California

Roadtrip: 12 days — 2.236 Km

Leopoldo Jereissati
Fala Man
14 min readSep 20, 2018

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Imaginávamos ver belas paisagens ao longo da viagem, mas nem perto das maravilhas naturais que de fato vimos.

A ideia desse texto é facilitar a vida de quem tiver 12 dias de férias, gostar de viajar de carro e quiser sair com uma “Big Picture” da California, literalmente!

Uma das coisas que mais gosto sobre viajar, são os acessórios. Essa mochila tá comigo há quase cinco anos, e cabe tudo. Fone de Ouvido que eu adoro, carteira que meu irmão me deu (dizem que dá azar comprar sua própria carteira…), porta passaporte que o outro irmão me deu (ser o mais novo tem suas vantagens ad-eternum) cabos, powerbanks e afins.

Nosso Roteiro começou em São Francisco (SFO), um vôo da United com conexão em Houston. Bom preço. Não sei exatamente qual era o Flight Map de Houston para SFO, mas a paisagem vista de cima já prometia um visual diferente.

Uma das coisas que mais gostamos ao viajar, é conhecer a cultura local: “O que comem, como vivem e etc..” — eu não gosto de perrengue nas férias. Por serem poucos dias no ano acho que temos que aproveitar ao máximo, mas esse Airbnb que minha mulher achou foi top: um bairro calmo, ao lado de uma estação de Metro/Trem chamada West Portal e vários restaurantezinhos gostosos, uma casa super limpa e clean, com tudo o que precisávamos. Cabe até 4 pessoas.

Link Airbnb: https://www.airbnb.com.br/rooms/15051965?location=West%20Portal%2C%20San%20Francisco%2C%20CA%2C%20United%20States&adults=4&children=0&infants=0&guests=4&toddlers=0

Não sabíamos ao certo o que fazer na cidade também. Com apenas duas noites, puxamos o Trip Advisor e umas dicas fera do casal Ostrovsky que recém tinha visitado tudo e seguimos o “arroz-feijão”: na primeira tarde teve subida em uma torre do Museu Young para ver a vista da cidade, teve Jardim Botânico, fomos em direção a Union Square (compras) e paramos para ver as “Painted Ladies” — essas casinhas vitorianas da foto. Parece puxado lendo, mas não é. Fizemos tudo de transporte público, bem tranquilo pra cima e pra baixo. Uber/Lyft são baratos também se o câmbio ajudar rs. Jantamos em um restaurante do bairro de massas, delicioso. O Yelp é mais útil para “onde comer”.

No segundo dia, fomos conhecer Alcatraz. Tem que entrar no site deles e comprar antes os ingressos pra não ter erro. É uma travessia bem rápida de barco e um passeio que valeu muito a pena.

Além de uma carga histórica importante do local, tem a questão filosófica da liberdade; do que somos capazes de fazer por ela e da tortura de Alcatraz ir muito além da parte física. A questão psicológica do “tão perto mas tão longe” que São Francisco promovia aos “hóspedes” foi algo novo que despertou. Os caras podiam ouvir a cidade, sentir o cheiro de uma fábrica de doces, podiam ver a vida passando lá fora mas não podiam escapar da “Rocha”, como era conhecida. Tem visita guiada em Português naqueles radinhos — você pega chegando lá.

O sistema era bruto: prisão raíz. De tal forma que os militares tiveram que ir adaptando/aliviando as punições a medida que a população ia descobrindo o que acontecia por ali através dos jornais locais. Mesmo em meio a tanta exposição e constrangimento, o ser humano era capaz de criar: uns pintavam, outros tocavam instrumentos, e também tinham aqueles que usavam sua criatividade para tentar escapar enquanto tudo isso acontecia. Reza a lenda que dois prisioneiros conseguiram, mas vou deixar sem spoilers por aqui para descobrirem como foi.

Na volta, entre um trecho turístico e outro, paramos nessa ruazinha charmosa, em zig-zag e toda florida: Lombard Street. Americano sabe fazer turismo #1. Quantos morros temos no país?! -Alô Prefeitos de Cidades Menores! Barato e bonito de fazer… De lá fomos ao Palace of Fine Arts e casa. Jantamos no mesmo restaurante de antes…rsrs — Turismo tem dessas.

