A necessidade da virtude na vida de um libertário

Um libertário que vive uma vida que não seja virtuosa, está fadado a viver no fracasso e na melancolia

André de Azeredo
Expresso Libertário
8 min readOct 19, 2023

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Os libertários de nossos tempos temem a forte influência da ONU em suas vidas, a possibilidade de uma nova onda de autoritarismo iniciar-se a qualquer momento, uma nova URSS surgir e trazer a desgraça, a guerra e a fome, destruindo famílias e suas próprias vidas.

É perfeitamente compreensível o temor nos corações não apenas dos libertários, mas de todos que olham com desconfiança para as elites políticas e econômicas de nosso mundo, que aliam-se e buscam dominar a nossa sociedade e nos tornar miseráveis enquanto enganam as populações mais ingênuas através de discursos emotivos com falsa benevolência, pregando a redistribuição de renda, as normas extensivas sobre o trabalho, as grandes burocracias para os empresários, baseando-se na mentira de que estão planejando o bem da sociedade.

Os libertários anseiam por se libertar deste mundo cheio de demônios estatais, e alcançar uma luz no fim do túnel que traga a proteção de suas vidas contra esse mal que assola a Terra. Em defesa da propriedade privada, em defesa da liberdade, em defesa da busca pela felicidade, os libertários posicionam-se contra tudo aquilo que as elites planejam para nos destruir.

Muitos são os caminhos que utilizam nessa busca por um mundo melhor. Alguns optam pela luta através da política, tentando eleições para cargos representativos no governo, ou aliando-se com políticos da direita para participarem de secretarias e ministérios. Alguns optam pelo trabalho pedagógico, e focam seus esforços em levar a verdade para as pessoas e trazer novas mentes para o libertarianismo, através das redes sociais, institutos, escolas ou cursos. Outros miram suas atividades para o libertarianismo no cenário empreendedor, montando empresas que atenderão a seus clientes e atuam para diminuir a influência do governo na vida das pessoas, oferecendo-lhes a iniciativa privada ao invés da estatal.

Trabalhamos pelas coisas em que acreditamos e queremos alcançar um futuro melhor do que o que nós vivemos agora, e isso é admirável, porém muitos dos libertários não produz frutos tão prósperos quanto gostariam, frustram-se e acabam por se revoltar e desistir de lutar, ou se encontram desanimados e acreditam que não há mais jeito, e que a luta está perdida. Muitos lutam até hoje sem sucesso, e permanecem lutando e não compreendem o motivo de suas derrotas.

É comum que enquanto transitamos em meio ao movimento libertário acabemos encontrando pessoas das quais não gostamos, ou pessoas que não gostam de outras, pessoas que não se respeitam, e por aí vai.

Alguns casos nós apenas não combinamos com certos tipos de pessoas, em outros casos realmente existem pessoas que são difíceis de tolerar, ou até intoleráveis em nosso meio, porém elas permanecem entre nós.

Tantos as pessoas boas quanto as desprezíveis estão lutando pelos mesmos objetivos. Tanto as pessoas boas quanto as desprezíveis estão tendo vitórias e derrotas em suas vidas e em suas buscas pela possibilidade de uma vitória do libertarianismo sobre a ditadura estatal. Às vezes as pessoas desprezíveis são na verdade boas, às vezes as pessoas desprezíveis somos nós mesmos. Todos nós libertários acreditamos na ética libertária, mas nossas vidas e nossas crenças não se resumem apenas a isso, temos outros aspectos em nossas vidas, as moral, o trabalho, a religião, a família, os amigos, os jogos, os filmes, nossos heróis de infância, heróis do presente, nossas vidas e nossas personalidade são moldadas pelas coisas que vivemos que absorvemos.

Temos nossos vícios como quaisquer outras pessoas. Somos viciados em debates, filosofia, política, economia, ou somos viciados em açúcar, viciados em sexo, viciados adrenalina… todos temos os nossos vícios.

