Desatando nós e dando pontos finais

Guta Dagnino
ExtranhaMente
Published in
3 min readMar 12, 2018

Essa é uma necessidade minha, não necessariamente seja algo que todos devemos fazer e nem que eu faça o tempo todo. Porém encerrar ciclos de forma positiva, me passa a ideia de que eu fiz algo certo.

Pode ser que eu precise trabalhar mais isso , mas enquanto não tenho uma conversa definitiva com alguém em que as duas partes falem, ou que eu não entenda completamente que alguma situação realmente acabou, eu tenho uma dificuldade horrível em seguir em frente e em esquecer. Tenho a teoria de que sou assim porque em vidas passadas deixei muitas pontas soltas e muitas situações estranhas sem resolução.

Mas a questão é que eu tento ao máximo encerrar ciclos de maneira saudável e o menos turbulenta possível, acredito que as palavras têm poder e causam impacto, ou seja, eu sou bem delicada com isso. Não significa de forma alguma que eu deixe de falar, mas eu tomo o cuidado para não ser muito grosseira quando o faço.

Quando encerramos ciclos sem que isso seja um trauma, existe uma sensação de leveza e dever cumprido e uma certeza de que seguir em frente será a melhor coisa a se fazer. E nem precisam ser ciclos extremamente importantes, mas só de tomar a decisão de seguir em frente sem remoer qualquer tipo de sentimento negativo, já tá de bom tamanho.

Não é como se eu precisasse fazer isso com todo mundo que eu encerre alguma coisa, ou em todas as situações, quando eu não dou a mínima, só apago da mente e sigo em frente sem conversa ou reflexão. Também não faço isso para e pelos outros, faço por mim, é algo tão pessoal que muitas vezes quem tá de fora não consegue entender o porque, mas cada um tem seu tempo e não cabe a nenhum de nós querer apressar ou julgar.

Sim, eu sou da filosofia que devemos conversar e refletir antes de encerrar as coisas, mas se não acontecer não me culpo por isso. Lembra que falamos sobre limites ? Encerrar ciclos também é entender que existem limites que precisamos respeitar.

Hoje eu aprendi que essa é uma das coisas que faço que me mantém com a mente saudável e que me ajudam em um tanto de questões internas. Pode ser que isso te ajude também, desatar um nó para dar um ponto final, entender o que é incomodo e tentar resolver e se não conseguir, pelo menos, saber que você tentou.

Esse texto veio como um agradecimento a um nó que eu já tinha há dois anos, que só agora longe dele consegui resolver e pra mim foi tão significativo que me ajudou a entender outras tantas situações em que estive.

Desatem seus nós, ou, pelo menos, tentem, quem sabe com a linha solta vocês acabem fazendo uma costura ou só dando um ponto final nessa peça.

A gente fez costura e demos ponto final

A gente desatou o nosso nó

Demos ponto final na nossa costura

Um sutiã preto de renda

Que não soubemos costurar direito

E por quase dois anos

Ele me apertou, o ferro me furou e a renda quase estourou

Precisávamos de tempo pra aprender o que havia de errado

E assim que descobrimos

Desatamos o nó e demos ponto final

E como uma peça de alta-costura decidimos guardá-la

Numa caixa com papel de seda, cuidadosamente

Bonita e separada de qualquer outra peça

Porque nós dois sabíamos que agora não era a hora

Pra eu vestir o sutiã preto de renda

Que costuramos para eu usar pra ti

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