Rogério “Caos” Duarte

h.d.mabuse
fairplay
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2 min readJul 6, 2017

27.05.2012

A música pop dos anos 60 foi o grande reduto, nos EUA, da linguagem gráfica psicodélica comercial, capas como Cheap Thrills, de Janes Joplin (ilustrada por Crumb) e os cartazes de Victor Moscoso para shows embebidos em ácido estão aí como prova. No Brasil, se existe uma imagem que é a sintese da psicodelia tropical, ela não está nas capas d’Os Mutantes (que nos melhores momentos excedem a linguagem dos anos 60) ou nas capas das bandas de garagem dos anos 60 (os fãs dos The Pop’s irão discordar), mas sim em um cartaz. O filme: Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, o designer: Rogério Duarte.

Tudo no cartaz leva ao calor abrasador do sertão nordestino. Do vermelho que ocupa quase toda superfície, sendo cortado por uma faixa superior de texto (em tipologia sem serifa, seguindo um padrão de composição moderna, que pretende quase passar desapercebida), até a imagem dos raios de sol, em amarelo e magenta (impossível não pensar no sol de dois tiros de João Cabral de Melo Neto), tudo emoldura o foco brutal do cartaz, o cangaceiro que segura o punhal com uma força quase religiosa.

Foi um dos criadores da estética tropicalista, sofreu perseguição política durante a ditadura, chegando a ser preso junto com o irmão. Além dos cartazes para Glauber Rocha (também faria Terra em Transe) sua produção abarca os grandes nomes da MPB, como Caetano Veloso (numa experiência de revival Art Nouveau), Gilberto Gil e João Donato.

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