Mar de Tulum, visto desde as ruínas.

Fuja de Cancún, explore Tulum!

Émerson Hernandez
Exploradores
Published in
7 min readJul 2, 2018

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Dentro da minha bolha de amigos e familiares, quando eu falei que estava planejando passar férias no México e pegar uma praia, descobri que posso dividi-los em dois grandes grupos. O primeiro, formado pelos adoradores do Chaves, perguntou quantos dias eu ia passar em Acapulco. Todos os demais falavam sobre Cancún.

Eu entendo essa predileção de destino. Tem um monte de gente que curte a ideia de um resort com tudo incluído. Tudo bem, são perfis de viagem. Definitivamente, não é o meu. Não para esse tipo de situação, onde vou viajar milhares de quilômetros para chegar até meu destino. Nesse caso, prefiro experimentar outros cenários. Por causa disso, Cancún foi apenas o ponto de entrada no México. Já no aeroporto, alugamos o carro que nos levou a outros destinos da Riviera Maya. Entre eles, Tulum.

Podemos dizer que a cidade é composta por três áreas bem definidas: as ruínas maias, o povoado e a zona hoteleira. Tulum Pueblo é o que alguns chamariam de “México raiz”. É um lugar mais parecido com outros vilarejos que vimos na região, com prédios baixos e vida de cidade: bancos, supermercados e comércio local. Ali os preços tendem a ser mais baixos. A principal contrapartida é a distância até a praia.

A Zona Hotelera é composta basicamente por uma faixa de terra estreita, à beira-mar, que tem uma vibe hippie-chick. Em sua única rua, encontram-se hotéis, restaurantes, bares e lojas. É bastante ajeitado e foi construído para ser turístico, principalmente para a clientela internacional. Por exemplo, uma das coisas que você vai ver direto é oferta por aulas de yoga.

As casas e pequenos prédios dessa área tem uma atmosfera de convívio com a natureza do local. Aliado a isso, a geografia da região faz com que a oferta de água potável e doce seja baixa. Por causa disso, algumas questões devem ser levadas em consideração para aqueles que desejam ficar hospedados por lá.

Primeiro, o líquido não vai ser inodoro, insípido e incolor. Na realidade, o processo de reciclagem tende a deixar a água salobra. Também por isso, os utensílios de higiene que você vai ser incentivado a usar são os dados pelo próprio local por serem biodegradáveis e portanto, menos agressivo a esse ecossistema mais frágil do que estamos acostumados.

Muro das ruínas junto à mata, assim como o local onde ficamos, com bangalôs imersos na vegetação.

Para de enrolação e me fala das ruínas!

É verdade, a parte mais empolgante de Tulum são as ruínas maias. O sítio arqueológico mantém muito da estrutura da antiga cidade e fica localizado em uma faixa de terra um pouco mais elevada à beira-mar. Mesmo num dia nublado como o que pegamos, a vista é lindíssima.

Até que provem o contrário, Tulum é a única cidade maia estabelecida no litoral e por isso, porto importante para o comércio de toda a península. Ela esteve em funcionamento até a chegada dos conquistadores europeus, no século XVI. Diz a lenda que o navegador espanhol que passou pela costa da península de Yucatán, ao vê-la, lembrou-se de sua terra natal na Espanha pelas edificações, principalmente seus muros e torres.

O complexo era formado por centros religiosos e comerciais, assim como moradia tanto da realeza quanto do restante da população. Lendo um pouco sobre o local, nota-se que não há um consenso sobre sua origem, o que não influencia negativamente na certeza da importância dessa cidade-porto como centro urbano para os maias que ali habitavam.

O céu tava encoberto, mas mesmo assim a vista das ruínas a beira-mar é lindíssima.

