Sobre Nós…

…e a polinização cruzada*.

Leopoldo Jereissati
Fala Man
7 min readApr 4, 2019

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Aconteceu nessa semana em São Paulo o Encontro Nacional de Líderes B. É sobre o jeito B de fazer as coisas que aqui vamos falar um pouco. #textão

Vista linda do Bairro do Morumbi (Cosy)

Há dois meses atrás, fui convidado pelo conselho e membros executivos do Sistema B Brasil para Co-criarmos esse encontro. No We-Work Butantã, em uma salinha super descolada, rolou uma dos momentos mais divertidos do ano — Éramos Seis no invite:

  1. Uma gaúcha determinada, dona de uma agência de eventos com um método super inovador de fazer acontecer. Ela conduzia a reunião — o marido não pode ir pois ficou em casa com o bebê (acostumem-se);
Designdeeventos.com.br

2. Uma carioca extrovertida (desculpe a redundância) que não cabia em si de tanta alegria pelo projeto dela estar nascendo;

3. Uma paulista focada em garantir que esse novo encontro fosse melhor que todos os anteriores — ela é a futura-ex-atual peça-chave dos paranauê lá dentro;

4. O fera do marketing, que tinha bebemorado o aniversário dele na noite anterior e tava só em corpo presente no dia; mais do que justificado e merecido — brincadeiras a parte, um cara que põe o coração no que faz.

5. Uma catarinense cheia de energia que leva a vida pelo copo cheio e que elevou a discussão para outra dimensão: a 5a se não me engano.

https://lecocq.wordpress.com/2019/01/29/a-5a-dimensao-esta-aqui/

6. E Eu… para tentar promover um caminho do meio** entre fazer network e gerar negócios de um lado, e curtir a experiência e trocar sem querer nada em troca do outro — um pouco dessa loucura que é empreender.

2 MESES DEPOIS…

Varal de Fotos com tod@s Empresári@s B Certificad@s

A coerência do evento começou na horizontalidade das relações como um todo. O varal de fotos com os convidados logo na chegada do restaurante e o ambiente tranquilo durante o jantar deixaram as pessoas abertas para trocar experiências enquanto um delicioso quebra gelo em formato de bingo nos puxava para fora da zona de conforto; acabamos conhecendo geral.

Perpassando*** para o dia seguinte, a manhã começou com uma boa dose de meditação com a filosofia das artes marciais envolvida. Eu sei, parece estranho, mas a medida que o exercício ia evoluindo, ia ficando mais fácil — pelo menos para mim — de por para fora uma força interna que muitas vezes acabamos tendo que controlar pelo contexto, entre várias outras metáforas aprendidas. Na prática, eu suava para ficar apenas com o meu pé esquerdo como pé de apoio no chão enquanto as nega do meu lado quase levitavam: Ichi, ni, san, shi, go, roku, hichi, hachi, kyu, JU! Pelo menos aprendi a contar até dez em japonês.

A abertura formal das palestras começou com um depoimento pessoal do presidente do Sistema B Brasil abrindo para nós uma história íntima, que ele nunca havia compartilhado em público: um convite explícito e corajoso à nos abrirmos para o que estaria por vir.

Na sequência, entrou um escritor e comunicador super competente que nos ensinou boas práticas de comunicação e métodos para melhorarmos nossos pitches por aí. Também foi feito um convite para que outras pessoas compartilhassem suas histórias conosco… e assim começaram a surgir personagens incríveis: as pessoas por trás dos empresários.

O primeiro a pegar o microfone foi um rapaz nascido em uma parcela privilegiada — 0,01% do país — relatando sua primeira visita à uma favela, já adulto, defronte a vida como ela é. Sua percepção, principalmente sua relação com a felicidade mudou ao ver uma mulher muito feliz e contente por lá, mesmo vivendo em condições precárias. Conclusão de que somos parecidos e temos sonhos e intenções semelhantes, independentemente do nosso momento ou realidade material.

A segunda a pegar o microfone, de uma forma muito sincera, relatou suas dificuldades na infância de ser compreendida e de se sentir parte. “Eu era uma criança feia, muito esquisita. Usava óculos de garrafa, tinha 9 graus de miopia. Sofri demais com bullying, quando bullying nem existia ainda”. Não sei se por vontade ou por necessidade, esse patinho feio virou Mulher Maravilha, de feia não tem mais nada, nem por dentro e nem por fora: uma pessoa de uma alegria contagiante.

