Suas Escolhas

Leopoldo Jereissati
Fala Man
Published in
4 min readNov 30, 2020

São pequenas as que promovem guinadas na sua vida.

Tava pensando aqui como cada pequena escolha que fazemos no dia a dia muda completamente o rumo das coisas. Hoje, domingo 29/11/20, apareceu na churrasqueira de casa o pequeno Martim com quase um ano de vida. O libanesinho com a língua para fora e cachinhos na cabeça é filho fruto do amor de um casal de amigos cujo destino foi selado por um selinho em um bloco de rua 9 anos atrás. Que que tem a ver uma coisa com a outra?! Foi nessa mesma churrasqueira, também em um domingo que escolhemos — eu, o então futuro pai do Martim e mais um amigo dele — sairmos debaixo de chuva forte e cair na gandaia naquele bendito bloco na Paulista; nada além.

Movimento de Rua (6 anos) — Multicase — Al. Casa Branca Fev/2011

A mãe do Martim, por coincidência, trabalhou na Sadia; empresa que escolhi trabalhar pelo programa de trainees de 2008. Essa escolha foi minha chance de fazer um intercâmbio remunerado pelo Brasil e ir para lugares que nunca imaginei que passaria por: Várzea Grande (MT), Toledo (PR), Foz do Iguaçú (PR), Paranaguá (PR), Ponta Grossa (PR), Chapecó (SC) entre outras tantas cidades. Um dos pontos de parada foi Concórdia (SC) e escolher conversar com uma moça bonita passando a pé pela rua me trouxe hoje minha grande companheira e amor, a minha esposa.

Dá para dizer de forma direta e indireta que escolher minha esposa veio do fato de eu ter escolhido a Sadia que veio da minha escolha de fazer estágio na Editora Abril dois anos antes. Sem essa experiência eu não saberia que raios eram os trainees e a importância dessa porta de entrada nas empresas. Não teria ido para a Abril se não tivesse um ano antes ido para a Disney trabalhar durante 3 meses como pipoqueiro e sorveteiro. Não teria ido para Disney se não fosse pelo meu amigo recente do primeiro semestre da ESPM, o Gui, ter me convidado para. Sem a ESPM eu não teria ido para área de marketing e conhecido a demanda que hoje é base do negócio da minha agência.

Ou teria?

Eu não teria feito ESPM se eu tivesse passado na segunda fase da FGV. Será que eu seria banker hoje em dia? Trabalharia nos negócios da família? Será que teria sido melhor se isso ou aquilo tivesse rumado para outra direção?

Olha, o capítulo 17 da 4a temporada do This is Us dá uma aula sobre o efeito prático do “Se”. Para quem não assistiu ainda essa série e gosta do contexto de família é imperdível. Sobre esse episódio especificamente, sem dar spoiler algum, na hipótese de poder regressar sua vida desde o início e escolher dar rumos diferentes para as coisas, o personagem Randall vai encaixando cada situação que estava fora do lugar atualmente no local onde ele imaginara ser o ideal. A medida que a remontagem da história de vida dele vai fluindo, durante uma sessão de terapia, ao mesmo tempo que a gente vai se encantando com as possibilidades a gente vai percebendo o distanciamento que aquele enredo novo vai trazendo daquilo que mais nos aproxima do personagem que é sua história de vida original, para bem ou para mal. “Torna-te quem és” dizia Nietzsche e Guimarães Rosa. Também disse o autor dessa série nesse episódio do Randall.

Randall — This is Us

A verdade é que a gente a cada pequena decisão e escolha feita, por nós e pelos outros, vamos nos moldando, nos formando e nos expondo à situações quais nos fizeram chegar onde estamos como estamos. Poderia ter sido melhor? Talvez. Pior? Talvez. Diferente? Certo que sim. Não faz sentido pela complexidade dos enredos, dos fatores controláveis e externos ao nosso controle pensar e ficar preso na hipótese de que só seria melhor e mais confortável a partir da base atual que lhe convém da sua própria história. Despertou?

O que nos resta? O presente.

Não há nada a temer se o que fizer hoje for de boa índole e bom feitio. Nessa toada olharás para trás com orgulho do que fizera e para frente com a tranquilidade de quem sabe que está fazendo a coisa certa.

Ps: Meu presente de natal para você: escolha imóveis com pés direitos mais altos. Foi o amigo do pai do Martim — que não voltou aqui em casa ainda — que me ensinou essa. Saudades coisa Linden! #OrganizaAí

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