Ensino Público: o crime perfeito

Milena Oliveira
Expresso Libertário

--

É obrigatória a presença dos alunos, sob pena dos responsáveis serem processados pelo Estado, ou seja, uma forma de “sequestro” autorizado pelas leis civis. Defender a tirania das escolas públicas é uma histeria coletiva e explicaremos o porquê.

A Histeria Coletiva

Histeria coletiva (ou histeria em massa) é um fenômeno psico-sociológico caracterizado por um grupo de pessoas com sintomas semelhantes à histeria. Não se trata de um ou dois casos isolados, mas, sim, de uma população quase inteira vivendo a mesma ilusão histérica. Temos diversos casos desde a idade média.

A histeria coletiva é incentivada, principalmente, pelo Estado e podemos ver isso no momento atual que estamos vivendo: a pandemia do corona vírus. Resumidamente, o Estado usa de fatores para normalizar uma ditadura, no caso das escolas públicas:

  1. o Estado usa de maior tempo em atividades escolares de modo a reduzir o tempo dos alunos em atividades que geram diminuição no estresse e ansiedade (por exemplo: esportes);
  2. depois, ele usa da ideia de ameaça a pena civil para os responsáveis que não matricularem crianças nas escolas (sejam elas públicas ou privadas, já que ambas seguem o mesmo modelo de “ensino”);
  3. a mídia também é politizada e usa do discurso que a escola é um direito, que é um presente do Estado, que a escola é do aluno, etc;
  4. depois, o estado usa de notícias negativas, como dizer que os alunos que não frequentam a escola hão de ser adultos fracassados, sem empregos;
  5. e por último ele usa de fatores, políticas e leis para impor o medo na população.

Apesar dos resultados menos medíocres, e às vezes até negativos, da educação pública ano após ano, ainda existe uma massa de pessoas defendendo a escola pública. Essa defesa da escola pública não é uma defesa racional, e sim, uma ilusão histérica coletiva.

A origem das escolas públicas, os interesses individuais e a doutrinação:

Já que você, caro leitor, pôde perceber a nocividade do ensino público no parágrafo anterior, deve estar se questionando como surgiu a ideia de um ensino tão falível. Para a exemplificação, iremos usar o contexto do surgimento da escola pública em Gota, na Alemanha.

O primeiro movimento moderno pela educação obrigatória originou-se da Reforma Protestante. Martinho Lutero, o iniciador dessa reforma, escreveu uma carta aos governantes alemães pedindo por um ensino público:

“Caros governantes… afirmo que as autoridades civis têm a obrigação de compelir o povo a enviar seus filhos para a escola… Se o governo pode compelir alguns cidadãos que estejam aptos ao serviço militar para empunhar lanças e espingardas, para erguer defesas, e para executar outras tarefas marciais em tempos de guerra, têm muito mais direito de compelir o povo a enviar seus filhos para a escola, porque, neste caso, estamos em guerra contra o diabo, cujo objetivo é secretamente esvair nossas cidades e principados de seus homens fortes.”¹

Assim, o estado germânico de Gota fundou a primeira escola pública moderna em 1524. Mas, podemos ver que o estímulo por trás da súplica de Lutero pela educação obrigatória pública era de que todos lessem a bíblia e interpretassem-na de suas próprias formas.

A verdade é que, através da educação pública e obrigatória, os governantes puderam impor suas visões próprias da bíblia a outras pessoas. O ideal político de Lutero era um estado absoluto guiado pelos princípios luteranos. Esse foi o objetivo da força inicial por trás do primeiro sistema obrigatório de escolas estatais no mundo ocidental, era o espírito que inspirou o sistema atual.

Além de Lutero, João Calvino usou das mesmas artimanhas para levar sua doutrina para todos através do ensino público — para saber mais recomendo a leitura do livro Educação Livre e Obrigatória.

Os objetivos da escola pública

Podemos constatar que o objetivo da criação de um ensino público, no caso de Lutero, era o de levar a sua doutrina e usar de pessoas inocentes para impor sua visão própria. Séculos se passaram e o objetivo continua mesmo: por meio da coerção, as escolas públicas usam de diversos recursos para que os alunos cheguem à conclusão de que o socialismo é bom, de que pagar impostos é moral, de que o casamento é uma falha, que a democracia é respeitável e justa etc.

Os defensores do ensino público usam o discurso de que a igualdade fosse implantada nas mentes, hábitos, costumes e sentimentos, de modo que, eventualmente, fortunas e condições seriam equalizadas. Podemos ver como os jovens que levam a escola à sério tendem a ideias igualitárias.

Outro contexto interessante acontece em 1816, onde Murphey, o pai das escolas públicas da Carolina do Norte, planejou um sistema de escolas estatais da seguinte maneira:

“Todas as crianças serão ensinadas nelas […] nestas escolas os preceitos de moralidade e religião devem ser inculcados, e hábitos de subordinação e obediência formados. […] O estado, no calor de sua solicitude para o bem-estar, deve se encarregar dessas crianças, e colocá-las na escola onde suas mentes podem ser esclarecidas e seus corações podem ser treinados para a virtude.” ²

No contexto atual, a escola pública é o meio mais fácil e simples de fazer com que uma geração siga determinados passos definidos pelo Estado. A fórmula é simples: faça do ensino público algo obrigatório e moral, socialmente aceito, politicamente correto, depois, coloque o medo de que sem o ensino público as pessoas não seriam nada. Por fim, use aulas, atividades extracurriculares e palestras como meios de se chegar a uma ideia que você queira impor.