No terceiro dia é que começou a nossa Road Trip de fato. Acordei cedo, fui até o aeroporto de Uber com meu sogro buscar o carro que alugamos. Tem uma categoria a mais aqui de “Uber Pool” que você anda algumas quadras e encontra seu Uber em uma rota existente — metade do preço, super sussa em 2 pessoas. Logo menos deve chegar no Brasa isso.

Estávamos em quatro pessoas na viagem; 2 casais. Alugamos uma Suburban 2018 pela rentalcars.com . Recomendo demais. O carro é enorme, o porta malas é gigante e considerando que você vai passar boa parte do seu tempo dentro do carro e vai a lugares que não tem ideia do terreno; melhor que seja alto, 4x4, confortável e com janelas praticamente panorâmicas — além de um tanque de quase 100 litros / baita autonomia e cheio de tecnologia.

Ps: Antes de sair, checa o óleo, calibragem dos pneus, reservatório de água e limpeza do carro. Descobrimos no meio da estrada que não dá para abrir o capô de carro alugado e tive que limpar o vidro da frente com água de copinho entre uma cidade e outra… não foi prático.

O primeiro destino, logo ao lado de São Francisco foi Sausalito. É tudo muito pequeno e rápido portanto conseguimos passar pela Golden Gate, ver a vista pelo outro lado que é linda e tem vários pontos para estacionar o carro (vale a pena subir até o ponto mais alto da estradinha) e fomos almoçar.

Americano sabe fazer turismo #2. Um pedalinho 2.0 em Sausalito pra você e sua companhia curtirem o sol sossegados. Almoçamos em um restaurante chamado Salito’s. Melhor prato da viagem: um Sea Bass com legumes feitos na brasa com um molho de limão siciliano além de um caranguejo grandão no esquema quebradeira (martelinho/quebra-nozes) das nossas praias Cearenses.

A viagem seguiu pela Costa, sentido Carmel By The Sea onde passaríamos outras duas noites. Importante nessa hora você colocar o GPS sentido CA 1 para descer pela costa do Pacífico. Se bobear na viagem você perde trechos lindos porque o GPS sugere o caminho mais rápido. O que eu fazia era colocar os nomes de cidades que ficavam ao longo da costa (Lobitos por exemplo) e aí não tinha erro.

Carmel é um mix de Campos-do-Jordão/Gramado (em relação aos centrinhos e ao clima frio de montanha) só que com uma praia larga e um condomínio lindo de casas ao redor do famoso campo de golfe de Pebble Beach — pegue a 17 Mile Drive para conhecer que vale a pena. Me chamou a atenção a enorme quantidade de galerias de arte na cidade e me veio um paralelo com Aspen — CO:

Casas Incríveis + Arte + Gastronomia e Neve (ski)= Aspen.

Casas Incríveis + Arte + Gastronomia e Praia (golf) = Carmel.

Se bobear quem tem casa em um lugar tem no outro também rs… Me chamou a atenção a variedade de madeiras. Muito bonitas.

O por do sol da praia é lindo e lento. Vale a pena a descida até lá. A água é gelada e o mar é bravo. Vale a contemplação.

Ao lado de Carmel, começa uma sequência espetacular de parques nacionais e pontos de parada na estrada sentido Big Sur. O primeiro ponto que passamos é o parque Point Lobos. Cheio de vida marinha, focas, algas e se tiver sorte: baleias. Quem for louco por baleias tem passeios para avistá-las em Monterey.

Acho que uma das coisas que me chamou a atenção foi a vida selvagem. Fauna e flora. Tem bichos para todo lado e todo tipo de bichos. Tem mar revolto, neblina, vento forte, frio e calor no mesmo dia. Tem penhascos de alturas bizarras (chega a dar frio na barriga em algumas curvas da estrada), trilhas muito tranquilas para cadeirantes inclusive e mar de cores claras e águas limpas.

A flora é muito característica. Você vê jardins naturais de suculentas por toda parte e as árvores crescem no sentido/direção do vento. Sempre que avistar carros parados, pode parar que tem coisa bonita pra ver. Paramos em um tal de Hurricane Point, logo depois da Bixbie Bridge. O vento era tão forte que quase quebrou a porta do motorista (sério mesmo) e por poucos centímetros eu não arregacei a porta de um carro vizinho ao nosso.

