O sentimento de nunca ter sido amada

Amanda
Fale com Elas
Published in
3 min readJan 7, 2019

Como os caras/as minas também, parecem nunca se interessar por mim

Eu sou romântica. Eu romantizo, fantasio, sonho alto. Eventualmente eu percebo que não passava da minha própria imaginação. Talvez, sim, isso venha ajudando bastante nesse processo de me tornar uma pessoa, segura essa frase (nossasenhoraquehorror!), “frustrada no amor”.

Eu ainda sou muito nova, você vai dizer, ok, ok, estou ciente disso, mas espera para ouvir a minha história, aí vai ficar mais fácil de entender o porquê de eu já ter chegado nesse ponto.

Eu encontro pessoas legais, pessoas com quem gosto de passar horas conversando, pelas quais, também, me sinto atraída fisicamente, pessoas que batem com meus gostos de filmes e livros, com meu humor. A gente começa a ser dar bem, eu percebo ali um potencial parceiro pra um Netflix sábado a noite, então vem aquela uma semaninha na qual eu acho que “vai que”, afinal, a gente parece combinar. Aí eu passo pelo processo de achar que a pessoa está soltando sinais por aí, e há quem me apoie nisso, hein. Tudo vira sinal do universo, por mais ridículo que ele seja seja.

Em algum momento eu sou convencida de que devo expor meus sentimentos pra pessoa. Eis que a resposta, já faz vinte e quatro anos, é a mesma “eu gosto muito de você, mas como amigo”. Eu choro por um tempo, digo que nunca mais vou gostar de ninguém, até vir o próximo e acontecer tudo de novo.

Nunca vi essa história se repetir entre meus amigos, pelo contrário, todos eles, e elas, sempre obtiverem muito sucesso no campo amoroso. Os que não namoravam, sempre estavam com alguém; os que terminavam sempre tinham um outro alguém esperando por eles.

Por conta de tantos nãos comecei a me questionar sobre minha personalidade. Vai ver sou muito chata, meu papo é entediante, minha aparência não é agradável aos olhos. Por qual motivo ninguém se interessava por mim? Ninguém se interessa, aliás, porque isso ainda é um fato presente.

Sinto muito tê-la(lo) feito ler tudo isso pra chegar aqui e não ter resposta nenhuma. Considere este texto um desabafo, porque dói, sabe? Não é que eu precise de alguém, não é isso, eu só queria me sentir amada. De um jeito especial, por alguém especial, que eu também goste. Amor de família e amigos eu tenho aos montes, mas porque todo mundo pode ter aquele aconchegozinho das borboletas no estômago e eu não? Era só isso que eu queria, saber. Só queria muito que alguém sorrisse quando lembrasse do meu sorriso, que o coração dessa pessoa acelerasse quando me visse.

Eu estou bem comigo mesma, eu me amo, eu leio pra mim, tomo chá, me alimento bem, eu vou para festas, eu viajo, conheço gente, faço uns exercícios de vez em quando, bebo umas breja, uns bons drinks, dou muita risada e faço piadas tontas. Tá tudo bem com a minha auto estima, minha vida tá nos eixos e eu tenho muitos sonhos. Não tem nada a ver com aquele papo de “se amar primeiro”, mas receber tanta negativa te faz chegar num ponto em que você começa a acreditar que, talvez, você realmente não valha a pena.

Tento pensar que o mundo em que eu vivo é muito limitado pro tamanho de mundo que tem lá fora, que lá fora tá o meu match, mas e se não estiver? Por quanto tempo vou ser obrigada a me dar essa desculpa de consolo?

Depois de vinte e quatro anos esperando, acho que nada mais justo do que eu viver a minha própria comédia romântica. Que 2019 escute isso e se simpatize com a minha causa.

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Amanda
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Redatora, tradutora e professora de inglês. Aqui: @fale-com-elas-e-sobre-elas e @revistahelenas , IG @clubedochorolivre -rtorres.amanda@gmail.com para serviços