Os resultados do ensino público na sociedade

No fator educação do World Competitiveness Yearbook (WCY), o Brasil ocupa o 63º lugar, e decaiu de 61º para 63º, ao passo que os países que têm índices maiores de educação domiciliar, como a Finlândia que ocupa o 13º lugar (que saiu do 15º para o 13º), ocupam os primeiros lugares.

O país com mais liberdade na educação é a Irlanda, onde os pais são livres para escolher escolarizar ou não seus filhos, as escolas também possuem liberdade para compor sua grade curricular.

Partindo desse pressuposto, a Irlanda tem o índice de criminalidade de 48,8 enquanto o Brasil tem 78,8.

Outros resultados negativos são a falta de autonomia e criatividade atrelado diretamente com o ensino público.¹

Quais as soluções para o ensino público?

Quando questionados sobre as soluções para tal ensino, os defensores sempre dizem a mesma coisa:

  1. aumentar o salário dos professores;
  2. construir mais prédios para fazer mais escolas;
  3. manter as crianças mais tempo na escola, escola em tempo integral.

Ou seja, o defensor da escola pública não se questiona se é positivo (ou moral) obrigar crianças a frequentar escolas, ele parte do princípio que escola de presença obrigatória é uma coisa normal. O sistema educacional foi subvertido para causar uma revolução social.

Em Maquiavel Pedagogo, Pascal Bernardin descreve como são as técnicas de controle psicológico, como elas são aplicadas ao sistema educacional, a relação entre entidades internacionais e a cooptação de sistemas educacionais nacionais e, ainda, como isso dilui o núcleo familiar e causa uma ressignificação do sentido de ética, o que levará a uma dicotomia social em que há uma classe dominante e outra dominada, ou seja, escravizada pela própria incapacidade cognitiva.

Pascal afirma que está sendo praticada uma revolução cultural, ou seja, de mudança do senso comum de valores e comportamentos, para trazer então a revolução social, em que a estrutura da sociedade é alterada na base do ferro e do fogo. Segundo ele, os vieses ideológicos do comunismo e do liberalismo se combinaram no globalismo, o qual, pelo seu caráter quase ilusório às massas, é chamado de cripto-comunismo

O livro é verdadeiro, cheio de enxertos diretos de documentos da ONU e da Unesco e, além disso, o resultado descrito por ele é exatamente o que está acontecendo hoje no Brasil, que já passou pela revolução cultural e se encontra em um momento de contra-revolução social. Essa situação é a seguinte: o sistema educacional não vai causar deficiência cognitiva a todos, apenas à grande massa que vai aderir ao “novo normal” enquanto os filhos das elites terão sua cognição treinadas, mas a utilizarão apenas para justificar intelectualmente o regime vigente devido à pressão dos ambientes culturais (trabalho, escola, mídia, televisão etc.)

O problema é grave. Deliberadamente destruir a capacidade do homem de investigar é atentar contra a própria condição humana, é um crime contra a humanidade. E isso está virando a espinha dorsal do sistema de controle político internacional.

Agora voltemos às três medidas que propõem os defensores do ensino público.

Essas medidas ajudariam a escola a melhorar?

Bom, partiremos da primeira resposta que é “aumentar o salário dos professores”.

Uma professora que usa a presença obrigatória dos alunos para defender ideias coletivistas deixaria de fazer isso se ganhasse um aumento salarial?

Segundo, construir mais prédios para fazer mais escolas ajudaria o ensino público a melhorar? Não, isso não muda o método pedagógico para “ensinar” os alunos, nem melhora a qualidade dos funcionários que ocupam o cargo de professores. Talvez, diminuiria as salas de aulas lotadas, ou, nem isso.

Terceiro, manter as crianças mais tempo na escola não ajudaria em nada, já é horrível para elas passarem cinco horas lá, quiçá o dia todo.

As prioridades do ensino público deviam ser revistas. É inútil saber sobre o Complexo de Golgi no cotidiano, mas necessário saber sobre finanças pessoais, além disso: nutrição, primeiros socorros, inteligência emocional, empreendedorismo, idiomas estrangeiros, política de uma forma não-doutrinária, caridade etc.

As soluções para o ensino público se relacionam diretamente com a liberdade, seja a dos pais de escolher a educação de seus filhos, seja a da escola de escolher sua grade curricular e o que ensinar. Por fim, deixo uma reflexão tirada do livro Educação Livre e Obrigatória:

“Jornais públicos obrigatórios seriam considerados uma invasão à liberdade básica da imprensa; no entanto, a liberdade escolar não é ao menos tão importante quanto a liberdade de imprensa? Não são dois meios vitais para a educação e informação pública, para a consulta livre e a busca pela verdade? É claro que a supressão da livre instrução deve ser encarada com horror ainda maior do que a supressão da liberdade de imprensa, já que aqui estão envolvidas as mentes não formadas das crianças”.

¹ a carta de Martinho Lutero: Citado em John William Perrin, The History of Compulsory Education in New England, 1896.

² Archibald D. Murphey. The Papers of Archibald D. Murphey, 2 vols. Raleigh, N.C.: E.M. Uzzell, 1914, p. 53–54.

--

--