Os vícios são uma arma poderosa contra o nosso corpo e a nossa mente, eles não tornam dependentes, ofuscam a nossa visão sobre outros aspectos da nossa vida e nos prendem a eles, destroem nossos corpos e nossas mentes, e trazem a desgraça para nossas almas.

Muitos libertários, viciados em estarem sempre certos, destroem suas relações com outras pessoas, ou com outros libertários, por causa de sua necessidade de mostrarem ao mundo que apenas eles possuem idéias verdadeiras. Com isso, afastam-se de outros libertários, criticam a tudo e a todos, e seus planos nunca dão certo. Existem muitos vícios que nos impedem de avançar, e se permanecermos presos a eles, nunca seremos capazes de construir o futuro que tanto desejamos.

Nos últimos tempos muito se tem falado na internet e muitos libertários começaram a dar mais atenção para a idéia do estoicismo, a busca de nos tornarmos pessoas serenas e inabaláveis, que passam pelas aflições da vida e mesmo que caiam, se levantam para lutar mais um dia sem que suas fundações se abalem, mantendo seu emocional estável.

Gosto muito das idéias do estoicismo e as considero importantes, e é bom que muitos a busquem, apesar de ver que as pessoas tratam o estoicismo como uma ferramenta, e não como uma filosofia de vida. As pessoas aderem as idéias estoicas como se fossem uma receita de bolo para superarem suas fraquezas, e não como sendo algo que elas têm de absorver em suas almas e viver aquilo que está sendo pregado. Elas tentam usar o estoicismo, ao invés de tornarem-se estoicas. Da mesma maneira acontece com outras idéias, como pessoas que buscam aprendem técnicas para atrair pessoas e entrar em relacionamentos, ou pessoas que buscam gurus do empreendedorismo como Pablo Marçal, Thiago Finch, Breno Perrucho, e vários outros.

Aprender é bom, e o estoicismo é um ótimo caminho a ser seguido pelos libertários. O estoicismo é bom, mas não é o suficiente. Precisamos seguir a ética libertária, e precisamos ser inabaláveis, mas não garante o nosso sucesso, e nem a nossa felicidade. Se quisermos um futuro melhor, precisamos ser virtuosos.

Vivemos em um mundo pós iluminismo, que viu a Revolução Francesa, viu a vindo e ida de Marx e suas teorias contra a ordem natural, e vivemos em um mundo que viu Nietzche, o homem que a meu ver, ignorando os intelectuais como Gramsci que utilizaram idéias anteriores de maneira política para alcançar seus objetivos demoníacos, Nietzche foi o homem que mais influenciou a degradação moral e a perversidade dos jovens de nosso tempos, que se envolvem nas práticas mais destrutivas e viciosas que conseguem encontrar. Através das drogas e das orgias sexuais, aproximam-se dos povos bárbaros e idólatras que pensamos terem sido extintos há séculos.

Aristóteles descreve em seu livro Ética a Nicômaco, o que ele compreende como sendo o caminho para alcançar a felicidade. Para Aristóteles, a felicidade se encontra quando se vive uma vida virtuosa.

A ética aristotélica parte da idéia de que a virtude não é um ato isolado, mas um hábito cultivado ao longo do tempo, muito semelhante à frase dita pelo próprio, e muitas vezes repetida e divulgada por outros de nosso tempo nas redes sociais.

“Só fazemos melhor aquilo que repetidamente insistimos em melhorar. A busca da excelência não dee ser um objetivo, e sim um hábito”

Aristóteles identificou duas categorias principais de virtudes sendo elas as virtudes morais e as virtudes intelectuais.

As virtudes morais, como a coragem, a moderação, a justiça, a generosidade, a honestidade e a amizade, são hábitos do caráter que moldam as nossas ações no mundo. A coragem está no meio termo entre a covardia (falta de coragem) e a temeridade (excesso de coragem). A moderação está no meio termo entre a indulgência (excesso) e a insensibilidade (falta) no que diz respeito ao prazer.

