Um poema por dia
Dias ruins vêm acompanhados de
Lágrimas
Dor
Lamentos
Dias ruins são como
Feridas abertas a força
A tela chuviscada da TV
Gente presa no metrô lotado
Hoje é um dia ruim
Dia 19–11
Com seus motivos ele veio
Em meio a uma tempestade de neve
Ao mesmo tempo que o tempo não passa
O tempo atropela, massacra, esmaga
Cirurgicamente abrindo uma ferida que achei estar fechada
Enquanto ela abre eu corro para dar os pontos, não posso sangrar
Eu não posso deixar a primeira gota cair
Se essa gota cai, lá estou eu sangrando rios
Me afogando e nadando contra a correnteza
Lutando contra algo que pra mim é natural
Dias ruins vêm e…
Me fazem lembrar de amar os dias bons
Me fazem pensar sobre os meus monstros
Ensinam-me que eu posso aprender a nadar
Dias ruins não são tão ruins assim
Dias ruins só não são dias bons
Eles vêm, eles vão
Eu fico
Não sou um solzinho de otimismo, pra falar a verdade eu sou bem pessimista quando o assunto sou eu,mas quando se trata dos outros eu acabo movendo céus e mares para que a pessoa perceba que ela é boa então me considero otimista com os outros.
Tenho tentado e falhado muitas vezes em aplicar esse tipo de otimismo comigo,mas antes tentar e falhar do que simplesmente me deixar levar para um estado que eu me sinto “confortável”. Então eu tenho tido dias ruins, e o natural para mim, seria entrar nessa e me deixar levar por todos os pensamentos negativos e por toda dor que eu conheço. Não tenho feito isso, eu entrei naquela de “me recuso a afundar” o que exige uma concentração gigantesca e chega a me deixar exausta, mas é o que temos pra hoje.
Não é como se eu não me sentisse mal, mas eu tento entender isso e trabalhar na minha mente Se eu acordei me sentindo um lixo, preciso entender o porque, processar essa informação e verificar se os motivos fazem ou não sentido, é claro que eu acho que eles fazem sentido mas tento pensar como alguém de fora pensaria sobre mim, e isso diminui um pouco dessa verdade absoluta.
Eu tento também não criar uma ansiedade em relação a isso, o dia ruim existe e está aí, não significa que todos os dias a seguir serão, pensar em um dia após o outro me deixa menos apreensiva.
Não me sentir culpada pela existência desse dia e de como me sinto é a parte mais exaustiva, porque foi assim que eu pensei e me senti a vida inteira, é um ciclo: Eu estou bem, mas existe algo me incomodando; então eu começo a me sentir mal; a culpa se instala, pois eu não deveria me sentir assim; e eu começo a me sentir pior; sinto mais culpa; fico pior ainda, até o momento que aquilo me consome; eu trabalho isso; fico bem, mas tem algo me incomodando.
Entenderam ? É um processo muito interno e pessoal, pode ser que algo de fora tenha engatilhado, mas é dentro de mim que existe a questão. Não é o dia que está ruim, sou eu que não estou bem.
O que eu deveria fazer era trabalhar o que está me incomodando antes que eu fique mal, entretanto algumas vezes eu não sei e quando vejo já estou mal, e é aí que eu tenho que me parar. E o autoconhecimento adquirido após cinco anos de terapia me ajuda a fazer isso( é por esse motivo que em quase 100% dos textos eu falo sobre a importância de procurar ajuda profissional),
Nem sempre eu consigo parar, e é ai que aquelas pessoas estonteantes que constituem o meu porto seguro ajudam bastante, muitas vezes sem nem saber que estão ajudando elas me dão força para continuar e tentar resolver o que naquele momento me deixa mal.
Esse texto foi sobre superar os dias ruins, mas também foi sobre entender que eles existem e que você é capaz de passar por eles. Também foi bem terapêutico escrevê-lo nesse momento.
Um dia de cada vez e estaremos mais perto de estarmos nos sentido bem.