Eu amo você, Luiz.

Bia.
Fale com Elas
Published in
4 min readMay 24, 2017

Vocês já viram The Office? Num episódio Michael Scott, o chefe do escritório interpretado por Steve Carell, achava que estava com herpes e, assim, foi avisar para suas ex’s sobre a sua doença. Revisitando este lugar, falou com sua mais recente ex. Após ter avisado a todas sobre o que tinha acontecido (que na verdade, era apenas uma suspeita), ele retornou a esta e, pela mensagem eletrônica, revelou que de todas que havia falado ela foi a única que, de fato, ele sentiu alguma coisa. E é com este exemplo que começo este conto.

Foi meu primeiro encontro depois de tanto tempo, 6 meses, conto nos dedos. Peguei minha melhor calcinha, aquela cara que comprei outro dia na Forever 21, e meu sutiã mais bonito (comprado na Loungerie, bem desconfortável, porém com detalhes dourados sobre o preto que deixava o sexy). Me depilei, pensei na roupa e no meu cabelo. Há quanto tempo não passava por isso, confesso que a ideia me empolgava mais do que o cara que encontraria.

Às 20h30min em ponto lá estava ele. Não era o meu tipo, muito loiro, muito magro, mas de todo era bem bonitinho. Conversamos, meio que para tentar conhecer um ao outro. Somos de culturas diferentes, eu brasileira e ele canadense, de Toronto. Seu nome era Thomas, tinha 31 e era engenheiro mecânico. Estávamos sentados num bar que não iria com amigos, mas foi bom conhecer este novo ambiente. Após muitos silêncios de pessoas que queriam se beijar logo mas não sabiam como, quase ao final e na praia encostamos nossos lábios. Depois transamos no seu sofá branco e na sua cama de concha vermelha confortável de lã. Ao terminar, me vesti e me despedi.

Antes de encontra-lo, matei o tempo na livraria Travessa do Shopping Leblon. Ao entrar, me direcionei a um stand de livros de artes e logo estava com um na mão (do Edgar Degas) com uma excitação que há tempos não tinha, a de um livro novo na promoção. Parada e passando os olhos pelos outros livros que estavam a minha frente, me lembrou de encontros passados e da boa sensação que sempre tive de mostrar algo que gosto para quem estivesse comigo. De quando vamos para um lugar para comer para conhecer novos sabores. Do ritual de me enfeitar e ficar cheirosa para quem eu vou beijar mais tarde.

Há um tempo eu gostaria de alguém que preenchesse minhas tardes de domingo. Qualquer pessoa, não importasse a cara e sua alma. Hoje percebo que não é isso que quero. Mudamos, certo? Afinal, ultimamente quero um respiro e tédio em dias dominicais. Quero fazer tudo isso com você, Luiz. Isso, exatamente. Eu quero ir à livraria contigo e mostrar os meus pintores favoritos, quero andar na praia de mãos dadas, quero comer em algum lugar da sua cultura, tão diferente da minha. Você gosta de mim, eu sei. Mas mesmo dizendo que está entrelaçado, eu só enxergo o pouco que você me dá porque assim está bom para ti.

Eu quero ser um casal contigo. Enquanto estava com minhas pernas entre as de Thomas na quarta à noite, queria que fosse você dormindo do meu lado e que as mãos que estavam acariciando minha pele fossem as suas. E confesso que queria que o pau que estava entrando em mim às 23h54min fosse o seu.

Eu quero mais da gente, sempre quis isso. Mas achava que poderia ser preenchido com qualquer um. Não, não pode. Tarde demais para achar qualquer amor para substituir o seu. E nem é ilusão, porque sei bem como você é. Não acho que você me ama e nem acho que você vai abandonar tudo para ficar comigo, caso eu viaje para a Argentina. Eu gosto de você pelo que você é, pela pessoa cheias de defeitos que você é.

Vai passar este amor. Daqui a 3 anos, quando estiver conversando sobre o meu 2017 provavelmente citarei seu nome com um sorriso, uma lembrança e talvez com um “não sei por onde ele está” acompanhado com uma saudade de quando eu corria atrás de você pela rede social da moda desta época. Não acho mesmo que você pode me dar o que este menino, Thomas, pode me oferecer. O amor e a vontade de estar comigo que você claramente não tem. Mas eu não o quero, como não quis o Paulo nem o Marco. Vai passar e daqui a pouco este texto não será mais a minha verdade. Torço para este dia, na verdade.

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Bia.
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Ilustradora que dá bico de escritora. Não dou conselhos nem respondo cantadas. Gostou de algum texto meu? Comente nele.