Iaşi — Romênia

Munike Ávila
Exploradores
Published in
5 min readDec 22, 2017

Chegamos em Iaşi com uma receptividade à la leste europeu: um quase acidente de táxi e um bater de portas na nossa cara no hostel. Nada muito surpreendente pra quem volta e meia dá um pulo por essas bandas, que não era o caso da amiga que me acompanhou nessa viagem.

“O taxista não tem gps?” Não, mas ele tá falando com alguém pelo celular ano 2000 pra entender onde é nosso hostel, tudo vai dar certo.

Chegando lá, porta fechada. Apertamos a campainha. Nada. Batemos na porta. Nada. Em seguida um cara abre e pergunta, meio mal humorado, “o que querem?”. Digo que temos uma reserva. Fecha a porta na nossa cara. Nos entreolhamos e eu ri, meio sem graça, já pensando “meti minha amiga numa roubada”. Mas o cara voltou uns minutos depois com o celular na mão e me passou, sem dizer nada. Era o proprietário do Hostel me dando as boas vindas e falando qual o número das nossas camas. Tudo resolvido.

Era hora de começar a explorar essa cidade que poucas pessoas colocam em seu roteiro quando o destino é a Romênia, e se surpreender com seu particular encanto.

Particular mesmo. De um lado você vê um prédio cinza e abandonado da época da União Soviética, enquanto do outro você vê um palácio conservado de séculos atrás. Tendo visitado em torno de 10 países que já passaram ou passam pelo regime Socialista (incluindo Cuba), isso é uma característica bastante comum. Então vale a pena se perder pelas ruas, porque em meio a vida urbana você sempre acaba encontrando um pedaço de historia, um tesouro.

Informações úteis:

A cidade tem muitos morros, venha preparado para caminhar bastante.

A moeda é o Lei, e tudo custa muito pouco comparado a países que usam o Euro. Em 4 dias gastamos 100 euros incluindo hostel, transporte, alimentação fora e entrada em museus.

O aeroporto é pequeno e não conta com casa de câmbio, apenas com máquinas ATM para saque. Por segurança, é válido já ir com uma quantia mínima da moeda local.

Se vier no inverno você pode pegar neve, então traga calçado apropriado (é difícil subir e descer morros com o chão escorregadio).

Como mulheres, nos sentimos bastante seguras na cidade.

A maioria das pessoas não fala inglês e muitas não são acostumadas com turistas pela cidade, o que gera olhares curiosos.

Hostel:

Apesar da recepção nada amigável — Mihai (o cara da porta) veio me pedir desculpas depois e conversar comigo em italiano — o hostel Andrei era confortável e muito limpo. Tinham dois quartos — um feminino e um masculino/misto. Pagamos 10 euros (R$35) por noite.

A maioria das pessoas passava apenas uma noite ali. Uma delas era Aura, uma romena que se surpreendeu com nossa receptividade e não parou de conversar, também em italiano. Não entendia o que a gente fazia na cidade que, segundo ela, não tinha nadinha de interessante pra ver.

Acredito que todo cantinho do mundo tem seu valor e Iaşi tem uma lista grande de pontos interessantes para conhecer, tanto que não cabe num texto só. Aqui vai a primeira parte deles:

O que ver:

Piata Unirii: uma praça cheia de restaurantes e bares. Fica logo a frente da estátua da independência, monumento construído em 1980 em comemoração aos 100 anos de independência do país. Vale a pena entrar no Museu Unirii (Museu da União), a antiga casa do príncipe Alexandru Ioan Cuza, com cômodos e utensílios preservados ainda do século XIX. Na mesma praça também se encontra o hotel Traian, planejado em 1879 por Gustave Eiffel, sim, o cara da Torre de Paris.

Pôr do sol na Praça Unirii (Arquivo)

Teatro Nacional: considerado pela BBC o segundo teatro mais lindo do mundo, o teatro Vasile Alecsandri é o mais antigo do país. Construído em 1940, ele funciona até hoje com diversos espetáculos. A visita custa 5 Leis (aproximadamente R$ 4), mas o guia fala apenas romeno (não existe opção sem guia e ele te pede uma gorja no final — algo comum nessa região). Você conhece o interior do teatro e pode visitar a parte de camarotes, tendo uma visão completa desse lugar maravilhoso!

Arquivo

Palácio da Cultura: não sei se foi a época de natal, mas ver a torre do palácio distante enquanto descia a praça Unirii me dava a sensação de estar numa Disneylândia para adultos, parecia um castelo de princesa. Nada diferente de quando vi o palácio de perto: lindo, imponente e super preservado. Seu interior, com escadas de mármore e lustres gigantes, me fez sentir voltar no tempo. É possível ver duas salas de graça: a antiga sala de justiça e a sala Voievozilor, um hall com vista para a cidade. Me impressionei com a beleza do interior das salas, datadas de 1925.

Arquivo

Além disso, faz parte do Palácio quatro importantes museus da cidade: Museu de Arte, Museu de Ciência e Tecnologia, Museu Etnográfico e Museu da História Moldávia. Este último estava fechado para reformas.

Museu de Arte: muitos artistas locais, incluindo mulheres como Micaela Eleutheriade, Elena Popea e Lucia Demetriade Balacescu. As obras vem com um QR code ao lado para você saber mais informações sobre.

Museu da Ciência e Tecnologia: para mim o mais interessante, com uma seção dedicada a instrumentos musicais, gramofones, vitrolas e Orchestrions: caixas de música únicas na Romênia que reproduzem o som de uma orquestra, onde mais de oito instrumentos tocam automaticamente seguindo uma espécie de partitura.

Achei incrível! Pena que é gigante, então continuamos com a velha vitrolinha mesmo

Você pode escolher quais museus visitar. O preço para os quatro sai 40 Leis (equivalente a R$ 30). Também tem opção de exposições temporárias.

Comida:

A cidade tem opções diversas de comida e ceva a preço de banana — quase literalmente. É comum restaurantes italianos e bares com referências britânicas. Como fomos no fim do ano, estava rolando o mercado de natal com comida local. Experimentamos o Plăcintă, uma massa tradicional geralmente recheada com algo doce. Ao mesmo tempo, estava acontecendo um festival de Food Truck nos jardins do Palácio. Tinha de tudo — de kombi de doces a caminhão com forno a lenha. Yummy!

Chicken Bomb no Festival de Food Truck

Ainda não te convenci que essa cidade vale a pena conhecer? Calma! Descanse os olhos, tome um chá e volte logo mais que o segundo texto sobre este destino já está no forno e cheio de surpresas (spoiler: toquei na mão de uma santa!).

Gostou? Clique nas palmas para que eu fique sabendo e para continuar recebendo mais textos como esse, siga Os Exploradores.

--

--