Em Big Sur vale uma visita até uma praia escondidinha chamada Pfiffer Beach. Fica a direita em uma entrada na estrada que parece não ser mais é. Confia no GPS rs…

Toda essa natureza tem suas vantagens e pontos de atenção. Esse filhote de cascavel apareceu no nosso caminho para nos lembrar que estávamos no lugar dos bichos e não eles no nosso. Estava escondida entre uns bancos e fomos avisados por um casal de turistas para nos cuidar.

Ficamos hospedados em um hotel beira de estrada (Big Sur River Inn). Por ser distante de tudo, são hotéis mais caros. Não vale dormir por aqui (como fizemos), quem sabe descer até Lucia valeria mais a pena. De qualquer forma, tem um hotel top para almoçar (reserve antes) chamado Post Ranch Inn, uma padaria chamada Baker com ótimas saladas e chás e um riozinho delicioso no River Inn para tomar uma a tarde, e descansar um pouco da viagem de carro (Americano sabe fazer turismo #3).

No dia seguinte tínhamos uma viagem longa para seguir: 10 horas planejadas, de Big Sur até Stovepipe em Death Valley. Tiramos o dia para isso e foi um dos pontos altos da viagem com certeza.

Os 100 Km seguintes a Big Sur são provavelmente os mais espetaculares da costa Pacífica. Você vai do nível do mar a 4.000 pés em poucos minutos e vice-versa algumas vezes. No final de tudo, fomos agraciados com uma fazenda de Mooses (imagino que era uma fazenda de caça), um monte de Zebras (sim — Zebras) em outra e um monte de Elefantes Marinhos na costa. Véi, na Boua: Orcas, Focas, Elefantes Marinhos em menos de 150 Km e que dá para ver da estrada — só aqui.

Como sempre nos acostumamos com a beleza das coisas muito rápido. O avô do meu amigo dizia:

“-Depois de 3 meses até a Sophia Loren cansa”.

A maioria segue direto pela costa até San Diego; nós cansamos da costa e entramos rumo ao Vale da Morte — Death Valley, para ver um pouco de deserto e acabamos vendo MUITO mais coisa!!

A primeira que chamou a atenção foi na região de Bakersfield. Lindas plantações de Pistaches que contrastavam com o clima seco local.

Aqui vai a segunda dica para enganar o GPS: Coloque “Lake Isabella” como destino e ele vai te jogar na estrada 178 — um dos trechos mais charmosos da viagem. Começa com esse lago abaixo e sai cortando montanhas paralelo ao curso de um rio.

Você vê de perto paisagens completamente diferentes do que estava vendo há poucas horas atrás além de uma boa dose de agricultura e pecuária local.

Vale dar uma olhada no relógio pois pegamos o último trecho da viagem a noite no deserto e com certeza perdemos algumas vistas animais, além de ficar um pouco mais perigoso — caso precisem de ajuda na estrada. Dormir em Bakersfield e sair cedo pode ser uma opção boa. Fomos direto para Stovepipe Wells.

Cara, se você teve a oportunidade de ir ao Nordeste, e sentir aquele bafo quente saindo do avião, você multiplica por 4 ou 6 e é a sensação ao descer do carro a noite em Stovepipe. Minha sogra assustou de um jeito que já sei pra onde levar ela se um dia me der trabalho rsrs. Acho que a temperatura a noite nessa época beirava os 45 graus celsius. Vale demais ir até as Dunas de Areia que ficam ao lado do hotel para ver o céu estrelado no breu absoluto (dá para ver de dentro do carro; tudo asfaltado).

Em termos de paisagem, o deserto de Mojave é estonteante. Em termos de viabilidade, uma noite e um dia é mais do que suficiente. Não conseguimos aguentar mesmo.

Stovepipe Wells é na pegada do Old West / Wild West — várias peças originais no hotel… para quem gosta de bang-bang e/ou assistiu o recém lançado West World da HBO vai adorar.

Esse é o clima do deserto. Por quilômetros você não vê ninguém mesmo. De nenhum lado. E ao mesmo tempo a planície é tão grande que você avista, mas não chega nunca no próximo ponto de parada: Badwater.

Dizem que é o ponto mais baixo da Terra — 855m abaixo do nível do mar. Na prática não muda nada, a não ser pelo calor insuportável depois das 10 da manhã. Caminhar por Badwater até a grande planície de sal me fez entender como é andar no deserto… uma imensidão, uma confusão a distância em função do ar quente que sobe do chão e um confuso mais do mesmo. Valeu a experiência.

