Pequenas grandes coisas…

Família, amigos & outros.

Leopoldo Jereissati
Fala Man
6 min readOct 14, 2018

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Minha irmã mais velha me ensinou a comer mamão no café-da-manhã quando tinha uns 7 anos. Até hoje só funciono bem no dia se o faço.

Outro irmão, antes dos meus 9 anos, me ensinou a andar de bicileta no Ceará e a levantar depois dos tombos nas curvas. Até hoje me viro bem com os tombos da vida.

Meu irmão mais velho me ensinou a interagir com outros, mesmo que estes outros não fossem da mesma “tribo” que a minha. Tinha 13 anos, todos fazíamos e tomávamos bullying de alguém da escola. Certa vez ele ouviu de canto eu criticando alguém e me deu essa lição. Vergonha de mim mesmo, mas a partir daquele dia tudo mudou: acabei dando abertura e conhecendo muita gente legal por causa disso.

Outra irmã me ensinou sem dizer nada, a amadurecer mais rápido na vida. Ela sabia que logo precisaria de mim por perto; isso desde pequeno… Graças a ela, fui sempre elogiado nesse aspecto: eu “não parecia ter a idade que tinha”.

Também tem a última pequena que chegou já há alguns anos para que eu entedesse que minha fase de caçula já era, e que chegara a hora de retribuir e ensinar algo à alguém na vida…rs

Ps: Sim, tenho muitos irmãos.

Meu Dindo me ensinou a observar. Não sei se conheço outra pessoa com tamanha leitura de ambiente tão rápido; mas quando se olha pra ele é o último que desconfia tamanha capacidade. Fez 76 anos agora no dia 12.

Minha Dinda me apresentou o papel da Matriarca. Voz doce, protetora. Só não pode mexer com a família — Ai de quem o fizer. Não tem um membro da famiglia que não a obedeça; não interessa a idade, nem gênero (ela adora uma Busca Vida).

Minha mãe me ensinou a não ter medo; mulher bonita demais ficava sozinha pelo medo dos homens de se aproximar.

Minha avó me ensinou a dançar. Dizia que ajudaria no approach nas festinhas com as damas.

Amigos mais próximos?

O Ro (esse bonzinho da foto abaixo) me ensinou como se dá um soco: enrola bem os dedos da mão para não ficar frouxo e mira com os ossinhos do indicador e médio com os punhos fechados e dá-lhe! Eu nunca cheguei a dar um, mas se precisar um dia…

Outro amigo dessa mesma época, o Macch, me ensinou a ir parando na estrada e fazendo amigos nas principais cidades entre São Paulo e Uberlândia. Imagina quanto tempo levávamos pra percorrer os mais de 540 km, e quantos amigos fizemos nessas idas e vindas. Até uma procissão a cavalo arrumamos virados de uma festa. Agradecimento especial aos anjos da guarda.

  • Rubão? Me ensinou que o melhor da vida era agora. Pra ir com tudo sempre.
  • Goias? A dar jeito em tudo.
  • Salemi? A refletir.
  • Gui? Que eu não estava sozinho nessa.
  • Held? Que quando faltasse tudo, ele iria estar. E esteve.
  • Miti? Que eu iria longe.
  • Wais? Determinação e foco.
  • Brício? Lealdade.
  • Zullo? A por os pés no chão.
  • Mendes? Afinidade é maior que o tempo e a distância.
  • Vitu? A estar sempre one-step-ahead.
  • Alberto? Ser ou não ser é um dever— ficar em cima do muro nunca. Fora uns tiros de 12 no Clube de Santana.

Ps: Viraram todos padrinhos.

  • Le? Que tudo tem seu tempo, seu ciclo de energia.
  • Fred? Que o tempo não para. Tem que subir pra poder descer, tem que descer pra poder subir.
  • Alex? Network libanês é outro nível, e percorre todos os níveis.
  • Eloy? Ser ranzinza e conservador é uma virtude hoje em dia.

Estes, entre tantos outros, só não entraram na lista de padrinhos porque o celebrante barrou. Já estávamos em 18 casais rsrs…

Ah, também tem o Mellão? Uma Entidade na minha vida; merece um texto inteiro sobre a fórmula da amizade no tempo: 30 anos de 32. Somos muito diferentes mas dependentes um do outro.

Ensinar grandes coisas pequenas não é exclusividade da família nem dos grandes amigos.

Pessoas quais não convivemos muito também tem o poder de nos ensinar.

O Usui (não o vejo a mais de 10 anos) me ensinou a forma correta de lavar as mãos em uma viagem chamada “Meus15 anos na Europa” — da então Stella Barros; Descobri que era a forma correta na pia de um hospital, no passo a passo de um adesivo, ao visitar alguém muito tempo depois; Japa esperto.

O Kauê, de Cajamar, também o conheci nessa trip. Em Paris, me ensinou que nossa família começa de você para a frente (cônjuge): para trás é a família do seus pais. Para frente, está nas suas mãos onde e com quem decidir se enroscar. Não o vejo também há muito tempo também mas consegui achar essa foto.

Por fim, o ambiente de trabalho é cheio de pequenos aprendizados também.

Durante estágio na “finada” Editora Abril em 2006 — quem diria — tinha um chefe que me ensinou a trabalhar duro.

O Osmar me passava 8 tarefas de cada 10 da área para fazer. Duas ele distribuia para a outra estagiária. Quando reclamei ele me perguntou:

-O viadinho, onde você quer chegar?

-Longe! Eu respondi.

-Então vai ter que aprender a ralar porra!

Estágio raíz… sem “mi mi mi”, 8 a 9 horas por dia até as 18h, facul a noite até as 23h, Armazém e Santa Aldeia (pagodão nervoso 3as e 5as) até 5h da manhã e recomeçava todo o ciclo. Dormir pra quê?! Dormia no carro na hora do almoço…

Pode parecer besteira mas a vida é isso. Cheia de pequenos gestos que somados formaram quem somos hoje.

Sempre que puder ensinar algo a alguém, faça. Pode ser um pequeno esforço para você, mas um grande aprendizado para o outro.

Quando puder espalhar o bem, espalhe. O mundo está precisando.

Fazer o outro sorrir é um poder que todos nós temos. Faça.

Dê chance ao acaso. 80% de tudo está fora do nosso controle. Kibon.

Ps: Se não aproveitar nada disso; tudo bem... agora você já sabe: lavo minhas mãos.

Ps2: quem será que me ensinou a Dança do Chuveiro?

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