Como fantasiar sobre tudo criou medos reais em mim

Amanda
Fale com Elas
Published in
4 min readSep 14, 2018

Minha história de identificação com o filme “Para todos os garotos que já amei”

É óbvio que eu fantasio sobre tudo na minha vida, afinal, foi colocando tudo isso em um papel que eu descobri que queria ser escritora. Só que é muito mais romântico na tela do cinema do que quando acontece com você. Digo isso porque assisti “Para todos os garotos que já amei” recentemente e a cada cinco minutos meu amigos chamavam minha atenção para o quanto eu sou parecida com a personagem principal. Não sei se você assistiu o filme, mas na vida real, ser assim não te faz namorar o cara dos seus sonhos. Pelo contrário.

Viver na fantasia é só isso mesmo. Viver em um mundo que não é real só te faz perder tudo sobre o que está lá fora.

Vamos falar um pouco sobre a história do filme que acabou alavancando todos os pensamentos que vão preencher esse texto. Lara Jean é uma adolescente em seu último ano da escola que ama ler romances e se imagina em todos eles. Para todos os crushes que teve escreveu uma carta de amor e nunca demonstrou ou falou nada sobre isso pra ninguém. Até o dia em que essas cartas são misteriosamente enviadas e todos aqueles caras ficam sabendo dos sentimentos dela.

Eu tinha o maior crush num garoto que nem sabia que eu existia

Meus diários guardam todos os sentimentos secretos que venho escondendo desde que senti aquela primeira pontada na boca do estômago por alguém. Na época, era o garoto baixinho de cabelo preto que ia na vã sentado do meu lado. Depois vieram muitos outros, os quais eu apenas admirava de longe, sem saber o que fazer, achando que esconder tudo era a melhor opção. Tudo bem vai, quando se tem 15 anos é bem difícil tomar uma atitude, ainda mais se você for a garota tímida e estranha que eu era. Adicione a isso, escritora de fanfiques e leitora assídua de Meg Cabot. Tá tudo bem ler Meg Cabot e escrever fanfiques, o problema é viver nessas histórias. Que é exatamente o que eu ainda faço.

No auge dos meus dezesseis e cheia de amores pelo cara alto e inteligente da sala, eu achava que crescer vinha com autoconfiança e com a resolução simplificada de todos os problemas que há. Bom, eu cresci. Oito anos depois e eu continuo esperando que uma luz divina me envolva e me mostre todos os caminhos.

Perguntei para os meus amigos porque eles me identificaram tanto com Lara Jean e cada resposta foi um tapa na cara, mas resumidamente é o seguinte: eu me escondo. Eu não confio nada no meu potencial em ser interessante e por isso toda vez que eu gosto de alguém eu simplesmente não deixo acontecer. Antes eu achava que não dava certo porque ninguém gostava de mim o suficiente para querer namorar comigo, ou ter qualquer outro tipo de envolvimento romântico. Só que pensando bem, nos últimos quatro anos, houve sim gente que se interessou. Teve o garoto que me mandou um correio elegante e eu (deselegantemente!) ignorei. O mocinho que já tinha me visto inúmeras vezes pela faculdade e que, adivinhem, eu também ignorei. Entre outros que eu deixei passar sob o pretexto idiota de “mas não era ele que eu queria que gostasse de mim!”. A real é que nunca vai ser. Qual a chance de duas pessoas que se conhecem muito pouco sentirem o mesmo uma pela outra e ainda admitirem isso sem medo de parecerem tontas? Todo mundo tem inseguranças, poucas são as pessoas confiantes o suficiente para fazerem demonstrar sentimentos ser algo natural e fácil. Então, eu não deveria estar esperando aparecer um Peter Kavinsky na minha vida e propor um namoro fake comigo. Fantasiar sobre tudo criou medos reais em mim, como o de entrar em alguma coisa que não seja tão romântica quanto os romances que eu crio na minha cabeça, porque seria frustrante.

Você não pode só continuar sentada no seu quarto escrevendo cartas de amor. Você tem que contar pras pessoas como você se sente e quando você sente

Não vai acontecer enquanto eu não deixar acontecer. E isso implica parar de querer a pessoa perfeita(porque os únicos caras perfeitos que há são Harry Styles e Peter Kavinsky e todo mundo sabe disso), dar chances para as que surgirem no caminho e não deixar que aquelas que você realmente gosta escapem. Não tô falando nem em escrever cartas de amor se declarando, mas demonstrar, deixar a pessoa perceber seu interesse, mais do que isso, se deixar ser interessada por alguém. Mesmo e principalmente se a pessoa em questão não for aquela dos seus sonhos, com as quais você se fantasia tendo um jantar romântico ao som de Taylor Swift.

Então, depois de tanto falatório eu só queria mesmo era dizer isso: ame e deixe-se ser amada.

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Amanda
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Redatora, tradutora e professora de inglês. Aqui: @fale-com-elas-e-sobre-elas e @revistahelenas , IG @clubedochorolivre -rtorres.amanda@gmail.com para serviços