No gancho dos “9 graus de miopia” citados, entrou um empresário em cena dividindo uma história muito bonita sobre uma criança carente apoiada por seu projeto social, que assim como a moça da história anterior, fora mal compreendida pela sociedade por ser diferente. No caso aqui, família e amigos do menino acreditavam que ele pudesse ser autista, em função do comportamento dele à época, quando na verdade o que ele tinha depois de diagnosticado pelo neuro, eram apenas 9 graus de miopia — um pequeno ato clínico permitiu com que o garoto enxergasse e mudasse de vida graças ao projeto social do cara.

Daí entrou uma Bi-Campeã Mundial de Volei, trazendo um paralelo entre a vida de atleta e a de um@ empres@ri@ B — No fundo são pessoas muito diferentes com um objetivo comum: a vitória / zelar pelo triplo impacto (econômico, social e ambiental). Depois, veio um cara mais velho, figuraça, de forma muito honesta dizendo: “Olha, vou ser sincero com vocês aqui. Eu não tive que abrir mão de nada, eu não fiz muita coisa pra tirar o certificado, eu sou um baita de um sortudo mesmo. Passei 56 anos da minha vida como um rio. Nasci lá em cima, quando encontrava uma pedra desviava, chegando na parte plana fazia curvas mais longas… não sabia quando ia dar no mar, só sabia que esse dia chegaria”. A vida dele ia no automático e deu uma guinada há 8 anos quando talvez por sorte, como ele colocou, deu de cara com uma empresa cheia de propósito que de alguma forma transformou o olhar dele sobre tudo, e que nunca é tarde para isso.

A última história veio de uma senhora elegante, que abriu seu discurso com muita propriedade e uma frase tão sólida que levei alguns minutos para engatar no contexto de novo. Ela disse: “Olha, eu nesse momento da minha vida (melhor idade) tenho a obrigação de perder a timidez”. Óia a vida nos ensinando aqui travêis…

Já pela tarde, escutamos referências no mercado qual admiramos muito: Fundador da Mãe Terra falando sobre cultura e o processo de M&A com a Unilever, representante da Laureate discorrendo sobre reciclagem de eletrônicos no modelo de economia circular, iniciativas entre Mercado Financeiro e Incorporadoras (3 empresas B envolvidas) para Reforma nos lares nas favelas e a necessidade de não aceitar “não” como resposta… muita muita coisa legal aqui.

Gôndola B — Um pequeno passo gigante. Ansioso para tirar daqui 5 anos essa foto novamente.

Meu telefone não parava de tocar… dia inteiro fora do office… whatsapp, ligação não atendida, caixa-postal com mensagem (não sei quem ainda usa isso)… cheguei na Flavinha (a carioca extrovertida e idealizadora do projeto) e perguntei: posso vazar antes ? — ansioso para por as coisas da agência em dia...

-NÃO! Enfática.

E foi ótimo eu ter ficado.

O dia encerrou com uma dinâmica super legal, em que cada um da sua maneira, ocupava 4 dos 5 lugares disponíveis em um grande círculo, para falar o que acreditava que pudesse ser feito para que o movimento empresarial B crescesse de forma construtiva.

O Encontro nasceu com o intuito da organização de promover uma série de coisas boas colocando empresári@s certificad@s e Comunidade B em contato. Acho que mais do que isso, as dinâmicas nos colocaram em contato com nós mesmos. Um super obrigado ao Sistema B e aos patrocinadores pelo dia de hoje.

Líderes B 2019

Conheça o Sistema B: https://bimpactassessment.net/

Glossário: Sempre surgem palavras e terminologias novas nesses rolês… muito característicos do grupo…A gente nem entendeu direito e já sai replicando…

* Polinização Cruzada: termo utilizado para justificar a saída de um grupo de discussão ao não ter se conectado com o assunto e com as pessoas naquele momento. Válido para Grupos de Whastapp também.

**Caminho do Meio: nem pra lá e nem para cá. Equilíbrio. Umas paradas budistas que funcionam benzão no mundo corporativo.

***Perpassar: verbo transitivo indireto. Oração subordinada terminada em ar. Passar por.

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