O verdadeiro ato de amor próprio foi parar de lutar contra a insônia
Fazer o que fosse possível para ignorá-la era devotar mais ao sistema sanguinário do que a vida em essência
O verdadeiro ato de amor próprio foi parar de lutar contra a insônia. Afinal, mensurou, fazer o que fosse possível para ignorá-la era devotar mais ao sistema sanguinário do que a vida em essência.
Não é a qualquer noite em que se agarra um lampejo de lucidez criativa, como se fosse um anjo dentro de uma bolha de sabão. A chispa custará horas de produtividade no dia seguinte. Ora, veja bem, produtividade paga boleto, mas não nutre a alma. Equilibremos, dizem por aí. Rimos muito.
Se é sobre aquilo que nos nutre e nos faz estar em contato com a semente, então é sobre conseguir sentir o vento na nuca em plena vigília.
O roteiro da manhã seguinte poderia passar batido: outra noite amassando o lençol e monitorando a própria respiração. Segunda opção: há muito tempo não se vivia um episódio do tipo, acolhendo as horas misteriosas e se apoderando de cada minuto que poderia ser de sonho ou pesadelo para canalizar uma energia cintilante que há anos não visitava.
Há vezes em que um punhado de parágrafos descalibrados são suficientes para inventariar e firmar contrato com a essência, que nem sempre tem plena consciência dos efeitos sistêmicos putrefátricos sob a sua resplandecência.