pelas 16hs e a segunda pelas 22:30 (verão escandinavo é isso)

Copenhagen é a cidade da Carlsberg, então, por que não visitar, não é mesmo? Assim como a Heineken em Amsterdan, a Carlsberg tem sua parada de cavalos, que são super bem cuidados. Acompanhei por um bom tempo o carinho dos cuidadores com essas criatura adoráveis. Olha que querido o Ludvig comigo na foto :-) Por um segundo pensei que fosse a Sia. A visita se encerra com uma American Pale Ale no páteo!!!

Caminhar pelas ruas de Copenhagen é um prazer a parte. Apesar da população carrancuda, a cidade é simpática e com prédios de arquitetura adorável. Vale a pena se perder pelas ruelas e admirar os prédios dos século XIX

Uma das coisas mais interessantes de Copenhagen é a quantidade de castelos na cidade ou próxima dela. O Palácio de Amalienborg é formado por quatro prédios idênticos por fora que ficam dispostos ao redor de uma praça octogonal. Foi construído para abrigar quatro famílias nobres e depois de um incêndio, a família real comprou o lugar e se mudou para lá em 1794. O Palácio de Christiansborg é o único edifício do mundo a sediar simultaneamente os poderes executivo, legislativo e judiciário.

O Castelo Rosenborg fica no coração de Copenhague e foi construído pelo rei Christian 4º da Dinamarca. Já foi utilizado como residência da família real e abriga as jóias da coroa dinamarquesa. O mais agradável do passeio é a caminhada pelos Jardins do Rei. A visita ao castelo é paga, mas os jardins são de livre acesso. Vi muita gente curtindo um solzinho, lendo livros, escolas com crianças pequenas e gente almoçando!

Castelo de Rosenborg

Já o Castelo de Frederiksborg fica em Hillerød ao norte de Copenhague, cerca de uma horinha de trem, com uma paisagem super bacana para curtir (trem e entrada no castelo inclusos no Copenhagen Card, gente)! Além disso, ao descer na estação de Hillerød, você faz uma caminhada de mais ou menos 1km até chegar ao castelo, numa cidadezinha tranquila e de pouco movimento. O Castelo foi construído sobre três ilhotas em um lago e o nome é uma homenagem ao rei Frederik 2º, mas a obra foi realizada durante o reinado de Christian 4º. O edifício foi criado para ser uma residência real que simbolizaria todo o poder da monarquia absolutista dinamarquesa. Como todo castelo, foi transformado em museu e acho que o mais bacana que visitei! Além disso, um templo católico dentro do castelo, bastante bonito. Meu comentário (polêmico) é: não tenho apego algum pela questão religiosa envolvida ao visitar igrejas! Apenas acho que elas contam histórias e são lindos museus! ;-)

Um passeio bacana de fazer também é conhecer o Tivoli Gardens. O Tivoli é um parque de diversões em Copenhagen, inaugurado em Aggosto de 1843 e é o segundo maior em operação do mundo, perdendo apenas para o Dyrehavsbakken também na Dinamarca. Reza a lenda que foi no Tivoli que Walt Disney se inspirou para criar a Disneyland!

Tivoli Gardens

A Pequena Sereia é a atração mais overrated de Copenhagen e visitá-la, pra mim, foi apenas para fazer meu papel de turistinha (tipo visitar o Manneken Pis em Bruxelas). A pequena sereia é uma história de Hans Christian Andersen, de 1836, onde a sereia troca seu rabo por pernas em nome do amor, mas abre mão de sua voz para a bruxa má do mar. A escultura da Pequena Sereia está no Cais de Langelinie em Copenhagen, sentada sobre uma pedra de granito. A escultura deve sua existência ao cervejeiro dinamarquês Carl Jacobsen, fundador da Cervejaria Carlsberg, que assistiu a um balé sobre a Pequena Sereia e pediu ao escultor dinamarquês Edvard Eriksen que criasse a escultura.

Por último, mas não menos importante, a curiosa Cidade Livre de Christiania (Freetown Christiania). Confesso que cheguei a pensar em não visitá-la, mas a curiosidade me venceu. Em 1971 um grupo de hippies ocupou uma área militar abandonada. Eles se declararam independentes do governo dinamarquês e instituíram suas próprias regras de convívio social. As regras para os turistas são claras: 1) Divirta-se; 2) Não fotografe — comprar e vender haxixe continua a ser ilegal; 3) Não corra — causa pânico. A regra 2 é interessante, ao caminhar pelas "ruas" da Christiania, você vai presenciar o comércio de drogas a céu aberto, como se não fosse nada demais. Apesar de muitos turistas no lugar, comendo no que parecia uma praça de alimentação vegana e comprando lembrancinhas dos artesãos locais, me senti como se sendo observada o tempo todo (bastante incômodo). Não me senti bem e minha visita foi bem rápida. Cerca de 900 pessoas vivem lá e a comunidade decide junta quem pode morar. Não é muita gente, mas há escolas, cafés, artesãos e pequenas mercearias. As fotos, são do lado de fora:

Christiania

Copenhagen é uma cidade organizada, tudo funciona muito bem. Eu tive a sorte de visitá-la no verão, com longos dias ensolarados, mas me questiono sobre o título de cidade mais feliz do mundo. Pra mim organização e funcionar bem é diferente de ser feliz. Não percebi essa felicidade toda nesses 3 dias e meio que estive por lá. É uma cidade bonita, mas não me trouxe aquele sentimento de "WOW! Preciso voltar um dia!" Parece que falta sal! Faltam sorrisos! Falta simpatia!

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