Um panoroma sobre a educação domiciliar

Ranulfo Dias
Expresso Libertário
4 min readMar 14, 2020

Derrubando mitos e trazendo luz à discussão sobre a pluralidade no ensino

Photo by Santi Vedrí on Unsplash

INTRODUÇÃO

É da cultura popular que a escola é o espaço onde se pode adquirir conhecimento e favorecer avanços na formação do indivíduo, cidadão ativo em seu meio. Essa visão da importância da escola pode ser trazida para o Brasil, onde o governo detém o monopólio da educação: este controla os parâmetros que se deve seguir na educação. Porém, a má administração pública está afetando drasticamente a educação dos jovens brasileiros e comprovando a ineficiência estatal.

Políticos com discursos populistas continuam atraindo a população e reforçam atuação na educação, com projetos mirabolantes para melhorar o ensino, seja no setor privado ou público. Entretanto, sabemos que esses projetos são mais uma, de várias promessas que não serão cumpridas. Porém, através desse artigo, trago uma alternativa, com uma filosofia de liberdade, para distanciar da presença estatal: o Homeschooling (educação domiciliar).

UMA ALTERNATIVA: HOMESCHOOLING

O Brasil, entre os séculos XVII e XX, continha um número maior de pessoas educadas em domicílio do que nas escolas. Professores particulares de diversas disciplinas ministravam aulas nas casas e alguns deles moravam nas residências. A partir do fortalecimento da escola na sociedade, criou-se a visão de ser o único método de aprendizagem, a educação domiciliar foi sendo extinta e profissionais da educação, devido à estabilidade financeira que o Estado propunha, migraram para as instituições de ensino formais.

O Homeschooling surgiu como uma alternativa de ensino, para que se afastasse da visão onde a escola é o único local de obtenção de conhecimento. Com intuito de romper com o ensino engessado encontrado nas escolas, surgiram tentativas para melhorar a educação, como a escola de tempo integral, escola nova, escola plural entre tantas outras.

Atualmente, existem cerca de 5.000 famílias praticantes do Homeschooling no Brasil, segundo dados recentes da Associação Nacional de Educação Domiciliar (ANED) . Porém, este é um assunto de muitas polêmicas. Vemos diversos discursos contrários à prática, como a carência intelectual, a falta de capacidade dos pais para formar os filhos e que estes podem enfrentar dificuldades de socialização, “sendo necessário conviver com outras crianças para aprender a se relacionar, a lidar com as diferenças, etc.”

Os profissionais da educação trazem uma reflexão de que a escolarização é indispensável: um local onde ocorre a formação do cidadão e de uma sociedade democrática. Com este pensamento, profissionais da educação se aproximam da educação estatal, creem que a escola é o único lugar de obtenção do saber e desqualificam a educação domiciliar. Mas será que aplicando essa ferramenta polêmica de ensino os estudantes serão prejudicados em sua formação?

OS ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO DOMICILIAR

A família que opta por essa forma de aprendizagem está procurando uma educação de qualidade e fugindo das burocracias. Claro, não devemos generalizar, podemos ter casos de pais que se distanciam da educação do filho e assim o estudante é prejudicado. Porém, as famílias que entram na instrução trazem resultados positivos, como comenta Medlin (2013), em seu artigo Homeschooling and the Question of Socialization Revisited:

[…] crianças são ativas, participantes contribuidoras em sua própria socialização e como as crianças se desenvolvem é (e deve ser) parcialmente autodeterminado. [Os pais] querem que as crianças aprendam a respeitar e conviver com pessoas de todas as idades e históricos. Eles usam uma grande variedade de recursos de fora da família para dar aos filhos a oportunidade de interagir com os outros. E eles acreditam que as habilidades sociais de seus filhos habilidades estão se desenvolvendo apropriadamente.

Podemos encontrar discursos de que esse ensino é para pessoas que tem uma condição financeira favorável, mas pesquisas contradizem esses argumentos. Encontramos juízos de valores onde se priva o aluno da interação com as pessoas, mas também existem alunos antissociais em escolas. Devemos entender que existem pessoas de várias personalidades. As habilidades sociais não são reduzidas: os ambientes são construídos para desenvolver a questão social e contêm materiais bem elaborados para a obtenção de conhecimento. Os estudantes demonstram pontuação acima da média independente do grau de escolaridade ou faixa de renda dos pais, que são seus professores/tutores na educação domiciliar e possuem pontuação acima da média em testes admissionais para universidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação domiciliar é uma alternativa de ensino que não anula a escola. É um meio onde a família tem o direito de educar seus filhos e não ficar a mercê do Estado. Existem evidências científicas que defendem e favorecem a aplicação deste modelo.

O Homeschooling traz uma perspectiva que não é só a escola o único local para se formar cidadãos livres e participativos: prática contribui reflexões nos educadores para analisar o papel da escola, compreender as suas falhas e a função da escola como formadora do indivíduo começa a ser contestada.

A proposta dessa ferramenta é o distanciamento da influência estatal, devido aos riscos dos poderes estatais na educação. Cabe aos profissionais da educação se adaptarem a essa nova vertente (se estes preocupam mesmo com a educação de qualidade), devem adquirir conhecimento e perceber as potencialidades desse recurso.

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