Na volta de Badwater sentido Death Valley Junction, tem uma pequena estrada chamada Artist Road (Vale muito a pena!). Diversas cenas de Star Wars foram gravadas aqui e estou pilhado para assistir de novo esses filmes além de “The Rock” — sobre Alcatraz.

Quando você pensar que já viu tudo, estiver cansado e quiser vazar dali, dê uma parada no Zabriskie Point . Esse é o ponto mais diferente do deserto e o mais fácil de acessar…uma rápida subida pelo asfalto a pé e tchanam! Você terá essa vista abaixo. [inverter fotos]

O planejado era ficar duas noites no deserto, e a graça de estar de carro passa por esses momentos. O que fazer então? Para onde ir? Antecipar o próximo destino ou caberia alguma coisa nova agora? Na intenção de sair mais cedo do Vale da Morte percebemos que estávamos muito próximos de Las Vegas já, coisa de duas horas de carro. Totalmente sem querer. Por que não então passar uma noite em Vegas?! #Partiu ; e partimos novamente fugindo das rodovias principais e indo pelas “Vicinais”, sentido Mercury — Nevada e de lá sentido Vegas.

Curti muito no caminho essas paradas inóspitas no clima Americano. No meio do nada aparece esse ponto e você lê “Solte fogos aqui. O Maior Firecracker do Mundo — M-800” — pensei no meu amigo fã de fogos — o Rubão. E Fã de Vegas também. Já puxei todas as dicas de lá com ele.

Como tínhamos um noite não planejada por lá, foi tudo no susto mesmo. Ficamos em um hotel chamado The Linq — honesto e no meio do burburinho — Dica do Gui! Conseguimos de última hora e exaustos da viagem ver a beleza das fontes do Bellagio e assistir ao show do Cirque chamado “O”.

Cassino e Jogos nunca foram meu forte então não posso contribuir muito aqui com vocês a não ser dizer que são enormes e tecnológicos os do Caesar Palace, Bellagio e Venetian — os que passamos para conhecer.

No final da trip, já a caminho de Los Angeles fomos agraciados com um por do sol incrível e com as primeiras nuvens que vimos em alguns dias.

Foi curioso ver a mesma nuvem mudando de cor, do laranja para o rosa. Essa estrada da sono. É uma reta só, eterna, até L.A. Tem que ficar ligado porquê nessa altura da viagem os passageiros dormem em qualquer vinte minutos de carro…

Nossa viagem terminou em Malibu / Santa Monica / Venice, com direito a uma passadinha clássica no Outlet em Camarillo. Valeu pela qualidade dos alimentos na região exigida pelos locais, a tara por orgânicos que tende a chegar com tudo no nosso país também em breve além de supermercados totalmente voltados para a alimentação e produtos com qualidade superior. Além do Whole Foods, conhecemos o Sprouts e outros mercados locais excelentes além dos Farmer’s Markets tão batidos porém ainda muito mal replicados no Brasil.

Outro Airbnb que valeu a pena foi o de Venice Beach na Amoroso Place. nosso programa foi passear durante o dia por L.A e suas praias e a noite passar no mercado e comer em casa coisas super gostosas em família.

Link Airbnb: https://www.airbnb.com.br/rooms/15288407?location=Amoroso%20Place%2C%20Venice%2C%20CA%2C%20EUA&adults=4&children=0&infants=0&guests=4&toddlers=0

Isso é tudo pessoal! Espero que esse texto os ajudem a decidir o que fazer nessas próximas férias. As fotos não fazem jus a beleza dos locais. Sentimento de gratidão e de missão cumprida nesse “Screening Californiano” que nos propusemos a fazer.

Rota: 2.396 Km em 12 Dias.

Sausalito / Lobitos / Carmel / Big Sur / Bakersfield / Lake Isabella / Stovepipe Wells / Badwater / Death Valley Junction / Mercury / Las Vegas / Venice / Santa Monica / Malibu / Camarillo / Los Angeles

Chegada as 13h de SFO.

2 noites em SFO / 2 noites em Carmel / 1 Big Sur (trocaria por Lucia ou Bakersfield) / 1 Death Valley / 1 Vegas / 4 noites em Venice.

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