A menina mais corajosa da cidade tem medo de dinossauros

Guta Dagnino
ExtranhaMente
Published in
3 min readFeb 19, 2018

Nas últimas semanas tive um bloqueio de escrita, não em relação aos poemas e em expressar meus sentimentos através deles, mas em sentar na frente do note e escrever um texto bom que trouxesse conteúdo. Vocês já se sentiram assim ??Improdutíveis em algo que sabem que são ótimos, um pouco frustrante né, mas esse texto não é sobre frustração, já escrevi sobre isso. Dei tempo ao tempo e cá estou eu pra falar sobre:

Medo e Coragem.

A menina mais corajosa da cidade tem medo de dinossauros

É um tema bem relativo, mas podemos tentar nos aprofundar nele, a começar pela exposição dos meus medos dos mais bobinhos até os mais tensos. Tenho medo de:

1) Pássaros

2) Crocodilos

3) Dinossauros

4) Ser abandonada

5) Não conseguir ter filhos

6) Acabar me matando

Os três primeiros medos todo mundo que me conhece sabe da existência deles, os três últimos que na verdade são uma parte ampla que abrange vários medos, eu tô falando agora. Sei como pode ser difícil explicar nossos medos, até porque eu tenho medo de um bicho que nem existe mais, mas, no fundo, tem sempre uma pequenina parte racional neles.

Meu pai sempre fala para nós pararmos em um momento de pavor e desespero e tentarmos entender o que nos levou a isso. Parece algo muito racional mas faz sentido, até porque em nenhum momento ele falou “Pare de temer” ou “O seu medo vai passar”, mas quando a gente entende ou ao menos tenta o pouco que seja, aquilo diminui. Outra coisa bem incrível que meus pais sempre fizeram foi nos deixar confortáveis para falarmos de nossos medos e eles também falavam do deles, não é como se no jantar de família eu tivesse soltado que o quinto medo existia, mas eu aprendi a deixar claro por meio de outras coisas que não só palavras.

Assim como qualquer outro sentimento, eu acredito que o medo precise ser conversado. Sim, eu sei que é difícil, hoje em dia a gente não demonstra nem interesse pra não sermos expostos, imagine então falar de nossos medos, mas é preciso falarmos, nem que seja de um medo meio ridículo como ter um certo pavor de qualquer tipo de passarinho, até da cacatua, Elvis ,que é o bichinho de estimação da suas primas, até nos sentirmos seguros para falarmos de medos maiores que na maior parte das vezes criam raiz em nossos corações.

Vamos falar então de coragem, eu sempre fui muito corajosa. A prima que descia pra pegar a água no escuro, a irmã que ficava acordada pra proteger, a filha que ia em todas as montanhas russas e sempre amou adrenalina. Mas…Eu sempre fui medrosa emocionalmente, ou seja, não tinha coragem pra fazer amigos de primeira, ou de falar que gostava de alguém, ou de me expressar emocionalmente.

Parece que o jogo virou, porque o que eu mais faço hoje em dia é falar de sentimentos e acho que esse foi um dos atos mais corajosos que já fiz. Eu continuo tendo medo de me expressar, mas coragem não é não ter medo, e sim superá-los e viver sem estar a mercê deles.

O medo mantém a gente vivo, de alguma forma nos impede de fazer algumas besteiras. Autopreservação o nome. Mas viver com medo, não é vida e sim sobrevivência, então a partir do momento que o seu medo te estagna e te paralisa, ele tá te matando ao te impedir de viver.

E lembre-se da importância de falarmos mais sobre o medo “O medo de um nome só faz aumentar o medo da própria coisa” já diria a sábia Hermione Granger,em Harry Potter e a Câmera Secreta.

Coragem te impulsiona a viver, superar obstáculos e a crescer. Mas não existe coisa pior do que querer se provar corajoso, você não precisa provar coragem e sim, sentir que dentro de você algo grita que tá tudo bem superar algumas coisas e se desafiar a outras tantas.

“ Nosso destino vive dentro de nós, você só tem que ser corajosos o suficiente para vê-lo”- Merida, Valente.

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