As virtudes intelectuais, como a sabedoria e a prudência, envolvem o uso da razão em nossas vidas para que possamos tomar decisões éticas. Elas incluem a sabedoria prática, a prudência e a compreensão. Aristóteles acreditava que o desenvolvimento dessas virtudes intelectuais era fundamental para orientar as virtudes morais, pois a razão desempenha um papel importante na determinação do que é moralmente correto em situações específicas.

Vivemos em um mundo onde os valores e princípios éticos muitas vezes são postos em situações desafiadores e são questionados, principalmente no momento atual onde temos passado por diversas crises políticas, como a crise do covid, a guerra russo-ucraniana, atualmente a guerra entre Israel e o Hamas, e futuramente terão novas crises que as elites do mundo estão preparando para nós.

Os jovens de nosso tempo encontram-se presos às idéias libertinas da esquerda progressista, que estimulam a sociedade em direção ao vício. A busca desenfreada por prazer imediato e a obsessão pela realização material frequentemente desviam as pessoas do caminho da virtude, da mesma maneira como as crises enchem as mentes das pessoas de temos e turvam suas percepções sobre o mundo e impedem que tomem decisões morais corretas. Aristótles nos lembra que a verdadeira felicidade não está no acúmulo de bens materiais ou nos prazeres efêmeros, mas sim na busca constante da excelência moral.

Em tempos de incerteza e mudança, a ética aristotélica da virtude tem o importante papel de nos lembrar da importância de cultivar a virtude em nossas vidas, não apenas para o nosso próprio bem, mas também para o bem da sociedade como um todo.

Libertários, tenham sempre esta verdade em vista, vocês nunca irão se sentir satisfeitos, e nunca irão realmente conquistar aquilo que buscam, se não viverem uma vida virtuosa. Se ignorarem esta verdade, se encontrarão no mesmo buraco, no mesmo vazio emocional em que se encontram os jovens de esquerda usuários de drogas, colecionadores de piercings, tatuados, do cabelo colorido e frequentadores de orgias.

O caráter e o cultivo de hábitos morais e intelectuais promovem o florescimento humanos. As virtudes morais são fundamentais para construir relacionamentos saudáveis e eficazes. Elas ajudam as pessoas a gir de maneira ética, tomar decisões bem fundamentadas e demonstrar empatia e compaixão em suas interações com os outros. Isso pode melhorar relacionamentos pessoais e profissionais.

Desenvolver suas virtudes intelectuais irão lhes ajudar a tomar decisões éticas informadas, que poderão resultar em respeito, confiança e reputação sólida.

A busca da excelência é fundamental para que se consiga alcançar o pleno potencial pessoal e profissional, sem o desejo de ser alguém melhor, não há sentido em desejar um muno melhor. Conheçam suas virtudes, suas fraquezas, e assim poderão ser a melhor versão de vocês.

Se vocês viverem uma vida virtuosa, irão experimentar o verdadeiro prazer e a verdadeira felicidade. Alcançarão um senso mais profundo sobre a vida e valorizarão muito mais a vida que vivem.

Os libertários devem sempre se orientar pela ética do libertarianismo, e nunca perder de vista este princípio que guia as nossas vidas. E para que não nos afastemos de nosso ideal ético, devemos incorporar em nossas vidas filosofias complementares que nos auxiliarão em nossa jornada.

Complementem suas vidas com o estoicismo, é bom, é saudável, ajudará vocês a lidarem com os problemas da vida, mas não se permitam parar por aí. Complementem suas vidas com virtudes, e vivendo uma vida virtuosa, serão verdadeiramente livres, não há liberdade quando se vive no vício e na maldade. Em um mundo em constante evolução, a antiga sabedoria de Aristóteles serve como um farol para nos guiar em direção a uma vida plena de significado, propósito e felicidade genuína.

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