Como as marcas utilizam nossos dados na rede

Eyxo Estratégias de Inovação
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3 min readMar 23, 2018

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Recentemente, o Facebook foi alvo de mais uma notícia envolvendo o uso da rede social para fins políticos. Desta vez, não foi sobre a propagação de Fake News. A questão agora é mais invasiva: envolve a coleta de dados dos usuários. Christopher Wylie, cientista da computação canadense, revelou como descobriu o truque para extrair do Facebook os perfis detalhados de 50 milhões de pessoas. Este material foi utilizado pela consultoria em que trabalhava, a Cambridge Analytica, nas campanhas que tiraram o Reino Unido da União Europeia — o Brexit — e levaram Donald Trump à presidência.

O funcionamento do esquema foi revelado pelo jornal The Guardian e rendeu diversos processos, tanto para a empresa de Mark Zuckerberg quanto para a agência responsável por coletar os dados. As informações foram conseguidas a partir de um teste, no qual o usuário respondia algumas perguntas para descobrir o seu ‘perfil digital’. Para isso, o usuário deveria permitir o acesso das suas informações — e, o mais surpreendente, de toda sua rede de contatos.

Acontece que a maior parte dos usuários não leu os termos e, sem ter conhecimento, disponibilizou seus dados e de seus amigos a um destinatário desconhecido — e para um uso também desconhecido.

Esses dados foram cruzados diversas vezes, revelando pontos fracos, pontos cruciais e possíveis formas de persuasão, que foram utilizados para construir os discursos que influenciaram a saída do Reino Unido do Brexit e a eleição do presidente Donald Trump.

Um exemplo desse cruzamento é, por exemplo: percebeu-se que que um alto índice de pessoas que dizem odiar Israel, amam KitKat. São informações que parecem não ter relação. Mas aí você analisa outros gostos e comportamentos desse público, cruza novos dados, e assim vai, até chegar a um denominador comum.

A ação envolvendo o Facebook não é um caso isolado. Todas as nossas interações nas redes sociais e na internet deixam rastros. Quando acessamos um site, estamos armazenando em nosso navegador cookies que servem para nos identificar aos servidores e rastrear nossa interação com aquele conteúdo. Essas informações somadas criam um perfil digital e são utilizadas para sugerir conteúdos relevantes e também para campanhas de marketing.

Esta prática de vigilância não é nova e não é exclusiva do ambiente digital. Mas a forma automática, pervasiva e invisível da coleta online de dados é o que nos faz questionar a motivação desse armazenamento. Traçar um caminho mais rápido até o trabalho utilizando o Waze, encontrar um restaurante tailandês às 21 horas em uma quarta-feira pelo Google ou solicitar um carro pelo Uber parecem atividades inofensivas mas essas ações deixam rastros e informam aos provedores do serviço. E esses, por sua vez, permitem aos detentores da informação tomarem decisões baseadas em uma vasta fonte de dados fornecidos involuntariamente.

Porém, nem toda coleta de dados é perversa.

A Coca-Cola tem um bom exemplo sobre o que é feito com dados coletados. A marca se utilizou de uma máquina de misturar refrigerantes, distribuídas em diversas regiões dos Estados Unidos. Ao utilizarem o equipamento, os usuários deixavam seus rastros de localização e preferências. Isso auxilia a Coca-Cola a definir quais sabores têm maior chances de venda em determinada região. Isso é possível graças a um sistema de big data* que sincroniza todos os dias as informações do aparelho em um servidor, atualizando em tempo real as preferências do consumidor.

*Big data pode ser descrito em termos de desafios de gerenciamento de dados que — devido aos crescentes volume, velocidade e variedade dos dados — não podem ser resolvidos com bancos de dados tradicionais. Embora haja várias definições para big data, a maioria delas inclui o conceito comumente conhecido como “três Vs” de big data: volume, variedade e velocidade.

Fonte: Amazon

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