Forró no Deserto

Renata Alchorne
Exploradores
Published in
4 min readOct 22, 2018

Em 2015, visitei a Jordânia. Após uns 8 dias no país, tendo passado por Amman, Jerash e Petra, passamos por Wadi Rum, uma espécie de vilarejo muito famoso pelos campings e atividades de montanhismo. Para não deixar passar batido uma noite maravilhosa no deserto, com todas as estrelas do universo à vista, fechamos um passeio em um acampamento que parece mais um hotel no meio do nada. O passeio inclui o dia com pernoite e, na manhã seguinte, após o café, seguiríamos viagem para Áqaba.

Wadi Rum na Jordânia (fonte: google maps).

Existem vários acampamentos desse estilo em Wadi Rum. Eles são super estruturados, com quartos independentes, com chuveiro, inclusive. Tem áreas comuns para as refeições e alguns passeios de camelo ou a pé para explorar a paisagem rochosa e muita areia.

Rahayeb desert camp.
Quartos pelo acampamento.

Na chegada, os anfitriões do acampamento convidam para fazer um passeio de Camelo pelas areias do deserto.

Dando uma volta.

Dou uma caminhada para subir o monte de areia, sob um solaço.

Pareceu uma pose, mas não era.

Encontramos algumas pedras com gravuras “rupestres”. Assim se denominam as representações artísticas pré-históricas realizadas em paredes, tetos e outras superfícies de cavernas e abrigos rochosos, ou mesmo sobre superfícies rochosas ao ar livre. A arte rupestre se divide em dois tipos: a pintura rupestre, composições realizadas com pigmentos, e a gravura rupestre, imagens gravadas em incisões na própria rocha. Em geral, trazem representações de animais, plantas e pessoas, e sinais gráficos abstratos, às vezes usados em combinação. Sua interpretação é difícil e está cercada de controvérsia, mas pensa-se correntemente que possam ilustrar cenas de caça, ritual, cotidiano, ter caráter mágico, e expressar, como uma espécie de linguagem visual, conceitos, símbolos, valores e crenças (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_rupestre).

Gravuras rupestres.

Ao retornar do passeio, tomamos um chá que é de costume, mesmo sendo uma região super quente. A programação seria jantar no próprio acampamento e, como era a época do Ramadã (no post sobre o Irã, eu comentei acerca deste período), não é permitida bebida alcoólica. Foi na hora do chá que percebemos que havia outros hóspedes no acampamento, um grupo de 4 pessoas, duas mulheres e dois homens. Eles estavam bem animados e trocaram uma breve conversa. As duas mulheres moravam em Londres e eram de origem indiana, estava há muitos anos na Inglaterra. Os homens, um era egípcio e tinha voltado à Jordânia pela condições de guerra civil que o Egito enfrentava, muita dificuldade de manter o emprego e moradia. Ele já havia morado na Jordânia e o amigo era jordaniano.

Eles eram muito animados e meio que “combinamos” de nos encontrar à noite para o jantar.

A comida estava ótima, pena que não encontrei fotos dos pratos, mas vale uma da minha amiga Nilam que ficou super feliz que eu conseguia pronunciar o nome dela certo.

Jantar no acampamento.

Logo após terminarmos de comer, avisaram que iam apagar as luzes. Mas, a gente estava super empolgados com o papo e, no dia seguinte, o grupos dos 4 amigos ia deixar o acampamento bem cedo. Perguntamos se tinha problema ficarmos na área comum mais atrás dos quartos, mesmo com as luzes apagadas e nos liberaram.

Ao chegarmos lá, começamos a trocar algumas conversas sobre as culturas dos nossos países e pegamos o celular para colocar músicas típicas de cada país. Aí, o negócio ficou muito animado! Tínhamos que colocar a música e ensinar como dançar aquele ritmo. Escolha para o Brasil: Aviões do Forró! Fomos ensinar o nível básicos para eles, dois pra lá, dois pra cá.

Primeira parte: forró.

Próxima aula foi com o nosso amigo egípcio: a dança do ventre. Nível hard pra mim!

Um pouco de dança do ventre.

A partir daí, só foi festa, entramos todos na dança para aproveitar um pouquinho a noite.

Solta o som!

Não tem como: as coisas improváveis são as mais surpreendentes. Construindo esse texto, eu morri de rir revivendo esse dia na Jordânia. E é a grande magia de viajar, se deparar com o inesperado que pra sempre fica na memória.

Obrigada e até a próxima!

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