PSG 23/24

Leopoldo Jereissati
Fala Man
Published in
3 min readJun 4, 2023

P.aris S.em G.raça

Tava vendo o Messi ontem em seu último jogo pelo PSG. Como que pode a torcida vaiar um cara desses?! Nos dois anos que ficou no clube, o título francês veio. Eles estão tão mal acostumados, que dão como básico vencer a liga nacional a cada ano; se esqueceram rápido da era Juninho Pernambucano.

Nessa temporada, Messi fez mais de 30 gols e deu não sei quantas assistências. Um esportista exemplar, um “aligenígena” exemplar (ele não é humano)… O cara conquistou o mundo pelo seu país e a alegria dos argentinos comemorando o título mundial naquela praça me lembrou, com nostalgia, nosso povo comemorando as vitórias de Ayrton Senna pelo contexto. Onde há poucos motivos político-econômicos para sorrir, surge a figura de um herói para as cabeças escaparem: permissão para sonhar, comemorar, ter autoestima, ter esperança e ter um motivo para nos agarrarmos.

Acho que nada disso passa pela visão relativa e recente da mimada torcida do PSG. Com uma fortuna disponível e sem fim, o Sheik deu um shake na história desse campeonato que — ao menos globalmente — não tinha audiência nenhuma, era sem graça e sem craques de expressão. Fizeram, como o árabe gosta, a maior negociação da história do futebol trazendo o Neymar. Nós brasileiros, por essa razão, passamos a transmitir e a assistir a Ligue 1.

Com todas as dúvidas em relação a tomada de decisão do jogador brasileiro, se fora acertada ou a pior que podia ter tomado em sua carreira, Adulto Ney levou o time francês à uma final da Champions League além de vários troféus no caminho. Não deu para ganhar? Não deu. Nem tendo em campo o maior jogador brasileiro e o francês em atuação, naquele ano. Aí ao invés de formar um time e dar tempo ao tempo, convenceram o maior jogador da história recente — o argentino — a se juntar na maior frustração de todas: o trio MMN. O que era para ser um revival do MSN do Barça com Suarez, virou um belo de um “Ciri com Toddy”.

Talvez em dois meses, Messi estará no futebol árabe ou americano, Neymar no inglês e Mbappé fora também da França em outra liga. “Do nada”, PSG e Ligue 1 voltarão a ser sem graça, sem craques e sem audiência de novo.

To trazendo o futebol aqui mas meu desejo mesmo é falar sobre miopia e como esquecemos de agradecer o que temos todos os dias e resmungamos como crianças manhosas por mais, mais e mais. Pelo o que o outro tem e pelo diferente do que somos.

Hoje está um sol lindo. Poder ir tomar sol (saúde), poder ir acompanhado com sua esposa (amor), poder ir com seu filho (família) no parque (natureza) correr, jogar bola (esporte), se encontrar ao acaso com pessoas e familiares, voltar para a casa e por o filhote para tirar uma soneca (segurança). Poder almoçar uma massinha alho e óleo com galeto e farofa (matar a fome), e depois poder ir ao encontro de uma prima que comemora seu aniversário (celebrar).

Poder é mobilidade — note quantas vezes o “ir” apareceu no parágrafo acima. O Messi decidiu ir embora. Que me perdoem os fãs do PSG mas vamos com ele, com Neymar e com o Mbappé para ligas mais interessantes e com mais pés-no-chão.

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