O trajeto até o parque onde se encontram as ruínas pode ser feito de carro, transporte coletivo ou então de bicicleta. Lá dentro, é tudo a pé. A entrada custa menos de 100 pesos mexicanos por pessoa e pode ser adquirida no local. Cada um dos lugares de interesse é relativamente bem identificado com placas, então dá pra se virar bem sem guia. Um dos pontos altos da mistura das ruínas com o mar é a possibilidade de aproveitar a praia que existe dentro do sítio arqueológico. Uma escada de madeira leva do platô até a concorrida faixa de areia.

Mar de Tulum em dois momentos: praia dentro do parque, da visão de quem tá no platô (esquerda) e praia vista por quem estava bem sentado tomando uma margarita em um dos vários Beach Clubs (direita).

Falando em desfrutar o mar do Caribe, para muitos Tulum é onde você vai encontrar a melhor orla de toda a península e pode ser aproveitada tanto em sua parte pública quanto em um dos vários trechos particulares. Por causa da existência dessa segunda opção, considere nos seus planos de viagem usufruir da estrutura tanto de hotéis quanto de clubes de praia. Alguns desses beach clubs possuem o conceito de consumação mínima.

Além da praia, os arredores de Tulum são ricos em uma outra formação que merece visita: os cenotes. Existem vários. Escolha um (ou mais!) e divirta-se nessas piscinas naturais de águas cristalinas. A dica aqui é: se você gosta bastante desse tipo de atividade, considere comprar seu próprio equipamento de snorkel em um supermercado ou casa do ramo. Tanto no mar quanto nos cenotes há muito para ver e você vai precisar desse material.

Dentro do Gran Cenote

Eu falei um pouco de bicicleta antes, mas deixa eu reforçar: alugar uma magrela tende a ser uma ótima forma de curtir Tulum. É relativamente fácil de se deslocar com ela para qualquer um dos destinos, sejam ruínas, pueblo, zona hotelera ou cenotes. Por praticidade, o próprio lugar onde você está hospedado ou aluga ou tem convênio com alguém que faça isso. No entanto, o valor da locação pode variar um pouco entre os locais que disponibilizam esse serviço. Então, dê uma olhada nas opções antes de escolher.

Sushi do Ukami e as magrelas que nos levavam de um lado para o outro em Tulum, de dia e à noite.

Foi de bicicleta que fomos a dois locais para jantar que recomendo a visita, se você resolver ir para aquelas bandas: o primeiro, chama-se Cenzontle. Sua proposta era fazer uma mistura de pratos e temperos mexicanos com uma cozinha mais contemporânea. Funciona muito bem e o ambiente é muito legal. Faltou técnica para tirar fotos em um ambiente mais escuro, então vou ficar devendo. O segundo lugar que recomendo se chama Ukami. Para quem gosta de sushi, é uma ótima opção com peixe e frutos do mar frescos saídos da praia vizinha.

Prédio em homenagem ao deus Descendente, no sítio arqueológico de Tulum

Tulum é um desses lugares cheios de charmes e mistérios. A distância das ruínas até o aeroporto de Cancún é de aproximadamente 120 km. Isso faz com que a recomendação clássica seja fazer um bate-volta saindo de lá ou mesmo de Playa del Carmen. Eu acho que não vale a pena fazer isso. Se você pedisse minha recomendação, eu diria: durma lá. Hospede-se pelo menos uma noite para curtir o lugar, de verdade.

Agora, se você tem um quê de Indiana Jones, deixo um desafio. Tulum é um desses lugares que não foi totalmente decifrado ainda. Por exemplo: nas ruínas se vê o “deus Descendente”. Uma divindade que possuía seu próprio templo e que também estava representada em outros prédios e que é fácil de ser identificado pois a cabeça está abaixo do corpo, como se ele estivesse (como diz o nome) descendo.

A dúvida que paira é sobre sua representação. Seria ele uma alusão ao pôr-do-sol? Ou quem sabe ao planeta Vênus? Outras hipóteses tentam explicá-lo como uma representação de algum fenômeno climático como a chuva e o raio.

Qual a sua teoria?

Dá para ficar horas curtindo a vista.

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